Outlook para resseguros é estável, diz AM Best
Existe um ambiente menos favorável para taxas elevadas de retorno de investimento, a par da volatilidade dos mercados de capitais e o setor segurador poderá perder 100 mil milhões a nível mundial.
A AM Best mantém estável a perspetiva do mercado global de resseguros, apesar dos desafios que a Covid-19 tem trazido ao setor, confirmou Carlos Wong-Fupuy, diretor para a área de rating global da agência de notação de risco de crédito especializada na indústria de seguros e resseguros.
Num webinar recentemente promovido pela agência, Wong-Fupuy reafirmou as conclusões de uma avaliação ao setor divulgada em dezembro do ano passado, onde a AM Best, anunciou manter a perspetiva estável das resseguradoras, globalmente.
O documento – Global Market Outlook – justificava a ‘nota’ tendo em conta um “ambiente de estabilidade de preços”, ainda que abaixo de níveis adequados numa lógica de longo prazo, e um “alinhamento permanente entre o capital tradicional da indústria, e capital externo”.
No webinar, o responsável explicou que na base da avaliação esteve o facto de os analistas sentirem, em especial em relação aos resseguradores do ramo Não Vida, estar a ocorrer um momentum mais favorável”, apesar da Covid-19 e da manutenção de condições de mercado competitivas.
“Mantivemos o outlook do mercado de resseguros global estável, o que não quer dizer que não tenha mudado nada ao longo do ano passado, pelo contrário”, afirmou, citado no Reinsurance News. De acordo com Wong-Fupuy, os analistas do setor tinham – e mantêm – uma expectativa de menores retornos face ao histórico.
“Tivemos três anos consecutivos, a caminho do quarto, de aumento das participações de sinistros. E houve mais questões, não apenas fruto de catástrofes naturais, como furacões, tufões ou incêndios, mas também uma mudança na atividade do capital externo ao setor”, acrescentou.
O diretor confirmou que haver incerteza em relação às perdas causadas pela pandemia, assim como em relação às suas consequências, e assinalou haver um ambiente menos favorável para taxas elevadas de retorno de investimento, a par da volatilidade dos mercados de capitais.
“A facilidade [do capital] em entrar e sair do mercado de forma ágil está, definitivamente, posta em causa”, disse. E “existem preocupações relativamente à robustez das modelações e fixação de preços tendo em vista investimentos”, avançou.
“Houve complicações por causa da crise da Covid-19, mas penso que tal veio catalisar algumas tendências. Há um aumento da expectativa de oferta de melhores preços, mas por outro lado há incerteza em relação à Covid-19”, reiterou, lembrando que “nem todas as companhias vão responder da mesma forma. Acredito que algumas estão em muito melhor posição do que outras para enfrentar os desafios”, antecipou.
O documento divulgado em dezembro do ano passado indicava que, apesar de haver “melhorias modestas” no ramo Não-Vida, os preços “não avançaram ao ritmo das mudanças na dinâmica de riscos”, de onde resultaram as perdas associadas, por exemplo, aos furacões Maria e Irma, e ao tufão Jebi.
“A fixação de preços no caso resseguro de danos de catástrofes ainda depende muito de capital externo, mas a crescente interdependência entre os capitais tradicionais da indústria e exteriores através de joint-ventures pode ajudar ao realinhamento dos objetivos de retorno do mercado”, indica o paper.
Entretanto, já em abril deste ano, a agência voltou a emitir uma nota reiterando o outlook estável.
A Covid-19 tem tido impacto nos resultados do setor e há um elevado grau de incerteza face às perdas que vai causar a prazo, mas há analistas que apontam para valores na ordem das cem mil milhões de dólares, ou mais.
A Swiss Re, líder mundial no resseguro, por exemplo, confirmou no início deste mês valores preliminares adiantados uma semana antes, reportando prejuízo líquido de 1,13 mil milhões de dólares (cerca de 930 milhões de euros) no primeiro semestre de 2020, refletindo provisões e reservas associadas à pandemia (Covid-19) por um montante total de 2,5 mil milhões de dólares (cerca de 2,1 mil milhões de euros), em grande parte correspondendo a reservas por perdas reconhecidas, mas não reportadas (IBNR na sigla internacional).
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