Desvalorização do euro castiga Jerónimo Martins e Sonae no ranking do retalho

  • Lusa
  • 17 Janeiro 2017

O desempenho positivo dos dois retalhistas portugueses não foi suficiente para compensar a desvalorização do euro face ao dólar, levando-os a caire no ranking global do retalho relativo a 2016.

A Jerónimo Martins e a Sonae caíram no ranking global do retalho em 2016, face ao ano anterior, devido à desvalorização do euro face ao dólar, mas mantiveram as posições na zona euro, segundo o estudo anual da Deloitte. De acordo com o Global Powers of Retailing 2017: The art and science of customers, hoje divulgado, a Jerónimo Martins e a Sonae “continuam a assegurar lugares relevantes no ranking, mantendo a sua posição relativa dentro da zona euro”, segundo a análise que tem por base o ano fiscal de 2015.

A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, manteve o 19º lugar na zona euro, tal como a Sonae, dona do Continente, que continuou no 41º lugar no ano passado. Já a nível global, a Jerónimo Martins desceu da 59.ª posição para a 64.ª, enquanto a Sonae passou da 157º posição para a 175ª. “A forte desvalorização das principais divisas face ao dólar desvirtua um pouco a análise do ranking deste ano: o euro desvalorizou-se 16% em comparação com o relatório do ano passado, a libra 7% e o rublo 38%”, começou por explicar Pedro Miguel Silva, parceiro associado de consultoria da Deloitte.

“Assim se compreende que a Jerónimo Martins e a Sonae, apesar de terem crescido, em 2015, 8% e 1%, respetivamente, tenham descido no ranking global. Este impacto é sentido por todos os retalhistas europeus, que saem significativamente penalizados no ‘ranking’ deste ano e veem a sua presença reduzida de 93 para 85 empresas e a sua receita acumulada em dólares decrescer 14% face ao ano anterior”, adiantou o responsável.

A dona do Pingo Doce “registou um crescimento de 8% das receitas em euros, impulsionado pelo reforço da liderança da operação na Polónia [onde tem a cadeia de supermercados Biedronka]” e a Sonae “apresentou um crescimento de 1% nas receitas em euros, resultado da aposta na inovação e na crescente internacionalização das suas insígnias”, refere a Deloitte, em comunicado. No entanto, o desempenho positivo registado pelos dois retalhistas portugueses não foi suficiente para compensar a desvalorização do euro face ao dólar.

“Um total de 23 retalhistas desta região [zona euro] viu as suas receitas convertidas em dólares a decrescer no ano fiscal de 2015. Neste cenário, torna-se claro porque são também os retalhistas europeus os mais ativos na procura de crescimento fora dos seus mercados de origem: cerca de 40% das suas receitas foram geradas em mercados externos no ano fiscal de 2015, o que representa mais do dobro da média de todas as empresas presentes no ranking“, considerou Pedro Miguel Silva.

As cadeias norte-americanas Wal-Mart Stores, Costco Wholesale Corporation e The Kroger mantiveram os três primeiros lugares na classificação global, respetivamente, seguidas da alemã Schwarz Unternehmenstreuhand (Lidl), mas a novidade é a entrada da Amazon, fundada em 1994, no top 10. A Amazon entrou neste ranking em 2000, figurando na 186ª posição. “O fraco crescimento nas principais economias desenvolvidas, os elevados níveis de dívida nos países em desenvolvimento, a deflação ou baixa inflação nos países mais ricos e o ressurgimento de políticas protecionistas estão entre as razões que explicam o ambiente económico desafiante que os retalhistas enfrentam”, disse Pedro Miguel Silva. As receitas das 250 maiores empresas de retalho a nível mundial atingiram os 4,3 biliões de dólares no ano fiscal de 2015, segundo a consultora.

Pelo terceiro ano consecutivo, o crescimento dos 250 maiores retalhistas de moda e acessórios ultrapassou o dos restantes segmentos. “No entanto, os retalhistas alimentares mantêm-se, com grande distância, como as empresas de maior dimensão (receita média de cerca de 21,6 mil milhões de dólares – cerca de 20,3 mil milhões de euros), e com maior representatividade no ranking (133 retalhistas que representam pouco mais de metade das 250 maiores empresas e dois terços das receitas agregadas)”, refere a consultora.

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