Família EDP já vale 42 mil milhões de euros. Manda num terço da bolsa de Lisboa

Apesar da mudança na liderança, 2020 foi um ano forte para o grupo. Em 2021, tanto a casa-mãe como a subsidiária para as renováveis já renovaram máximos e continuam a subir.

A EDP Renováveis não pára de valorizar, tendo-se tornado a cotada mais valiosa da bolsa de Lisboa. A eólica superou até mesmo a casa-mãe, com o impulso dado pelas políticas verdes, especialmente na Europa, mas também (mais recentemente) nos EUA. O Green Deal financiado por fundos comunitários e a eleição presidencial de Joe Biden com uma forte aposta no plano climático estão entre os principais fatores.

A política energética gradualmente mais “verde” e renovável, no âmbito do ESG [critérios ambientais, sociais e de governo de sociedades], tem beneficiado a EDP Renováveis que regista máximos históricos consecutivos e é já o título que mais pesa no PSI-20“, explica Paulo Rosa, senior trader do Banco Carregosa, ao ECO.

A EDP Renováveis (18,67%) e a EDP (15,22%) eram, no fim do ano passado, as cotadas com mais peso no PSI-20. Juntas representam 34% do valor do índice de referência nacional. Nenhuma outra empresa vale mais de 10% do PSI-20, sendo que a lista das cotadas com maior representação no índice continua com o BCP (9,61%), Galp Energia (9,27%) e REN (8,15%).

Peso das cotadas no PSI-20 no fim de 2020 e 2019

Fonte: Comissão do Mercado de Valores Mobiliários

Este indicador é ajustado pela Euronext Lisbon periodicamente, mas evolui com base no desempenho da ação. E foi o que aconteceu com a família EDP. A eólica valorizou 117,14% em 2020 para 22,80 euros e, desde então, já tocou um novo máximo histórico de 24,40 euros por ação. Já a casa-mãe EDP ganhou 36,53% para 5,156 euros no ano passado e, em 2021, a cotação já chegou a 5,412 euros.

Graças a estas valorizações, a EDP atingiu uma capitalização bolsista de quase 21,1 mil milhões de euros, quase a ser apanhada pelos 20,8 mil milhões de euros da EDP Renováveis. Em conjunto valem 41,9 mil milhões de euros.

O ano foi positivo em bolsa para o grupo, apesar de ter sido turbulência para a liderança. A EDP foi liderada nos últimos 15 anos e até junho por António Mexia, e a EDP Renováveis por João Manso Neto, mas os dois gestores foram suspensos de funções em julho por decisão judicial, na sequência do caso das rendas excessivas. À data, o administrador financeiro, Miguel Stilwell, assumiu as funções de presidente executivo interino, sendo que deverá passar a CEO permanentemente na assembleia geral de acionistas a 19 de janeiro.

Além de Stilwell ter sido visto como continuidade, o principal fator que levou os investidores a ignorarem o caso é o impulso das renováveis. Mais recentemente, os movimentos altistas “refletem o otimismo geral que existe no mercado devido à introdução das vacinas na população e a esperança de que o retomar à normalidade esteja cada vez mais próximo, criando assim um sentimento positivo no mercado”, aponta Henrique Tomé, analista da XTB.

Capitalização das cotadas do PSI-20

Fonte: Reuters

Para 2021, os analistas continuam a querer ter exposição aos títulos, mas estão cautelosos quanto a maiores valorizações. O consenso das recomendações dos analistas (compilado pela Reuters) para a EDP é de “compra”, sendo que nenhum analista que cobre a ação recomenda a “venda”. No entanto, o preço-alvo médio situa-se em 5,14 euros, ou seja, menos 3% do que a cotação atual. Já em relação à EDP Renováveis, a recomendação é de “compra” e o preço-alvo de 17,11 euros (com um potencial de desvalorização de 27%). Dada a rápida evolução do desempenho e a altura do ano, os targets poderão ainda não ter sido atualizados.

Paulo Rosa, do Banco Carregosa, acredita que “a tendência verde espelhada no ESG poderá continuar a suportar as empresas de energias renováveis”. Mas Henrique Tomé, da XTB, alerta que “o novo ano, 2021, poderá representar algumas correções nos setores que mais têm estado expostos, como é o caso da EDP Renováveis e da EDP”.

“O retomar da normalidade, assim que a pandemia estiver novamente sob controlo, poderá fazer com que os setores mais fragilizados ao longo do ano passado possam beneficiar com as correções dos setores que mais têm crescido ao longo do ano passado devido à pandemia provocada pela Covid-19″, acrescenta Tomé.

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