Phone House falha PER e encerra portas em Portugal
O PER da Phone House foi rejeitado e a justiça declarou a insolvência da cadeia de comércio de telemóveis. Empresa confirma ao ECO o encerramento da atividade em Portugal. Tinha 300 trabalhadores.
A Phone House encerrou portas em Portugal, não tendo sobrevivido às dificuldades financeiras que foram agravadas pela pandemia da Covid-19. Há 21 anos no mercado nacional, a empresa está formalmente insolvente, enfrentando dívidas num montante a rondar os 11,6 milhões de euros, a maioria a bancos e fornecedores.
O Juízo de Comércio de Sintra do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa proferiu a sentença de declaração de insolvência da popular cadeia de venda de smartphones na quinta-feira, segundo informação publicada no portal de justiça Citius. A marca, que estava sujeita a um Processo Especial de Revitalização (PER) desde maio, está agora sob a égide de um administrador de insolvência, Pedro Rodrigues Filipe.
Contactada pelo ECO, fonte oficial da Phone House confirma o encerramento da marca em Portugal: “O impacto da pandemia [da] Covid-19 e a não aprovação do PER provocou o encerramento da Phone House – Portugal, uma empresa de referência no retalho de telecomunicações no mercado nacional”, começa por destacar.
“Na sequência da pandemia da Covid-19, que afetou profundamente a empresa, eminentemente retalhista, sendo que praticamente todas as lojas estiveram encerradas três meses, causando elevados prejuízos para a empresa, a Phone House submeteu um PER (Processo Especial de Revitalização) que assentava numa reestruturação da empresa, para dar continuidade e sustentabilidade futura e manutenção dos postos de trabalho. Infelizmente, o PER não foi aprovado, embora tivesse merecido o apoio favorável dos principais fornecedores da empresa”, explica uma porta-voz da marca.
O impacto da pandemia e a não aprovação do PER provocou o encerramento da Phone House – Portugal, uma empresa de referência no retalho de telecomunicações no mercado nacional.
“Sem a aprovação deste plano e continuando-se a verificar uma retoma lenta da atividade e com muitos condicionamentos no retalho, principalmente nos shoppings, devido à manutenção e agravamento da pandemia, a empresa não conseguiu sobreviver e ultrapassar as dificuldades. De qualquer forma, manteve a sua atividade normal, otimizando todos os recursos disponíveis, com o objetivo de dar condições de continuidade à empresa”, acrescenta.
A Phone House termina, destacando “a importância da dinâmica que a marca gerou no mercado” e o “contributo para o desenvolvimento e massificação dos serviços, marcas e operadores de telecomunicações durante os seus 21 anos em Portugal”, bem como “a dedicação e contributo de todos os trabalhadores”.
Mais de 100 lojas e 300 trabalhadores
A marca contava com cerca de 100 lojas multi-operador no país, entre as quais 30 lojas em regime de franchising. Era ainda o operador das lojas da Samsung e de outras marcas, como era o caso da loja da Huawei no Colombo. Terá gerado um volume de negócios a rondar os 30 milhões de euros no ano passado, apurou o ECO em maio. Em junho, o Expresso noticiava que a empresa teria cerca de 300 trabalhadores.
Segundo o edital publicado no portal de justiça Citius, a decisão judicial de insolvência da Phone House ainda pode ser alvo de recurso. Fonte oficial da marca não confirmou se tenciona ou não recorrer, mas a resposta remetida às questões sugere que o encerramento da atividade é decisão já tomada.
“Pode ser aprovado Plano de Insolvência, com vista ao pagamento dos créditos sobre a insolvência, a liquidação da massa e a sua repartição pelos titulares daqueles créditos e pelo devedor. Podem apresentar proposta de Plano de Insolvência o administrador de insolvência, o devedor, qualquer pessoa responsável pelas dívidas da insolvência ou qualquer credor ou grupo de credores que representem um quinto do total dos créditos não subordinados”, refere o edital da justiça.
Foi em maio que o ECO noticiou que a situação financeira débil da empresa levou à abertura de um Processo Especial de Revitalização (PER), no sentido de alcançar um plano de recuperação e evitar a falência da loja de smartphones.
Nessa altura, fonte oficial da empresa confirmava ao ECO as dificuldades financeiras vividas pela marca de comércio de telemóveis: “Após uma reestruturação que resultou em dois períodos consecutivos com melhoria de performance, a situação financeira da empresa agravou-se no último ano, em virtude de vários fatores, dos quais se destacam um mercado bastante competitivo”, disse fonte oficial. O “contexto” da pandemia “veio precipitar a necessidade de uma reestruturação mais abrangente”, acrescentou a mesma fonte.
Em junho, veio a saber-se que mais de metade da dívida de 11,6 milhões de euros da The Phone House é devida a bancos como o BCP, Santander, BPI e Caixa Geral de Depósitos. Do valor total que é reclamado, cerca de 57% diz respeito a dívidas da Phone House junto do BCP, do Santander, da Caixa Geral de Depósitos e do BPI, num montante que chega aos 6,7 milhões de euros. A “maior” fatia dos créditos é devida ao BCP (3,9 milhões de euros), seguindo-se o Santander (1,74 milhões), a Caixa (924,7 mil) e o BPI (167,6 mil).
Do lado dos fornecedores, a Phone House deve 1,2 milhões de euros à Samsung, o que corresponde a cerca de 10,7% dos créditos. Não sendo a maior credora, ao contrário do que se acreditava até aqui, a tecnológica sul-coreana está a cooperar no PER da Phone House e “salvou” a marca da insolvência, viabilizando o processo.
Entre os credores minoritários, como já tinha sido noticiado, estão centros comerciais, outras marcas de telemóveis e diversas empresas. A lista provisória de credores, que ainda pode sofrer alterações, inclui ainda vários créditos laborais a particulares.
Contactadas pelo ECO, fonte oficial da Samsung e fonte oficial da Huawei não quiseram fazer comentários.
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