Marcelo liderou onde há mais casos Covid-19 e maior área ardida. Veja o desempenho de todos os candidatos

  • ECO e Lusa
  • 25 Janeiro 2021

Ana Gomes teve mais votos em concelhos onde a população tem mais habilitações e João Ferreira em concelhos mais jovens. Veja como são os concelhos onde os partidos tiveram melhores resultados.

Marcelo liderou nos concelhos onde há mais casos Covid-19 e maior área ardida, Ana Gomes obteve mais votos onde a população tem mais habilitações, João Ferreira teve mais votos em concelhos mais jovens e Tino de Rans em concelhos com menor poder de compra.

Estas são algumas das conclusões que é possível retirar do portal de dados estatísticos, EyeData, onde os resultados eleitorais de cada candidato são divididos em três, permitindo ver qual o terço dos concelhos em que cada candidato obteve os melhores resultados, os piores resultados e o resultado médio. Depois, no mesmo portal é possível cruzar esse resultado com um vasto conjunto de variáveis económicas e sociais que permitem caracterizar, em termos médios, como são os concelhos onde os candidato tiveram melhores ou piores resultados.

Marcelo liderou onde há mais casos Covid-19 e maior área ardida

Segundo o EyeData, no terço dos concelhos onde Marcelo Rebelo de Sousa obteve melhor resultado nas presidenciais, a variação entre a área ardida e a média nacional é de 126,72%, uma vez que nos concelhos onde o atual Presidente da República mais liderou a área ardida é de 1,04% do território, enquanto a média nacional é de 0,46%.

Também relativamente aos concelhos com mais casos de Covid-19 por 100.000 habitantes, com dados da última segunda-feira referentes aos 14 dias anteriores, Marcelo Rebelo de Sousa obteve os melhores resultados, com uma variação de 92,76%, uma vez que nesses concelhos houve 6.239,55 casos, quando a média nacional é de 3.236,99 casos.

Os concelhos onde Marcelo Rebelo de Sousa teve uma melhor prestação têm também uma densidade populacional inferior à média nacional, já que é de 82,61 habitantes por km2 face à média nacional de 111,62 hab/km2.

Ana Gomes recebeu mais votos em concelhos com mais habilitações

O terço dos concelhos onde Ana Gomes obteve melhores resultados nesta eleição registou nos últimos 14 dias 1472,79 casos de Covid-19, número 54,5% inferior aos 3.236,99 casos por 100 mil habitantes a nível nacional. Além disso, teve mais votos no terço dos concelhos onde o ganho médio dos trabalhadores por conta de outrem é de 1.256,18 euros, valor que compara com os 1.168,42 euros de média nacional.

O poder de compra por habitante é nestes concelhos de 110,88 pontos, 10,75% acima da média nacional correspondente a 100 pontos. Por outro lado, as empresas nascidas um ano antes revelam uma sobrevivência da ordem dos 11,15%, contra a média nacional de 10,50%.

Na população com mais de 15 anos e com pelo menos o ensino secundário, o valor é superior em 14,28%, correspondendo a 34,89% no terço em que Ana Gomes teve melhores resultados e 30,53% a nível nacional. Estes concelhos registam, por outro lado, um número de estabelecimentos de ensino pré-escolar, básico e secundário por 10 mil habitantes inferior à média nacional, mas registam valores superiores ao conjunto do país no que diz respeito ao número de alunos por computador (nos ensinos básicos e secundários): 4,82 contra 4,55. A percentagem de empregadores com pelo menos o ensino secundário é de 58,70% acima dos 53,3% da média nacional.

Ventura com mais votos nos concelhos com menor densidade populacional

André Ventura obteve mais votos nos concelhos com menor densidade populacional, dado que no terço onde obteve mais apoio esta é de 48,52 habitantes/km2, e a média nacional é de 111,62 hab/km2. Nestes concelhos a população estrangeira é também maior que na média nacional, dado que é de 7,45% onde André Ventura teve melhor resultado eleitoral e a média nacional é de 5,72%.

Os beneficiários de Rendimento Social de Inserção (RSI) são menores nos concelhos onde André Ventura melhores resultados obteve face à média nacional, uma vez que esta é de 3,03% e nos concelhos onde o candidato apoiado pelo Chega teve melhor prestação essa percentagem desce para 2,74%.

E o número de casamentos não católicos é superior à média nacional (71,05% contra 69,36%), e as compras em terminais de pagamento automático por habitante estão alinhadas com a média nacional (4.598,96 euros face à média nacional de 4.580,82 euros).

João Ferreira com mais votos em concelhos mais jovens

Os concelhos onde o candidato João Ferreira obteve mais votos têm poder de compra mais elevado do que a média nacional e população mais jovem. O ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem é, nestes concelhos, de 1335,75 euros, valor que supera em 14,32% os 1168,42 euros que constituem o valor médio quando se tem em conta o conjunto do país.

Ainda na vertente económica verifica-se que por cada mil habitantes nestes concelhos, há 13,48 que trabalham na administração pública local, enquanto a nível nacional este rácio é de 12,40.

Estes concelhos têm uma percentagem de população com menos de 15 anos mais elevada do que a média nacional (14,56% contra 13,63%), mas registam também uma percentagem mais elevada de pessoas com mais 65 anos: são 23,30%, enquanto no conjunto do país este indicador é de 21,99%. Além disso, a taxa de retenção no ensino básico supera em 23,18% a média nacional, atingindo 4,68%, contra 3,80% no conjunto do país. Nos concelhos onde João Ferreira obteve melhores resultados, 35,56% da população com mais de 15 anos tem pelo menos o ensino secundário, acima da média nacional de 30,53%.

Marisa mais forte em concelhos com maior densidade populacional

Marisa Matias obteve melhores resultados em concelhos com maior densidade populacional do que a média nacional. Nos concelhos onde Marisa esteve mais forte, há menos trabalhadores da administração pública local por mil habitantes e há 5,22% de desempregados inscritos no Centro de Emprego, mais do que os 4,91% da média do país. Já nos concelhos onde registou piores resultados, a produtividade das empresas é mais baixa.

São concelhos que se caracterizam por terem menos escolas de ensino básico, pré-escolar e ensino secundário por 10 mil habitantes do que a média nacional e uma maior taxa de retenção no ensino básico (4,3% contra 3,8%). Por outro lado, os concelhos onde registou piores resultados são aqueles que também têm uma população menos escolarizada.

Marisa Matias também obteve melhores resultados nos concelhos onde registou bons resultados nas eleições de 2016. Porém, a candidata perdeu votos em todos os concelhos, em comparação com as presidenciais anteriores.

Mayan teve mais votos nos concelhos do litoral

O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal Tiago Mayan registou melhores resultados no litoral do país, em concelhos mais escolarizados e com maior densidade populacional, havendo quase o triplo da densidade populacional nesses municípios, em comparação com a média nacional.

Nestes concelhos, o saldo populacional natural (relação entre novos nascimentos e menor saldo populacional) é 57% menos negativo do que o registado em todo o território e 6,73% da população residente é estrangeira, um valor superior à média nacional de 5,72%.

Tiago Mayan pontuou mais em concelhos onde é mais caro comprar ou arrendar uma habitação e em que se regista mais 8,89% de poder de compra do que em todo o país. Nestes concelhos, há mais 13% de empresas do setor social e da saúde por mil habitantes do que na média nacional e mais 13,82% de empresas de atividades culturais e desportivas. Por outro lado, onde o candidato apoiado pela IL esteve pior, regista-se uma menor produtividade das empresas.

Tino de Rans com mais votos em concelhos com menor poder de compra

Vitorino Silva obteve mais votos em concelhos onde o nível de escolarização é inferior à média nacional e com menor poder de compra.

Nos concelhos em que o candidato também conhecido como Tino de Rans obteve votação mais elevada, a percentagem de população com 15 ou mais anos com pelo menos o secundário é de 23,76%, inferior aos 30,53 da média nacional. Também o número de empregadores com pelo menos o ensino secundário (43,21%) é inferior à média nacional (53,23%), embora na taxa de retenção no ensino básico estes concelhos apresentem um valor mais favorável do que a média nacional: 2,41% contra 3,80%.

O ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem nestes concelhos é de 977,95 euros, inferior ao valor médio registado no país, de 1168,42 euros e o poder de compra é igualmente mais baixo: 81,19 pontos, face ao índice 100 da média nacional.

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