O Web Summit deste ano é totalmente online, mas há uma ferramenta para facilitar o contacto pessoal. Através de conversas de três minutos, participantes já encontraram vários novos contactos.
“Olá Mariana, se calhar vou ser a sua notícia de hoje”. Foi assim que começou a primeira conversa no Mingle, a ferramenta do Web Summit para ligar os participantes numa edição que é totalmente online. Basta carregar no botão e o algoritmo encontra alguém com quem deve falar, mas há um senão: o encontro dura apenas três minutos e, de seguida, os participantes são ligados à próxima pessoa.
A primeira ligação foi com Banu, da Turquia, que tem uma app que permite cortar cinco segundos de qualquer vídeo, criar um gif e partilhar nas redes sociais. Para a empreendedora, que já tinha participado no evento no ano passado, o Mingle tem sido “a melhor parte da Web Summit”, ao ligá-la investidores e outros profissionais da área, para darem uma perceção do que precisa de saber e do que procuram.
No lado direito do ecrã, na aplicação web do evento, é possível ver quais são as áreas de interesse ou conhecimento da outra pessoa. Quando os participantes se inscreveram na plataforma, tiveram de dizer quais os conhecimentos e as áreas nas quais estavam interessados, informação que é depois utilizada para identificar a “pessoa ideal” para conversar.
A conversa fluía mas acabou por ser cortada a meio, já que nesta estreia faltou monitorizar a barra que sinaliza que o tempo está a terminar. Nas chamadas seguintes já foi mais fácil controlar o tempo mas, de qualquer forma, quem quiser continuar a falar pode fazer um pedido para conectar, para conseguir manter a ligação após a chamada.
Quando termina a chamada, o sistema procura mais pessoas para ligar, o que pode ser instantâneo, tendo apenas cinco segundos para se preparar, ou pode ainda demorar algum tempo. De forma a agilizar a utilização do serviço, a organização incluiu no horário algumas “Mingle hour”, na qual as pessoas podem experimentar a ferramenta em simultâneo. Ainda assim, é preciso ter cuidado a gerir os horários, já que Banu sinalizou que perdeu algumas conferências porque estava no Mingle. O tempo voa.
Três minutos bastam para speed dating
Para alguns, três minutos é exatamente o necessário. Leonie Khan defende que o Mingle está a provar-se “interessante, não só para negócios”, funcionando quase como “speed dating“. A irlandesa trabalha numa empresa que permite compensar a pegada de carbono com projetos que reduzem o CO2 na atmosfera. Por agora, a app ainda só esta disponível em alguns países, mas Portugal pode ser dos próximos, adiantou. Tudo porque uma das pessoas da equipa trabalha a partir do Porto, explica, acrescentando que “já trabalhava remotamente antes da Covid”.
Para Friedrich Eickhoff, que participa pela primeira vez mas “definitivamente não pela última” no Web Summit, trabalha numa solução de IT para purificação do ar, que trata de plantas de interior, e diz que a resposta até agora tem sido “ótima”.
Para o alemão, que está agora baseado em Barcelona, o Mingle é uma “ferramenta incrível para conectar com várias pessoas”, acreditando que, mesmo com este tempo limitado, é possível ser aqui que se “encontra a pessoa que encaixa nas necessidades”. Para outros, o limite imposto nas conversas é demasiado curto. É o caso de Josef que, desde a República Checa argumenta que cinco minutos seria o tempo ideal. Também André Ribeiro, um developer português, defende que este tempo permite falar do necessário, mas “não é suficiente para ter uma conexão”.
À procura de trabalho ou de trabalhadores?
Para André Ribeiro, que vem pela primeira vez “a sério” ao Web Summit, já que apenas tinha participado há alguns anos quando o Governo deu bilhetes a estudantes, nesta ferramenta encontram-se dois tipos de pessoas: “Os que querem apresentar trabalho e os que querem trabalho”. Quanto aos participantes que tem encontrado, vão de acordo com o que estava à espera, sendo maioritariamente “CEO ou startups que querem pessoas”.
A polaca Milena, atualmente a viver na Letónia, prova, no entanto, que existem também pessoas no Mingle que querem apenas aprender e procuram partilhar conhecimento. É uma estreante no Web Summit, que trabalha em risco e procura pessoas que tenham perspetivas nas áreas de data science e risco.
Já Josef está com a empresa no Web Summit para encontrar negócio, “mas tal não é prioridade”. O checo aponta que tem encontrado maioritariamente investidores, mas destaca que o bom desta ferramenta é o networking.
Mingle é o que “distingue experiência” do Web Summit este ano
Para Arnau Torrent Bea, business developer, o Mingle é mesmo o que “distingue toda a experiência” do Web Summit este ano, já que agora é mais comum assistir a conferências e webinars, sendo que “o que faz a diferença é esta ferramenta que permite falar com pessoas semelhantes e trocar ideias”.
Em vinte minutos, foi possível falar com pessoas de seis países diferentes, nenhum deles de Portugal. Ainda assim, logo na segunda chamada foi possível falar com alguém em português, Matheus, que é brasileiro e tem uma app na área da saúde. Foi apenas à oitava ligação que encontramos um conterrâneo, que trabalha numa sociedade de propriedade intelectual.
Para alguns dos participantes, esta é uma das vantagens da ferramenta, ligando a pessoas com perspetivas diferentes. O brasileiro Natã Matos, que tal como Milena está à procura de conhecimento, contou que tinha acabado de falar com um ucraniano que tinha uma startup e acabou por ficar com o contacto para falar mais depois.
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Mingle tem sido “melhor parte” do Web Summit. Neste speed dating, tem três minutos para conversar
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