Moratórias são “significativas” e “vão ser reavaliadas nos próximos meses”, diz Centeno
Centeno reconhece que Portugal tem dos maiores níveis de crédito em moratória na Europa. Adianta que regime será reavaliado nos próximos meses e frisa que "não se deve deixar os bancos isolados".
Ouvido pela primeira vez pelo Parlamento enquanto governador do Banco de Portugal, Mário Centeno reconheceu que o montante de moratórias concedido pelos bancos portugueses é “significativo” e adiantou que o regime “será reavaliado nos próximos meses”.
“As moratórias atingem uma dimensão significativa, muito maior do que a média da Zona Euro e União Europeia”, disse esta terça-feira Mário Centeno na comissão de orçamento e finanças.
“É instrumento importante de liquidez em momento de crise aguda. É um instrumento que se deve manter ativo, mas dever ir evoluindo e adaptando-se à crise”, acrescentou o governador, revelando que “a amplitude, a dimensão, o foco das moratórias” deve ser reavaliado “ao longo dos próximos meses”. “Temos de voltar a reavaliar esse quadro temporal”, frisou mais tarde, mas de acordo com o enquadramento europeu.
Os últimos dados do Banco de Portugal revelam que mais de 20% do crédito dos bancos está “protegido” pelas moratórias. São 46 mil milhões de euros. De acordo com os dados das autoridades europeias, é o terceiro nível mais elevado na Europa. Até setembro de 2021, que é quando o regime expira, o supervisor estima que as moratórias empurrem cerca de 13 mil milhões de euros em prestações devidas e não pagas por famílias e empresas aos bancos.
Centeno defendeu ainda que as moratórias são “uma panaceia que tem de ser acompanhada ao longo do tempo com adaptações”. Nessa medida, defendeu o papel que o Governo poderá ter na transição após o fim do regime, frisando que as medidas que forem adotadas “não podem deixar o setor bancário isolado nesta matéria”.
Para assegurar uma transição suave após o fim das moratórias, o ministro da Economia já disse que deverá apresentar novas medidas no primeiro semestre do próximo ano, que deverão “passar por uma combinação de soluções desde converter dívida em capital até injeção de capital novo que precisa de robustecer o balanço das empresas”, segundo disse Siza Vieira numa conferência do ECO.
Ainda sobre as moratórias, Centeno fez questão de dizer que “não são perdões de dívida” e que os bancos devem fazer um acompanhamento próximo dos clientes para identificar eventuais riscos de incumprimento no futuro.
(Notícia atualizada às 11h13)
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