CureVac lança teste de larga escala à vacina contra a Covid-19
A CureVac arrancou com os ensaios clínicos da fase 3 da vacina que está a desenvolver contra a Covid-19. Os ensaios clínicos de larga escala vão envolver 35 mil voluntários da Europa e América Latina.
O grupo de biotecnologia alemão CureVac lançou esta segunda-feira um teste de estágio final em larga escala da sua vacina Covid-19. Os ensaios clínicos vão envolver 35.000 participantes na Europa e América Latina, avança o Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês). No âmbito do acordo da União Europeia, Portugal espera receber quatro milhões de doses desta vacina.
Tal como as vacinas que estão a ser desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna, a vacina desenvolvida pelo grupo alemão usa tecnologia mRNA. Ou seja, é introduzido no corpo um mensageiro de ácido ribonucleico (mRNA na sigla em inglês), que contém informação genética sobre o vírus, neste caso, o SARS-CoV-2. O que acontece é que o próprio corpo começa a produzir a proteína única ao vírus. Depois, o sistema imunitário da pessoa reconhece que este elemento não deve estar no corpo e produz defesas contra a infeção.
Este ensaio clínico vai ser realizado em 35.000 voluntários com mais de 18 anos, na Europa e América Latina. Assim, a CureVac junta-se agora a outras 13 farmacêuticas que já estão realizar os ensaios clínicos da fase 3, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde. Trata-se da última fase antes de uma vacina ser aprovada, envolvendo, por isso, um leque mais alargado de participantes. “Os dados de segurança clínica e imunogenicidade obtidos até o momento parecem promissores e temos esperança de que este ensaio continue a demonstrar o impacto da tecnologia de mRNA e da nossa vacina”, disse Franz-Werner Haas, presidente executivo da empresa, citado pelo mesmo jornal.
Face a esta notícia, as ações da Curevac ganham 6,6% na negociação pré-abertura das bolsas norte-americanas, segundo a Reuters. Recorde-se que a empresa entrou para o Nasdaq em agosto, depois de o governo alemão ter pago 300 milhões de euros para adquirir 23% do capital da empresa.
O desenvolvimento da vacina contra a Covid-19 da CureVac está mais atrasado do que outras concorrentes, como a alemã BioNTech, que já recebeu autorização por parte do regulador dos EUA e está já a ser administrada no Reino Unido, bem como da Moderna, que solicitou a aprovação de emergência no mês passado. Nesse sentido, é improvável que a CureVac solicite a aprovação junto do regulador antes de meados do próximo ano, segundo fontes próximas do processo consultadas pelo Financial Times. No âmbito dos acordos realizados pela Comissão Europeia para a aquisição conjunta de vacinas contra o novo coronavírus, Bruxelas já comprou 405 milhões de doses desta vacina, sendo que é expectável que Portugal receba quatro milhões, segundo explicou o presidente do Infarmed, na apresentação do Plano de Vacinação contra a Covid-19.
Entre as principais diferenças face às vacinas concorrentes estão o acondicionamento para transporte, bem como as doses produzidas. Ao contrário da vacina da BioNTech, que necessita de ser mantida a aproximadamente 70ºC negativos durante o transporte, a vacina da CureVac mantém-se estável pelo menos durante três meses nos congeladores ditos normais. Além disso, o grupo alemão espera produzir três milhões de doses até 2021 e mais de 600 milhões de doses em 2022, números bastante inferiores às 1,3 mil milhões de doses que o consórcio Pfizer/BioNTech espera produzir até ao final do próximo ano.
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