Comprar ou arrendar? Há uma “sobrevalorização das rendas”

Portugueses sempre compraram mais do que arrendaram. É um hábito que se explica em grande parte pelos custos que ambas as modalidade acarretam. Arrendar sai, muitas vezes, caro.

Na hora de encontrar casa para morar, os portugueses preferem ser os próprios donos do imóvel em vez de ter um senhorio. E os números falam por si. No último ano, por cada 100 habitações, foram feitas 3,5 transações e celebrados apenas 1,2 novos contratos de arrendamento, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Isso é explicado pelo facto de comprar uma casa sair mais barato do que arrendar.

Em Portugal, há mais pessoas a comprar do que a arrendar casa. Os dados dos últimos censos, citados pelo INE, mostram isso mesmo: em 2011, 72% dos alojamentos familiares clássicos ocupados estavam arrendados. E esta é uma tendência que continua até aos dias de hoje.

Nos últimos 12 meses terminados em junho, foram efetuadas 3,5 transações por 100 alojamentos clássicos enquanto foram celebrados apenas 1,2 novos contratos de arrendamento por 100 alojamentos, refere o INE. E este cenário acentua-se em determinadas regiões, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa (AML): por cada 100 alojamentos foram transacionados quatro e celebrados 1,6 novos contratos de arrendamento.

Contudo, foi na Região Autónoma da Madeira que se observou a “dinâmica mais reduzida no mercado de aquisição e de arrendamento”: em 100 alojamentos 2,3 foram transacionados e 0,9 foram arrendados.

Com uma maior ou mais reduzida dinâmica entre estas modalidades, os dados mostram o mesmo: os portugueses compram mais casas do que as arrendam. E isso pode ser explicado pelo facto de ser inquilino trazer custos mais elevados. O INE analisou o valor da habitação entre o mercado de aquisição e o mercado de arrendamento e concluiu que há uma “aparente sobrevalorização dos valores de arrendamento”.

Comparação entre o valor da habitação no mercado de arrendamento e no mercado de aquisição. Acima da bissetriz estão os municípios com uma sobrevalorização das rendas. | Fonte: INE

Esta tendência observa-se, sobretudo, nos municípios com mais de 100.000 habitantes. Na AML — à exceção do município de Lisboa –, a maioria dos municípios regista uma “sobrevalorização dos valores de arrendamento”, assim como praticamente todos os municípios da Área Metropolitana do Porto e, de uma forma geral, “os municípios com mais de 100 mil habitantes”.

Contudo, pelo lado contrário, na generalidade dos municípios do Algarve o INE destaca um cenário oposto: uma subvalorização relativa das rendas face aos valores do mercado de aquisição.

No ano passado, a Century 21 (C21) publicou um estudo em que já dava conta desta realidade. A imobiliária afirmava que “comprar casa exigia um menor esforço financeiro” do que arrendar “em todos os concelhos do país”. Usando como exemplo uma casa com 90 metros quadrados, a C21 nota que comprar este imóvel “implica um encargo mensal entre 14% a 61% inferior ao valor mensal do arrendamento praticado na mesma zona”.

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