Chama-se "Porto Fashion & Fabric Museum" e vai ser inaugurado dia 28 de novembro. Um museu dedicado à indústria têxtil portuguesa, à moda, à filigrana e ao calçado português.
De antigos armazéns de Vinho do Porto, nasceu o World of Wine (WOW). Localiza-se em Vila Nova de Gaia, conta com uma vista desafogada sobre o rio Douro e apresenta-se como o “quarteirão cultural do Porto”. Conta com uma praça aberta ao público, seis museus, cinco restaurantes, três cafés, um wine bar, uma escola de vinhos, um espaço de exposições e várias lojas ao longo de uma área bruta de 55 mil metros quadrados. Um investimento de 106 milhões que contempla a história, o vinho, a gastronomia, a cortiça, a moda, o chocolate e acima de tudo a indústria tipicamente portuguesa.
A abertura do World of Wine coincidiu com a pandemia do novo coronavírus, mas nem a Covid-19 impediu o grupo de inaugurar o empreendimento no final de julho. Desde então já recebeu mais de 100 mil visitantes principalmente portugueses e espanhóis. As novidades não ficam por aqui e dia 28 de novembro vai ser inaugurado no World of Wine, o sexto museu, desta vez dedicado à moda e à indústria têxtil portuguesa. Chama-se “Porto Fashion & Fabric Museum” e quer fazer jus à indústria têxtil portuguesa.
“O têxtil é uma indústria muito importante no Norte de Portugal e tem uma história de séculos. Temos em Portugal uma indústria de moda muita boa, com muita qualidade e sem qualquer expressão ao público nos grandes centros urbanos. É uma história interessante que deve ser recriada”, explica ao ECO, Adrian Bridge, CEO do WOW e do Hotel The Yeatman.
Este museu dedicado ao têxtil conta com dois pisos, o primeiro é dedicado à indústria têxtil portuguesa, enquanto o segundo piso vai servir de palco à arte da filigrana, ao calçado português e à moda. Para além de estar localizado numa antiga cave de vinho do Porto está inserido numa casa histórica datada do século XVIII que inclui uma capela do arquiteto Nicolau Nasoni que está a ser alvo de restauração.
Ao longo do museu é possível ver todos os processos de uma peça têxtil, desde a matéria-prima ao acabamento final. Logótipos antigos, máquinas de tear, costurar, canelas, amostras de tecido são dos elementos mais icónicos. Algumas peças do museu de têxtil foram cedidas pela Riopele, pelo Museu de Vila de Conde e pela Tintex, como por exemplo, um móvel arquivador, livros de amostras de tecidos antigos, folhas antigas de debuxo, máquinas de debuxo, lançadeiras, canelas antigas de fio, entre muitas outras. “Todas as peças são originais e património de empresas têxteis“, conta Catarina Jorge, responsável pelo projeto do museu têxtil.
No segundo piso estão também representadas peças de 46 estilistas portugueses como Nuno Gama, Fátima Lopes, Maria Gambina, entre muitos outros. “Este espólio mostra o talento e a qualidade dos estilistas que temos em Portugal”, destaca Adrian Bridge.
No espaço dedicado ao calçado português, é possível ver as várias etapas do sapato, desde o esboço ao produto final. Neste espaço estão representados dois grandes nomes do cluster, Luís Onofre no calçado de mulher e Carlos Santos, no calçado masculino. “Temos neste espaço um sapato de Luís Onofre em que o processo foi todo desconstruído e está documentado pelo próprio“, adianta Catarina Jorge.
“Tivemos uma preocupação em fazer uma recolha junto de empresas e criadores portugueses”, explica ao ECO, Catarina Jorge, responsável pelo projeto do museu têxtil.
Para além deste novo museu dedicado ao têxtil, o WOW conta com mais cinco, “The Wine Experience”, “Planet Cork”, “Porto Region Across The Ages”, “The Chocolate Story” e “The Bridge Collection”. “Em vez de apostarmos apenas no vinho e na história da cidade quisemos apostar na cortiça, na moda, no chocolate. Quero que o WOW seja uma chamada de atenção para setores importantes para Portugal”, afirma o CEO do WOW que vive em Portugal há 26 anos.
Para Adrian Bridge, o projeto celebra a cultura, a gastronomia, a história e as indústrias da região Norte e de Portugal. “Nesta zona histórica do Vinho do Porto existem muitos visitantes interessados em vinho e em gastronomia. É uma celebração de vinhos portugueses e comida portuguesa”, conta o responsável. Entre os cinco museus abertos ao público é o do vinho e do chocolate que têm mais procura. O preço do bilhete por museu custa entre 14 a 17 euros, embora existam pacotes promocionais.
WOW lança marca própria de chocolate
Outra das novidades é que o WOW acaba também de lançar uma marca própria de chocolate chamada “Vinte Vinte”. O chocolate é produzido exclusivamente na fábrica do Museu do Chocolate do WOW e será vendido unicamente nas lojas do World of Wine nos dois primeiros meses. O objetivo do grupo é expandir a marca no início do ano para pontos de venda em todo o país. A curto prazo um dos objetivos do grupo é expandir esta marca própria de chocolate a nível internacional. “No decorrer de 2022, o WOW pretende ainda iniciar um plano de internacionalização da marca, levando os chocolates produzidos em Vila Nova de Gaia a todo o mundo”.
A loja está inserida no Museu The Chocolate Story. Entrar neste espaço é como recuar na história do chocolate. Desde as plantações até aos processos de fabricação, neste museu encontra todas as etapas: do cacau até chegar ao produto final. Para além de toda a história adjacente, o visitante pode assistir através de um vidro a todos os processos da transformação das sementes de cacau até ao chocolate. É a chamada Fábrica de Chocolate do World of Wine.
Ao longo do museu, que conta com três mil metros quadrados, mensagem escritas, projetadas nas paredes, apresentam várias informações sobre a história e o cultivo do cacau. Uma “selva” replica uma plantação e umas cúpulas funcionam como experiência sensorial com os diferentes odores do cacau mediante a sua origem, do México a África. Um das salas apresneta várias televisões retro com anúncios antigos, ainda a preto e branco, e muitas outras curiosidades. Sabia que foi em 1955 que passou o primeiro anúncio publicitário de chocolate da Cadbury? E que 50% do chocolate produzido no mundo é consumido pelos europeus? Há muito mais para descobrir.
Planos para o futuro? Está a ser construído espaço para lojas premium
O WOW ergueu-se a partir da restauração e requalificação de antigas caves de vinho do Porto e demorou 30 meses até ser aberto ao público. Foi classificado como projeto de Potencial Interesse Nacional (PIN) e promete não ficar por aqui. Adrian Bridge levanta a ponta do véu e mostra ao ECO a segunda fase do projeto que ainda está a ser projetado. O chão de terra batida nas traseiras do museu têxtil dará lugar a um corredor de lojas premium. Com os traços marcados de antigos armazéns, com as vigas e todo o misticismo envolvente, vão nascer “12 lojas de marcas portuguesas e 26 pop’s”, conta o CEO do WOW.
Adrian Bridge, também CEO do The Yeatman, adianta que a primeira fase ficará pronta na Páscoa e a segunda no S. João. “Estamos em negociações com várias marcas de moda para abrir nesse espaço, mas se é uma marca portuguesa com qualidade certamente vai estar nesse corredor. Ao lado do museu têxtil teremos este tipo de marcas de moda”, explica o CEO do World of Wine.
Dos 106 milhões, o WOW está a investir dez milhões de euros no Museu Têxtil, que inclui a construção e remodelação do edifício, assim como a construção das zonas comerciais que irão abrir no próximo ano.
Dependente da evolução da pandemia da Covid-19, está a realização de uma feira de Natal no WOW. “A Feira de Natal seria de 28 de novembro a 6 de janeiro, com 30 pops, 12 pontos de provas de vinho e várias animações. Todavia, ainda não está completamente fechada devido ao evoluir da pandemia e ao eventual Estado de Emergência. Estamos a planear, mas não temos controlo. Vamos aguardar pela reunião de conselho de ministros”, diz Adrian Bridge.
O delinear de novos projetos estará sempre condicionado pela eventual possibilidade de novas restrições para evitar a propagação da Covid-19. O CEO está confiante que a primavera irá trazer um nova lufada de ar fresco e com ela mais turistas. “Acredito que a partir da Páscoa do próximo ano vamos receber muitos visitantes. O turismo vai voltar, vamos encontrar maneiras para isso acontecer, com ou sem máscara, com mais regras, com ou sem vacina, não sei. Mas estou confiante que passado um ano de restrições, as pessoas vão voltar a fazer férias fora do país. Portugal é um mercado de turismo mundial e vamos recuperar esse mercado“, prevê Adrian Bridge.
Para o gestor a região do norte tem “imenso potencial” e acredita que com a partir da construção do WOW nasceu “um núcleo cultural importante que pode funcionar com um catalisador de transformação para a nossa região, a nossa cidade. O Porto é um cartão-de-visita para os turistas”, conclui.
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