São várias as organizações empresariais que apelam ao reforço da sustentabilidade no contexto de uma recuperação pós-Covid-19.
O World Economic Forum (WEF) defende que a crise decorrente da pandemia de Covid-19 nos pode dar a possibilidade de “reset” em alguns setores, como a aviação, saúde, energia e financeiro, devendo proporcionar um momento de reflexão sobre o propósito das organizações nas sociedades onde operam. A maximização do lucro a curto prazo, praticado pelo mundo inteiro nos últimos 40 anos, parece estar a dar lugar, pelo menos em aspiração, à necessidade de as empresas definirem o seu papel como agentes de transformação numa sociedade capitalista. Num artigo no site do WEF pode ler-se que a crise pandémica revelou três aspetos:
- Sobre o Planeta, ficamos a compreender que a atividade humana está fortemente ligada às alterações climáticas;
- Sobre as Pessoas, verificamos que não somos todos igualmente resilientes em sociedade;
- Sobre o Lucro, compreendemos que não conseguimos sobreviver muito tempo sem atividade económica, até porque cerca de 40% dos negócios existentes podem não conseguir reativar-se depois deste desastre;
“Na essência, precisamos de gerir os riscos climáticos, reforçar a nossa presença social e inspirar a atividade económica que cria valor para a humanidade, se queremos criar um mundo que é sustentável e bem equipado para combater as crises que virão”, lê-se no site do WEF.
O World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) tem vindo a recolher os vários artigos que têm sido publicados sobre a importância de nos reinventarmos em prol de um bem comum mundial e humanista. Nesta página pode ver-se os vários artigos escritos por vários CEO e outras personalidades importantes a nível empresarial, onde se defende que a aposta na sustentabilidade deve aumentar, e nunca diminuir.
Em termos práticos como se pode substanciar esta aposta na sustentabilidade, na recuperação imediata pós Covid?
Em Portugal, o Plano de Recuperação e Resiliência nacional (PRR) afirma o seu alinhamento com a prioridade europeia conferida às transições climática e digital, tendo este plano três dimensões: Resiliência, Transição Climática e Transição Digital. Destas dimensões surge a criação de nove roteiros para a retoma do crescimento sustentável e inclusivo.
Fonte: Plano de Recuperação e Resiliência
No que respeita à Transição Climática existem 3 roteiros:
- Mobilidade sustentável: mobilidade sustentável
- Descarbonização e bioeconomia: descarbonização da indústria
- Eficiência energética e renováveis: eficiência energética em edifícios; e hidrogénio e renováveis
Sendo o valor do investimento público nesta frente de 2.888 milhões de euros.
A nível Europeu, na semana passada aumentou-se a meta de 40% para 55% de redução das emissões de CO2 até 2030, reforçando assim a importância da neutralidade carbónica para 2050 a nível europeu. A 9 de dezembro foi também lançado o Pacto Europeu para o Clima, que pretende juntar toda a sociedade em projetos que promovam a neutralidade carbónica.
Se a crise agravar, a aposta na sustentabilidade vai cair? Vai haver tentação para a aposta na sustentabilidade cair, mas também se estão a conseguir colocar os temas ambientais e de equidade na lista das prioridades financeiras e políticas. Todos vamos ser tentados a deixar cair a sustentabilidade, cabe à lei impedir que isto aconteça, cabe à nossa consciência impedir de nos levar nesse caminho, cabe à fiscalidade apostar nos estímulos certos, cabe às escolas ensinar o que é correto.
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Se a crise se agravar em 2021, a aposta das empresas na sustentabilidade vai cair?
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