“Como o Chega não se moderou, PSD aproximou-se para este parecer mais moderado”, diz ministra de Estado
Mariana Vieira da Silva criticou a aproximação do PSD ao Chega, classificando-a de "muitíssimo estranha". "Foi muito mais rápida do que alguma vez imaginei", admite.
A ministra de Estado e da Presidência considera que o último mês e meio tem sido “muito revelador” das diferenças “muito significativas” entre o PS e o PSD. Em declarações ao podcast do PS, Mariana Vieira da Silva diz que entre os dois partidos a distância é cada vez maior, criticando a aproximação dos social-democratas ao Chega. “Foi muito mais rápida do que alguma vez imaginei”, disse. Já quanto ao Orçamento do Estado para 2021, a responsável está confiante de que será aprovado.
“O último mês e meio tem sido muito revelador das diferenças que estão em causa nas políticas. Na reposta à crise económica e social, as diferenças entre o PS e o PSD são muito significativas e tornaram-se mais visíveis. E ainda só estou a falar das políticas“, começou por dizer a ministra, durante o podcast do PS “Política com Palavra”, transmitido esta quarta-feira.
Referindo que “as distâncias que vão sendo cavadas entre o PS e o PSD — também por força dessa coligação com o Chega — são cada vez maiores”, Mariana Vieira da Silva criticou ainda os social-democratas pela aproximação ao Chega. “Este é o momento em que o PSD acha que a melhor coisa a fazer é uma aproximação à extrema direita”, disse.
“A sensação que as últimas semanas dão é que, como o Chega não se moderou, o PSD aproximou-se do Chega para ele parecer mais moderado. Mas isso ainda é mais preocupante”, continuou, dizendo ter ficado surpreendida com esta postura do PSD.
“Num momento em que tudo devia ser claro, face ao que se passa no mundo, em que era preciso lutar pelo que acreditamos em comum — o funcionamento da sociedade democrática — uma aliança àqueles que questionam essa base da nossa organização em sociedade é muitíssimo estranha e foi muito mais rápida do que eu alguma vez imaginei“, acrescentou.
“A nossa expectativa é que o OE possa ser aprovado”
A ministra de Estado e da Presidência falou ainda do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), que está a ser discutido e votado esta semana no Parlamento. “Este é o OE mais difícil que o Governo já aprovou. São precisas respostas tão inovadoras e distintas, porque a situação do país é muito difícil”, disse Mariana Vieira da Silva, afirmando que também isso contribui para tornar “mais difíceis de superar as diferenças entre os partidos”.
Ainda assim, a governante diz estar confiante na aprovação do documento. “Estamos mesmo nos momentos finais, que são sempre difíceis de comentar. Julgamos que nos últimos meses demos os passos de aproximação necessários para que o OE possa ser aprovado. E a nossa expectativa é que o OE possa ser aprovado e seja exatamente o instrumento que pensamos que devia ser agora“, disse.
A ministra diz desconhecer os sentidos de voto dos restantes partidos, mas alerta que Governo em duodécimos, ou seja, sem um OE aprovado, poderia trazer limitações, desde logo na contratação de profissionais para o Serviço Nacional de Saúde. “Governar sem orçamento é sempre governar com menos instrumentos do que aquele que dispomos. Mas estamos convencidos que este OE tem esses instrumentos e tem condições para ser aprovado“.
Mariana Vieira da Silva falou ainda da posição do PSD na discussão do OE2021, afirmando que os sociais-democratas “não podem votar o OE à peça”, mas sim “no equilíbrio geral que ele terá”. “Será muito difícil de compreender e muito contraditório que alguém que acha que o OE já dá a mais, depois vá dar mais a mais alguns”, disse, referindo-se ao partido de Rui Rio.
Já para a esquerda, a ministra questionou: “Se não é neste momento que a esquerda se consegue unir, então quando é que é?”. E rematou, afirmando que a “esquerda precisava de aproveitar esta oportunidade para provar que é preciso fazer diferente”.
(Notícia atualizada às 12h39 com mais informação)
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