Governo vai realizar primeiro leilão de hidrogénio no início de 2021
A seguir ao leilão, a produção de hidrogénio verde poderá começar no terreno no final do próximo ano ou no início de 2022.
O Governo vai realizar já no início do próximo ano o primeiro leilão para a produção de hidrogénio verde, revelou João Galamba, secretário de Estado da Energia, ao ECO/Capital Verde, explicando que “dificilmente conseguiremos fazê-lo ainda este ano”. A seguir a este leilão, a produção de hidrogénio verde poderá começar no terreno no final de 2021 ou início de 2022.
“Teremos um envelope financeiro para atribuir, um volume total de hidrogénio que queremos apoiar e faremos um leilão”, disse o responsável da pasta da Energia. A atribuição desde envelope de 500 milhões, até 2030, será através de um “mecanismo totalmente concorrencial”.
De acordo com a Estratégia Nacional para o Hidrogénio, os apoios públicos rondarão os 900 milhões ao longo de 10 anos, dos quais 500 milhões através do Fundo Ambiental, via leilão, para cobrir o sobrecusto e apoiar a produção e o preço do hidrogénio associado aos 2 GW de potência instalada. E ainda mais 400 milhões de fundos comunitários para apoiar diretamente o investimento: 40 milhões do POSEUR e 360 milhões do Portugal 20-30. “Seja nos apoio ao investimento ou à produção, todos os fundos serão atribuídos por via concorrencial”, frisou.
Quanto aos kg de hidrogénio verde que serão leiloados, Galamba remete para a versão final da Estratégia Nacional para o Hidrogénio que será tornada pública na próxima semana, depois de aprovada em Conselho de Ministros. Lá estará descriminado o “peso da produção de hidrogénio necessário cumprir as metas no mix energético nacional: entre 1 e 5% até 2025 e de 10 a 15% até 2030. São os kg implícitos nessas mesmas metas”, disse.
“Queremos usar a experiência dos leilões do solar. Vão ser mecanismos com base em leilão para atribuir determinados volumes de hidrogénio. Imaginemos que até 2023 queremos apoiar um determinado número de milhares de toneladas. Faremos um leilão para eleger projetos até essa quantidade exata que queremos produzir. O preço referência será com base na melhor estimativa que consigamos fazer de quais são os custos de produção. E depois fazemos um leilão, tal como no solar. Será plenamente concorrencial e logo por aí garanto a inexistência de rendas excessivas”, disse Galamba.
Numa sessão de esclarecimento com a indústria, e perante as preocupações levantadas pela Confederação Empresarial de Portugal com a necessidade de investimentos avultados no hidrogénio, o gabinete do secretário de Estado da Energia tinha mencionado “futuros leilões de hidrogénio, que terão em conta as preocupações das empresas” e poderão mesmo vir a beneficiá-las. Sobre o preço do hidrogénio, foi garantido que não deverá ser um encargo para os consumidores e garantido a “paridade” de valor com o gás natural a curto prazo.
O tema do hidrogénio esteve na passada sexta-feira em destaque no debate do Estado da Nação, com o presidente do PSD, Rui Rio, a defender que a aposta no hidrogénio pode ser um projeto “extremamente perigoso” por se tratar de uma “tecnologia ainda muito atrasada”. O primeiro-ministro António Costa garantiu que a aposta do Governo português no hidrogénio verde não vai gerar novas rendas excessivas no setor da eletricidade, como aconteceu no passado com os CMEC nas centrais térmicas ou as tarifas feed in nas renováveis.
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