Juros da dívida em alta? Não há stress, diz o BPI
Há um aumento na perceção de risco sobre o país que é espelhado na subida dos juros da dívida. No entanto, o banco de investimento diz que Portugal "ainda está num rumo positivo".
Portugal está em foco nos mercados internacionais. Enquanto os restantes países do euro têm beneficiado de um forte alívio nos juros da dívida, conseguindo tirar partido do programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE), Portugal tem visto as suas taxas subirem de forma acentuada. O juro a 10 anos está perto dos 4%. Há stress? O BPI diz que não. Diz que há fatores internos e externos que justificam este agravamento na perceção de risco, mas diz que o país “ainda está num rumo positivo”.
“A recente subida nas taxas de juro no mercado deve-se tanto a fatores internos como externos, com estes últimos a estarem associados à maior probabilidade de o BCE começar a reduzir as compras de dívida, enquanto os primeiros são resultado da maior perceção de risco sobre o país”. No entanto, diz José Miguel Cerdeira, “acreditamos que os fundamentais continuam a permitir-nos uma visão positiva sobre o rumo de Portugal”.
Para o economista, ainda que Portugal seja, sem dúvida, “mais penalizado do que outros com o fim das compras do BCE”, o país tem argumentos para taxas mais baixas: “devido aos esforços para redução do défice, o país goza agora de um excedente primário grande o suficiente para garantir a redução da dívida, compensando assim as taxas mais elevadas”. E nota: “Portugal seria capaz de o fazer mesmo com juros nos 5,5%”. A taxa a 10 anos está em 3,822%.
Juros da dívida perto dos 4%
Esta perspetiva, que alimenta a visão de que a dívida nacional é sustentável, conta, no entanto, com algumas ameaças. É que Portugal continua confrontado com problemas no setor financeiro, que ameaçam o défice. E mantém o problema do fraco crescimento económico, que reduz a visibilidade sobre a sustentabilidade da dívida nacional. Ou seja, que alimenta e aumenta a perceção de risco sobre o país, no sentido em que faz disparar a especulação em torno de uma reestruturação da dívida.
“O setor financeiro, ainda que sob fogo, está gradualmente a resolver os seus problemas e é possível que não seja necessário mais dinheiro público“, refere o banco de investimento. Já sobre a economia, nota que o “crescimento económico tem sido o ‘calcanhar d’Aquiles’ do país, no sentido em que o elevado endividamento trava um maior crescimento, mas a dinâmica atual deverá garantir uma evolução robusta, com uma aceleração em 2017. Prevemos um crescimento nominal superior a 3% nos próximos dois anos“.
“No curto prazo, o desempenho económico do país pode trazer ainda mais surpresas positivas à custa do bom desempenho no final do ano passado. A resolução dos problemas no setor financeiro poderá também trazer algum otimismo ao mesmo que tempo que as agências de rating (tais como a DBRS) deverão ser sinónimo de mais especulação em torno de alterações na perspetiva ou mesmo no rating” de Portugal, remata o BPI.
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