EDP integra Coligação para o Hidrogénio Renovável. Há oportunidades de investimento até 700 mil milhões de euros
Estudos revelam que o hidrogénio apresenta oportunidades de investimento entre os 550 e os 700 mil milhões de euros. A Coligação é apresentada hoje, no arranque da Semana Europeia do Hidrogénio.
A Europa vai ter a partir desta segunda-feira, 23 de novembro, uma nova Coligação para o Hidrogénio Renovável, no mesmo dia em que arranca a primeira edição da Semana Europeia do Hidrogénio. Lançada pela WindEurope e SolarPower Europe, principais organizações de energia renovável da Europa, e apoiada pela Breakthrough Energy, o objetivo desta coligação é posicionar a União Europeia como líder mundial neste gás descarbonizado do futuro (produzido por eletrólise a partir de eletricidade 100% renovável), peça-chave da transição energética. A portuguesa EDP integra a Coligação para o Hidrogénio Renovável.
“O hidrogénio tem atraído interesse a nível europeu pelo seu contributo decisivo nos esforços de descarbonização. Comparando com outras formas de produção, o hidrogénio renovável deverá ser reconhecido como o único que está alinhado com as metas de neutralidade de carbono. Além disso, representa uma oportunidade para o desenvolvimento industrial na Europa, sendo um dos possíveis catalisadores da recuperação económica. A EDP revê-se nestes compromissos, pelo que o apoio ao lançamento desta coligação é natural“, disse fonte oficial da elétrica ao ECO/Capital Verde.
A ambição da coligação de colocar a UE na liderança, no que ao hidrogénio diz respeito, é sustentada pelas conclusões de um novo relatório da Material Economics, consultora especializada em inovação no setor da energia limpa e transição energética, que revela que os países europeus poderiam produzir e comercializar hidrogénio verde ainda mais rápido do que as atuais estratégias nacionais sugerem, através de colaborações entre a cadeia de valor e os produtores finais, semelhante ao que a European Battery Alliance fez para os veículos elétricos.
O estudo da Material Economics revela ainda que o hidrogénio renovável apresenta uma oportunidade significativa de investimento entre os 550 e os 700 mil milhões de euros, com um potencial de redução de emissões poluentes de 450 a 550 milhões de toneladas de CO2 (ou 10% das emissões anuais da Europa).
Ao nível da criação de um mercado para este gás renovável, a consultora estima que existe uma “procura oculta” significativa na economia europeia de hidrogénio verde na ordem de com 540 TWh a curto prazo e de 1200 a 1400 TWh no médio prazo, desde que haja reduções de custos, investimentos e apoio político.
“Para concretizar este potencial, a Europa precisa de agir com rapidez e escala em quatro áreas: estabelecer mercados-piloto (por exemplo, fertilizantes verdes e aço), mobilizar investimentos maciços (especialmente em energias renováveis, uma vez que provavelmente são necessários mais de 280 GW de capacidade renovável dedicada) e acelerar a inovação”, refere a WindEurope em comunicado.
Neste contexto, a nova coligação hoje apresentada oficialmente no primeiro dia da Semana Europeia do Hidrogénio apoiará e acelerará a adoção de soluções de hidrogénio renovável na Europa, ao mesmo tempo que dará voz às empresas do setor e construirá uma rede interdisciplinar. A iniciativa conta com o apoio da comissária Europeia de Energia, Kadri Simson, sob cuja autoridade a Comissão Europeia apresentou uma estratégia de hidrogénio em julho que estabeleceu a meta de produzir 10 milhões de toneladas deste gás até 2030.
“A participação nesta aliança irá permitir à EDP partilhar e aumentar o seu conhecimento sobre o hidrogénio renovável, reforçando assim os seus compromissos com a transição energética e os objetivos de descarbonização. A integração neste grupo de empresas é, por isso, um passo importante para a promoção do papel fundamental que o hidrogénio verde poderá vir a ter no futuro sistema energético europeu, bem como em geografias onde esta tecnologia represente uma oportunidade e exista procura e apoio para o seu desenvolvimento. Sendo a EDP uma empresa global presente em múltiplos países, esta é naturalmente uma tecnologia com potencial que será avaliada sempre que se justificar”, acrescentou fonte oficial da EDP.
A Coligação sublinha a importância do hidrogénio renovável para atingir os objetivos do Green Deal e para alcançar a neutralidade climática da UE em 2050. Também ajudará a desbloquear todo o potencial de descarbonização das economias europeias, incluindo mercados de uso final, como aviação, transporte marítimo e indústria pesada.
“Para descarbonizar totalmente a energia na Europa, precisamos de hidrogénio renovável. E tem de ser feito na Europa. A WindEurope tem o prazer de fazer parte desta Coligação. Queremos ajudar a construir uma indústria de hidrogénio forte, baseada nas energias renováveis”, disse Giles Dickson, CEO da WindEurope. O objetivo é criar uma indústria de eletrolisadores e desenvolver os modelos de negócios e mercados que tornarão o hidrogénio predominante.
Por seu lado, Walburga Hemetsberger, CEO da SolarPower Europe, disse: “A Europa é líder mundial em muitas tecnologias de energia renovável, incluindo as mais recentes aplicações inovadoras de energia solar. Agora é uma oportunidade de ouro para a Europa desenvolver uma indústria de hidrogénio robusta e competitiva, para que possa liderar o mundo nesta solução de descarbonização. Para garantir que as ambiciosas metas climáticas da Comissão Europeia sejam cumpridas e que todos os setores sejam descarbonizados antes de 2050, o hidrogénio verde fornece o elo que faltava, e Coligação está pronta para ampliar a posição da Europa sobre esta tecnologia e fornecer a rede necessária e entrada”.
No mesmo comunicado, Miguel Stilwell de Andrade, CFO e CEO interino da EDP (empresa portuguesa que faz parte desta Coligação), afirmou: “O hidrogénio renovável tem vindo a ganhar ímpeto impulsionado por ambiciosos objetivos de descarbonização e pela necessidade de complementar a eletrificação para permitir a utilização de fontes de energia renováveis. Na EDP, vemos o hidrogénio renovável como parte dos nossos compromissos para um futuro sustentável”.
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