Santos Silva lamenta exclusão do Continente, mas valoriza manutenção das ilhas no corredor aéreo britânico

  • Lusa
  • 10 Setembro 2020

O ministro dos Negócios Estrangeiros lamentou "a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países isentos de quarentena", mas valoriza a "manutenção dos Açores e da Madeira".

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Augusto Santos Silva, lamentou esta quinta-feira a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países seguros.

“Lamentamos a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países isentos de quarentena, mas valorizamos a manutenção dos Açores e da Madeira”, reagiu o MNE no Twitter, depois de o Governo britânico ter anunciado hoje que a partir de sábado quem regresse do continente terá de cumprir duas semanas de isolamento ao chegar ao Reino Unido.

O ministro acrescentou, na mesma publicação, que as regras sanitárias implementadas em Portugal têm controlado a covid-19. “As nossas regras sanitárias e a eficácia do nosso SNS [Sistema Nacional de Saúde] têm reconhecidamente permitido controlar os efeitos da pandemia“, pode ler-se na conta oficial do MNE no Twitter.

Santos Silva frisou que continuará a ser enviada para o Governo britânico a informação relativa à evolução da Covid-19 no país. “Portugal continuará a remeter toda a informação sobre a evolução da situação epidemiológica no espírito de total transparência que caracteriza o nosso diálogo com o Reino Unido”, acrescentou.

Portugal foi incluído na lista dos países com “corredores de viagem” com o Reino Unido há três semanas, em 20 de agosto, porém o aumento contínuo do número de casos de infeção em Portugal terá pesado na decisão, que era esperada na semana passada, quando ultrapassou o valor de 20 casos por 100 mil habitantes.

Quem chegar a Inglaterra a partir dos destinos definidos pelo Governo depois das 4h00 de sábado, precisará cumprir 14 dias de quarentena. De fora ficam a Madeira e os Açores.

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O ministro dos Transportes, Grant Shapps, na rede social Twitter, explicou que, graças a um tratamento de informação mais aprimorado, o Governo britânico tem agora a capacidade de avaliar ilhas separadas dos territórios continentais e passou a instituir “corredores de viagem regionais”.

A Escócia já tinha excluído Portugal da sua lista de “corredores internacionais” a partir de 5 de setembro, enquanto que o País de Gales aplicou restrições um dia antes, mas também manteve a Madeira e Açores isentos de quarentena. O governo autónomo da Irlanda do Norte ainda não anunciou uma alteração nas restrições, mas em geral acompanha as decisões de Londres.

Portugal contabilizou esta quinta-feira 585 novos casos de infeção relacionados com a pandemia de covid-19 e na véspera tinha registado 646, mais do dobro das registadas na terça-feira. O índice de transmissibilidade efetivo (Rt) encontra-se atualmente nos 1,12, um valor considerado de risco.

A situação epidemiológica de Covid-19 em Portugal agravou-se desde meados de agosto, de acordo com um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), tendo sido registadas 3.909 novas infeções entre 17 e 30 de agosto.

A lista de “corredores de viagem” tem atualmente menos de 70 países e territórios, tendo sido excluídos desde julho Suíça, República Checa e Jamaica, Croácia, Áustria e a ilha de Trinidade e Tobago, França, Países Baixos, Mónaco, Malta, as ilhas Turcas e Caicos e Aruba, Bélgica, Andorra, Bahamas, Espanha e Luxemburgo.

Cuba, Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia, o arquipélago de São Vicente e Grenadinas, Brunei e Malásia foram adicionados nas semanas anteriores.

Decisão do Reino Unido não é correta nem objetiva

O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, defendeu esta quinta-feira que a saída de Portugal da lista de países seguros do Reino Unido não é correta, nem fundamentada por razões objetivas.

Não é uma decisão correta, que seja fundamentada por razões objetivas de controlo da doença. O Reino Unido não cumpre o critério que definiu para a quarentena dos visitantes”, afirmou Siza Vieira, que falava aos jornalistas à margem da inauguração da nova sede da Auchan Retail Portugal, em Paço de Arcos, distrito de Lisboa.

O governante lembrou ainda que a União Europeia definiu que os países não devem aplicar “restrições à circulação” dos cidadãos dentro do espaço europeu. Por outro lado, Siza Vieira notou que os operadores económicos e turísticos vão ter um ano ainda mais difícil na sequência desta decisão.

Para os cidadãos britânicos, também não tem qualquer fundamento. Uma pessoa que possa estar em férias em Portugal ou em negócios, de repente é confrontado com esta decisão”, exemplificou.

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