Mota-Engil abre espaço a que acionistas chineses reforcem posição
Após o aumento de capital, a CCC ficará com cerca de 30% da Mota-Engil, mas a MGP da família Mota continuará como maior acionista com cerca de 40% da construtora.
A Mota-Engil prepara-se para aumentar o capital em mais 100 milhões de euros, dando assim espaço para os novos acionistas, a gigante estatal chinesa da construção CCCC, a reforçar a posição. A operação vai ser votada esta quinta-feira em assembleia geral de acionista e tem aprovação garantida já que a família Mota é o maior acionista.
A China Communications Construction Company (CCCC) chegou a acordo, em agosto do ano passado, com a holding Mota Gestão e Participações (MGP) para a compra de 23% do capital da construtora portuguesa. Pela participação de cerca de 55 milhões de ações, a CCCC pagou na altura 169,4 milhões de euros.
Para evitar que os novos acionistas tenham de lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a empresa, ficou logo acordado que a Mota-Engil viria a realizar um aumento de capital para todos os acionistas, mas que o grupo chinês já disse que irá subscrever. É essa autorização que a empresa pede agora aos acionistas, numa assembleia geral que decorre esta quinta-feira às 17h00, no Porto.
“A autorização compreende a deliberação de um aumento de capital, por uma única vez, por novas entradas em dinheiro e mediante a emissão de novas ações ordinárias com o mesmo valor nominal das existentes”, pode ler-se na convocatória. “O montante máximo do aumento do capital social será de mais 100.000.000 euros (cem milhões de euros). O aumento de capital terá por destinatários os acionistas da sociedade no exercício dos respetivos direitos de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição”.
Após o aumento de capital, a CCC ficará com cerca de 30% da Mota-Engil, mas a MGP continuará como maior acionista com cerca de 40%. Ainda não é conhecido o preço a que cada ação será emitida, mas pela participação inicial, a CCCC pagou 3,08 euros por título. Este montante coloca a avaliação do grupo em cerca de 750 milhões de euros, o que compara com o atual valor de mercado da Mota-Engil de 332,7 milhões de euros.
Desempenho da Mota-Engil no PSI-20
Segundo anunciaram as empresas, o acordo e parceria estratégica entre a Mota e a CCCC permitirá “um reforço das capacidades financeiras, técnicas e comerciais do grupo Mota-Engil, a fim de aumentar as suas atividades em todos os mercados e abrir novas oportunidades para novos desenvolvimentos”.
Em bolsa, investidores e analistas aplaudiram o negócio, com os títulos a valorizarem após o anúncio. No entanto, o novo agravamento da pandemia no quarto trimestre de 2020 voltou a penalizar as ações, que negociam atualmente nos 1,45 euros.
“A aliança e parceria estratégica assinada com a China Communications Construction Company (CCCC) poderá ser decisiva para a história de investimento da Mota-Engil”, dizia, no mês passado, o Caixa Banco de Investimento. “A empresa recebe uma injeção vital de capital numa altura em que opera num contexto difícil, ganhando igualmente acesso a novas fontes de financiamento, experiência e know-how de um dos maiores grupos de infraestruturas a nível mundial (top 5)”.
As duas empresas já trabalhavam juntas há mais de um ano nomeadamente no México e Colômbia. “No nosso entender esta aliança poderá continuar a trazer receitas e EBITDA adicionais à companhia, ajudando assim ao importante processo de desalavancagem do seu Balanço”, acrescenta o Caixa BI, que atribuiu uma recomendação de “compra” às ações e um preço-alvo de 2,30 euros (com potencial de valorização de quase 60%).
(Título atualizado às 11h05 para clarificar que todos os acionistas podem subscrever o aumento de capital)
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