Número de edifícios licenciados caiu 15% no segundo trimestre

O Governo fez questão de sublinhar durante o confinamento que o setor da construção continuava a trabalhar a 100%, em contraste com o que aconteceu com outros setores. Tal refletiu-se nos dados económicos, com a construção a ser o único setor a crescer no segundo trimestre, período em que a economia contraiu 16,3%, em termos homólogos. Contudo, novos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a intenção de realizar obras no futuro caiu 15%, dando sinais negativos para os próximos meses.

Segundo os dados divulgados esta sexta-feira pelo gabinete de estatísticas, os edifícios licenciados no segundo trimestre caíram 15% no segundo trimestre, o que dá uma perspetiva da intenção futura de realização de obras. Contudo, estes dados são obtidos através das licenças emitidas pelas câmaras, o que pode ter sido condicionado também pelas restrições da pandemia.

Ao todo, foram licenciados 5 mil edifícios no segundo trimestre. Ainda assim, há sinais de recuperação em junho e julho que podem indicar que este efeito foi temporário e não estrutural: “Numa análise mensal, verifica-se que os edifícios licenciados apresentaram uma tendência homóloga decrescente de janeiro a maio de 2020, tendo invertido esta tendência nos meses de junho e julho, com crescimentos de 7,5% e 2,8%, respetivamente”, explica o INE.

De notar ainda que há diferenças no território. Em Portugal Continental, os edifícios licenciados diminuíram em todas as regiões, especialmente no Algarve e em Lisboa. Já “as Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores foram as únicas a apresentar variações homólogas positivas no número de edifícios licenciados (+13,8% e +5,2%, respetivamente)”.

Edifícios concluídos caíram apenas 2,8%

Se as perspetivas futuras parecem estar parcialmente em causa, o setor da construção continuou a concluir edifícios no segundo trimestre quase ao mesmo ritmo do ano passado. A queda foi de apenas 2,8%, mas é de assinalar que, ainda assim, este valor constitui um deterioramento significativo face à subida homóloga de 32,2% dos edifícios concluídos no primeiro trimestre.

“Neste período estima-se que tenham sido concluídos 3,4 mil edifícios em Portugal, correspondendo, na sua maioria, a construções novas (78,7%), das quais 78,2% tiveram como destino a habitação familiar“, detalha o INE, referindo que Lisboa, Alentejo e Madeira registaram as maiores variações positivas.