Já são cinco as autarquias que vão proibir Pingo Doce de abrir às 6h30
Lisboa, Cascais, Braga, Matosinhos e Gaia já decretaram que as lojas não poderão abrir às 6h30. O Governo está reunido, podendo travar os intentos do Pingo Doce.
As Câmaras de Lisboa, Cascais, Braga, Matosinhos e Gaia vão impedir que os supermercados Pingo Doce localizados nos concelhos abram às 6h30 nos próximos dois fins de semana, como o grupo Jerónimo Martins tinha anunciado pretender fazer. A decisão anunciada pelos Presidentes da respetivas Câmaras Municipais.
Na capital, a autarquia emitiu um despacho em que clarifica que o horário de abertura dos estabelecimentos comerciais em Lisboa nos próximos dois fins de semana será às 08h00 da manhã, “não sendo aceite a abertura antecipada antes dessa hora a qualquer estabelecimento comercial ou de venda a retalho”.
Logo após a divulgação do comunicado, o presidente Fernando Medina justificou, em entrevista à SIC, que a proibição foi decidida por motivos de “equidade e transparência”. Disse não querer compactuar com estratégias para “ir buscar o lucro ao vizinho”, considerando que este “aproveitamento” é “lamentável”.
O despacho é semelhante ao que já tinha sido determinado pela autarquia de Cascais. O presidente da Câmara Carlos Carreiras anunciou que “não é permitido [estabelecimentos comerciais] iniciarem a sua atividade mais cedo do que o horário habitual”.
Apesar de nenhum dos dois se referir especificamente às lojas Pingo Doce, ambos despachos são publicados após o anúncio da Jerónimo Martins de que iria ter os supermercados abertos das 6h30 às 22h nos próximos dois fins de semana, ou seja, num período em que estarão em vigor restrições de circulação nos concelhos do país mais afetados pela pandemia.
A Norte há mais concelhos a rejeitar esta opção. Tanto em Braga como em Matosinhos, no distrito do Porto, os estabelecimentos comerciais vão poder abrir nos próximos dois fins de semana às 08h00 para evitar aglomerações de pessoas. Este já é um alargamento do horário normal e a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, rejeita acomodar o horário pretendido pela retalhista liderada por Pedro Soares dos Santos.
“Esta decisão do grupo Jerónimo Martins é um aproveitamento inaceitável das regras de restrição à circulação de pessoas”, escreveu Salgueiro no Facebook, de acordo com a Lusa. A presidente da Câmara juntou-se assim presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) e autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que considera a abertura antecipada uma decisão individual que põe “em risco o espírito” das restrições.
O responsável de Gaia pediu a intervenção do Governo e regras iguais para todos. Caso, não aconteça, admite travar também a antecipação do horário. A “Câmara Municipal de Gaia vai proibir qualquer abertura de supermercados antes das 8 horas, mantendo o comércio local os seus horários normais de abertura”, diz a autarquia em comunicado.
“O comércio local merece as mesmas regras das grandes superfícies. Estes estabelecimentos, que pagam todos os impostos em Portugal, não podem ser discriminados face aos hipermercados. Haja respeito pelos sacrifícios das pessoas, pelo Estado de Emergência e pelo trabalho de quem está a lutar contra esta pandemia. Quero muito proteger o comércio local porque são esses que, no dia-a-dia, nos ajudam a prosseguir como país”, refere Eduardo Vítor Rodrigues.
Apesar de várias autarquias já terem decretado que as lojas não poderão abrir às 6h30, o Executivo está reunido em Conselho de Ministros e poderá decidir ainda esta quinta-feira travar a intenção da empresa. Além das autarquias, também o Bloco de Esquerda defendeu que o Governo devia “agir fortemente” para travar “o abuso” que representa o Pingo Doce abrir as suas lojas às 06h30 no fim de semana “com a desculpa da pandemia”, segundo afirmou Catarina Martins, citada pela Lusa.
(Notícia atualizada às 17h11 com a autarquia de Gaia)
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