Vodafone avisa que regras do leilão de 5G “hipotecam futuro do país”

O presidente executivo da Vodafone alertou que as regras do leilão de 5G, ainda em versão preliminar, "hipotecam o futuro do país". Portugal arrisca perder centro que criará 400 empregos qualificados.

O presidente executivo da Vodafone Portugal, Mário Vaz, reiterou no Parlamento que o país está “em vias de perder a oportunidade” de receber um investimento internacional da operadora que poderá criar “400 empregos qualificados” no país. O gestor culpabilizou a “imprevisibilidade” regulatória pela possível perda desse investimento e disse que as regras em cima da mesa para o leilão do 5G “hipotecam o futuro do país”.

Em causa está a instalação de um centro pan-europeu de investigação e desenvolvimento em Portugal, focado no desenvolvimento de serviços 5G e soluções digitais empresariais. A ameaça já tinha sido feita pelo CEO da Vodafone para a Europa, Serpil Timuray, em declarações à Reuters na semana passada, perante a posição muito crítica da empresa à atuação da Anacom, o regulador do setor, no processo de lançamento do 5G no país.

Numa audição na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República, o presidente executivo da operadora em Portugal voltou a criticar o projeto de regulamento de leilão de frequências, que considera que assentam numa “leitura distorcida e ficcionada da realidade” por parte da entidade presidida por João Cadete de Matos.

Considerando a quinta geração de rede móvel como “inevitável e imprescindível”, Mário Vaz recordou que o 5G vai chegar a “coisas, animais e instalações fabris” e reconheceu também que é uma tecnologia “no centro da disputa geopolítica entre os dois blocos económicos EUA e China”. Importa, por isso, “garantir que o Parlamento dispõe de informação adequada para” implementar a estratégia nacional do 5G, disse.

Para Mário Vaz, as regras que estão atualmente em cima da mesa para o leilão do 5G “levarão a aumento de litigância e hipotecam o futuro do país”. “Estamos hoje a atravessar dificuldades, estamos em vias de perder a oportunidade para Portugal de 400 empregos qualificados face a esta imprevisibilidade”, apontou então.

O gestor alinhou com o homólogo da concorrente Nos nas críticas contra as condições previstas para “novos entrantes” no projeto de regulamento, afirmando que não institui obrigações de cobertura. “Se há um bem escasso, em que é pago valor inicial, tem de haver compromisso de quem vem de que fará investimento em perspetiva dos que já cá estão”, sublinhou Mário Vaz. O regulamento ainda não foi aprovado nem é conhecida a versão final.

Apesar de se mostrar “otimista” de que o regulamento final não terá esta forma, Mário Vaz agravou o discurso e citou um estudo da consultora Roland Berger que aponta para a perda de 2.000 empregos nos operadores existentes caso haja um novo entrante sem estar sujeito a obrigações de cobertura, pressionando os preços no setor e forçando os existentes a “adaptar os seus modelos de negócio”.

Relativamente a outro ponto sensível, o do “roaming nacional”, Mário Vaz recusou essa hipótese e falou antes em “roaming local” para assegurar uma melhor cobertura de redes de comunicações em Portugal. Mas salientou, por fim, que essa hipótese “não é necessariamente a melhor”, havendo outras soluções técnicas à disposição.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h42)

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