Empresas não podem contrariar políticas comerciais da UE

  • Lusa
  • 3 Setembro 2020

Responsável do Banco Europeu de Investimento considera que as práticas das empresas europeias não podem contrariar as políticas da União Europeia, particularmente relação a Africa.

A responsável no Banco Europeu de Investimento (BEI) pelos empréstimos a África alertou que as práticas comerciais das empresas europeias não podem contrariar as políticas comerciais definidas pela União Europeia, particularmente relativamente ao continente africano.

“Precisamos de olhar para as nossas políticas de comércio, e a estratégia do relacionamento com África é muito clara, e as nossas políticas comerciais não podem contrariar isso, temos de garantir que as práticas comerciais das empresas não contrariam as diretrizes europeias”, disse esta quinta-feira Maria Shaw-Barragan, durante o Fórum Euro-África, que decorre até sexta-feira em formato virtual a partir de Cascais.

Maria Shaw-Barragan respondia ao diretor para África do Centro Europeu para a Gestão das Políticas de Desenvolvimento (European Centre for Development Policy Management), Bruce Byiers, que afirmou que apesar das boas intenções no papel, o dinheiro tinha um papel central na relação entre os dois continentes.

Não pode ser só acerca do dinheiro, as políticas das empresas têm de estar em consonância com as diretrizes europeias“, vincou Maria Shaw-Barragan, salientando que “não há um único investimento que não seja feito de acordo com a vontade dos governos africanos” e garantindo que “todas as operações do BEI têm em si um acordo explícito e assinado pelo Governo recipiente, havendo um diálogo constante relativamente às prioridades políticas desse Governo e à conformidade do projeto com essas políticas”.

Antes, já Bruce Byiers tinha alertado que não há nenhum africano nos centros de decisão sobre os empréstimos e as operações financeiras e defendido que é um erro para a União Africana querer emular a União Europeia.

Uma das razões para as dificuldades da UA é querer ser como a UE, querer ser a versão africana da UE, porque o trabalho diário é muito mais intergovernamental e tudo é muito mais negociado, África tem especificidades que a Europa não tem, e se for uma parceria é mais fácil equilibrar a balança e ter um saldo conjunto mais positivo”, defendeu o analista.

O Fórum Euro-África arrancou esta quinta-feira com o propósito de aproximar os dois continentes e conta com um debate virtual entre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o seu homólogo do Gana.

O Fórum vai reunir personalidades dos setores público e privado, sociedade civil, empresários, ativistas e cientistas, que vão debater cinco desafios ao abrigo do tema “À procura de pontos comuns num mundo pós-covid”.

Os cinco painéis, que incluem uma conversa entre os Presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Gana, Nana Akufo-Addo, moderados pelo editor de África do Financial Times, vão debater as “Perspetivas sobre as relações entre a União Africana e a União Europeia”, a “Transição Justa da Matriz Energética”, “Made In Africa – Negócios Emergentes e em Aceleração”, “Cultura África a alimentar o Mundo”, e “Ligando os Desligados”.

O presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa e organizador do Fórum Euro-África, Filipe de Botton, disse à Lusa que o grande objetivo do encontro é reaproximar dois continentes que estiveram de costas voltadas até há pouco tempo.

“Vemos dois continentes gémeos que têm vivido de costas voltadas nos últimos 50 anos, e o grande objetivo do Fórum é conseguir uma reaproximação da Europa com a África, e que Portugal seja a plataforma instrumental para a relação entre os dois continentes”, disse Filipe de Botton, na antecipação do Fórum, que se prolonga até sexta-feira, numa parceria com a Câmara de Cascais.

O Conselho da Diáspora Portuguesa é uma organização privada sem fins lucrativos, com 95 membros em cinco continentes e tem por missão “alavancar o poder da diáspora, de forma a promover conversas e conexões globais sobre assuntos de cultura, impacto social, ciência, negócios e economia”, segundo a organização.

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