Os robôs chegaram aos jornais

  • Leonor Rodrigues
  • 24 Janeiro 2017

Um jornal chinês tem um novo repórter, um robô chamado Xiao Nan. Mas será o único robô-jornalista do mundo? Nem por isso.

Que a China é obcecada pelas novas tecnologias, já toda a gente sabe. Agora há mais uma e, desta vez, no jornalismo. O Southern Metropolis Daily têm mais um repórter na equipa – e não é de carne e osso.

Na semana passada, o diário chinês publicou a primeira notícia escrita pelo repórter robô: o Xiao Nan ou Little South. A notícia tem pouco mais de 300 palavras e diz que o transporte ferroviário é o mais procurado pelos chineses durante o Ano Novo Lunar, altura em que milhares de pessoas viajam para verem as suas famílias.

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Repórteres robôs na China… E não só

Ainda que, na China, o Xiao Nan seja o primeiro repórter robô, na verdade a invenção não é nova — nem chinesa. Nos EUA já existem agências noticiosas a utilizar robôs para escreverem determinadas notícias, nomeadamente a Associated Press e a Bloomberg. No ano passado, a Bloomberg começou a utilizar esta tecnologia para notícias relacionadas com os mercados, com a identificação ‘by Bloomberg Automation‘.

Mas estão os robôs a ‘roubar’ empregos? Para o editor da Bloomberg, John Micklethwait, a resposta é não. Têm sim o poder de auxiliar os jornalistas. Na altura, Micklethwait disse que “utilizado de forma apropriada, o jornalismo automatizado tem o potencial de tornar o nosso trabalho mais interessante”. O mesmo afirma o próprio Southern Metropolis Daily e ainda Wan Xiaojun, professor na Universidade de Pequim que desenvolveu o programa: “Os robôs vão servir de complemento, auxiliando os editores e os jornalistas”.

Inovadores mas limitados

Apesar de inovadores, os robôs ainda são muito limitados. O Xiao Nan, por exemplo, está apenas programado para analisar a venda dos bilhetes de comboio e para cobrir eventos desportivos, recorrendo à deteção de palavras-chave. Também o robô da Bloomberg se limita a criar conteúdos relacionados com os mercados acionistas, caracterizados por serem factuais e de leitura simples.

Apesar de Xiaojun afirmar que o robô chinês pode ser programado também para produzir notícias noutras áreas, o responsável nega que venha substituir o trabalho dos jornalistas, até porque “os robôs continuam incapazes de conduzir uma entrevista e de responder intuitivamente a questões” e precisam de alguém que supervisione o seu trabalho, ainda que sejam úteis na análise de dados e a produzir notícias breves.

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