Calçado português cria “montra digital” com milhares de produtos da fileira
Portal Portuguese Shoes vai contar com dez mil produtos de 400 empresas. Será o “maior investimento de sempre” do cluster do calçado na área digital.
O setor português do calçado lança na quinta-feira um portal online com dez mil produtos de 400 empresas, inserido no “maior investimento de sempre” feito na área digital, numa altura em que a pandemia condiciona a promoção internacional.
“É a maior montra de calçado português alguma vez criada”, assegura o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) em declarações à agência Lusa.
De acordo com Luís Onofre, trata-se de um projeto no qual a associação começou a trabalhar há vários meses, ainda antes da pandemia da Covid-19, mas que o “período de exceção” hoje vivido a nível global, “com limitações sérias em matéria de viagens e mesmo da participação em eventos promocionais no exterior”, torna ainda mais premente e atual.
O objetivo do Portal Portuguese Shoes, explica, é “oferecer aos clientes internacionais toda a informação sobre a oferta portuguesa nas áreas do calçado, componentes e artigos de pele”, pretendendo assumir-se como “o mais completo portefólio digital da fileira do calçado em Portugal”.
Com um total de 400 empresas associadas, a plataforma reunirá, até ao final do ano, mais de 10 mil produtos portugueses da fileira.
De cariz profissional, business to business, o portal permitirá aceder a informação síntese sobre as empresas, mas também aos respetivos ‘showrooms’, com “milhares de produtos, informação técnica especializada e outros dados relevantes relacionados com as empresas e as marcas”.
“Nos próximos meses, o acesso a showrooms virtuais e a fotos em 3D serão disponibilizados em grande escala”, adiantou à agência Lusa Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS.
Segundo referiu, o portal vai ainda fornecer informação sobre todas as marcas portuguesas de calçado que já estão à venda online, “promovendo dessa forma uma ligação mais efetiva e sistematizada entre as marcas e os consumidores finais”.
“A comunicação e a promoção das nossas empresas é absolutamente fundamental para um setor que exporta quase toda a produção como o calçado. Em circunstâncias normais, participaríamos este ano em cerca de 60 eventos no exterior, o que não será possível, mas não vamos por isso abrandar a nossa atividade de promoção externa. Estamos é a diversificar investimentos”, explicou.
Assim, até ao final de 2021 o setor pretende investir três milhões de euros no universo digital, no âmbito do projeto “Valorização da Oferta na Fileira do Calçado”, apoiado pelo Compete 2020, “o maior investimento de sempre” feito nesta área e que prevê apoios às empresas na criação dos respetivos ‘sites’ e lojas ‘online’, elaboração de campanhas de ‘marketing’ digital e reforço da presença nas redes sociais.
“São novos tempos, novas abordagens, e nós queremos agarrar esta oportunidade. Isto não quer dizer que vamos retirar a importância às feiras, que para nós são absolutamente fundamentais, porque nos permitem contactar diretamente com os clientes, testar novos produtos e aumentar as exportações. As feiras continuam a ser importantes e queremos rapidamente voltar aos grandes palcos internacionais, quando for possível. Mas, simultaneamente, estamos a fazer este conjunto de investimentos para que o setor não abrande a sua atividade de promoção”, salientou Paulo Gonçalves.
Há muito a fazer para melhorar presença online do calçado português
Cerca de três quartos das empresas portuguesas que integram o cluster português do calçado e artigos de pele tem presença online, mas a associação do setor considera que há “ainda muito trabalho a fazer” na digitalização da fileira.
“Consideramos que o ponto de partida é interessante, mas também que há muito ainda para fazer. Há um caminho longo a percorrer em matéria de promoção das nossas empresas online e é isso que estamos a estimular, porque entendemos que o futuro também passará por aqui”, afirmou o diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) em declarações à agência Lusa.
Segundo as conclusões do estudo “O cluster português de calçado na Internet”, elaborado para a APICCAPS pelo Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica do Porto e que inquiriu 328 empresas e 362 marcas, no segmento de calçado 75% das empresas têm presença online, consubstanciada num site, subindo esta percentagem para os 78% no caso das empresas de componentes para calçado e de artigos de pele e marroquinaria.
O trabalho evidencia que “a percentagem de empresas com site é ligeiramente crescente com a dimensão”, mas revela que 4% dos sites “consistem apenas numa página a dizer “site em construção”, facto que a APICCAPS encara com “preocupação”.
O inglês é a língua mais comum, utilizada em 90% dos sites, enquanto o português surge em apenas 75% dos casos, o que se considera “fazer sentido para uma fileira altamente exportadora como a do calçado”.
O estudo revela ainda que quase 71% das empresas com site apresenta um catálogo de produtos, cerca de 27% permite ao consumidor comprar online e apenas 9% das empresas permite a personalização dos seus produtos.
Evidenciando que “a presença nas redes sociais começa a ser importante para as empresas” do ‘cluster’ do calçado, o trabalho aponta que quase 60% tem presença no Facebook, 37% no Instagram e 21% no Linkedin, sendo que “a presença nas redes sociais não tem relação com a dimensão” das companhias e “as empresas mais ativas do ‘cluster’ são as de marroquinaria”.
Das apenas 27% das empresas que dispõem de loja online, 66% aceitam encomendas de todo o mundo, 14% vendem os seus produtos apenas no mercado europeu e 9% exportam para alguns destinos fora da União Europeia, ainda que não para todo o mundo.
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