Lojas Mercadona querem ser mais “verdes” até setembro de 2021
A Mercadona quer reduzir 25% do plástico das embalagens até 2025, mas não revela quanto desta meta já conseguiu cumprir. "Valor está em processo de quantificação", diz diretor de Economia Circular.
Até setembro de 2021, todas as 1.641 lojas Mercadona em Portugal e Espanha querem ser mais “verdes”, ou seja, essa é a meta definida pela empresa para implementar a 100% em toda a sua cadeia ibérica o plano de sustentabilidade da marca Estratégia 6.25, revelou ao ECO/Capital Verde Plácido Albuquerque, diretor de Economia Circular da Mercadona.
“Prevemos que até setembro todas as lojas de Portugal e Espanha já estejam com a estratégia implementada. Isso vai criar outra força para as questões da sustentabilidade, junto de clientes e fornecedores. Muitas coisas até já estão nas lojas, não estão devidamente comunicadas”, disse o responsável.
Nos últimos meses, a retalhista adaptou já um total de 71 lojas em Espanha e apenas uma Portugal ao modelo de Loja 6.25, que será agora alargado a toda a cadeia durante 2021. Em Portugal, o único supermercado com este conceito para já é o de Matosinhos (Porto).
A partir de abril/maio, e num espaço de seis meses, até setembro, as restantes 19 lojas portuguesas vão também adotar o conceito. O mesmo está previsto para as oito a dez novas lojas que Mercado planeia abrir este ano, todas a norte: Guimarães, Porto, Matosinhos, Santa Maria da Feira, Espinho, Famalicão, Vila do Conde, Felgueiras.
A Estratégia 6.25 da Mercadona tem o triplo objetivo de, até 2025, reduzir 25% do plástico das embalagens, ter todas as embalagens de plástico recicláveis e reciclar todos os resíduos de plástico gerados nas suas instalações.
Este objetivo está a ser cumprido através de um total de seis ações que envolvem modificações em diferentes processos da empresa, desde redesenhar as embalagens em coordenação com os fornecedores, a adequar lojas e logística, a gestão de resíduos, entre outros. No seu conjunto, a empresa prevê investir mais de 140 milhões de euros nos próximos quatro anos para a concretização de todas as ações que integram esta estratégia.
As metas são ambiciosas, mas ao dia de hoje Plácido Albuquerque garante a redução do plástico está a ganhar velocidade. Quanto da redução de 25% já está neste momento cumprida é um valor ainda está em processo de quantificação, garante. “A Estratégia é gradual e é para evoluir no tempo até 2025. Parte da indústria ainda não está preparada. Para eliminar o plástico de uso único já tivemos avanços, mas tivemos de retroceder nas palhinhas de papel, por exemplo, porque não tinham a qualidade desejada. Esperamos em breve ter uma solução definitiva. Mas o movimento já começou e está a ganhar velocidade. Daqui a meio ano já vai ser mais rápido”, garante.
De acordo com Plácido Albuquerque, todas as embalagens da marca foram analisadas durante dois anos pelo Instituto Tecnológico de Embalagens e Transporte e Valência, para determinar de que materiais são feitas e quais as componentes de plástico que podem ou não ser substituídas.
“Estamos a envolver todos os nossos fornecedores. Nos tomates cherry, por exemplos, alguns já conseguiram eliminar o plástico nas embalagens, outros ainda não, tudo depende do investimento em novas soluções. A indústria também está a esforçar-se”, diz o responsável. Nas lojas há também uma linha de baldes e esfregonas que são feitos a partir de mantas agrícolas, como as que cobrem os morangos. “Vamos buscá-las aos campos e depois entregamos a um fornecedor que cria essa linha de produtos para limpeza doméstica”.
Outro exemplo passa pelos sacos de plástico reutilizáveis, que estão nas linhas de caixa. “Têm mais plástico reciclável na sua composição, proveniente de processos internos, cuja introdução é mais cara do que o plástico virgem, por isso em vez de dez cêntimos custam 15 cêntimos. Só por aí já estamos a notar uma redução no seu consumo”, revela o diretor de Economia Circular da Mercadona.
Nas frutas e legumes, bem como em todas as outras secções, a marca eliminou recentemente os sacos de plástico de uso único, colocando em alternativa sacos compostáveis feitos de fécula de batata, que depois de usados devem ser depositados no contentor de lixo orgânico. Outra hipótese são também os sacos de malha, reutilizáveis. “O que vemos é que os clientes continuam a preferir chegar ao rolo e tirar um saco para colocar a fruta. Privilegiam esse comportamento, que não tem custo, em vez do outro saco que compram, usam e voltam a reutilizar num compra futura”, refere o responsável da marca, lembrando que “a consciencialização dos clientes também impacta os resultados de sustentabilidade da Mercadona”.
Em curso a empresa tem ainda as obras do bloco logístico da Póvoa do Varzim, onde vai nascer uma “nave” que serve para albergar um sistema de limpeza das caixas de plástico reutilizáveis do fornecedor de longa data Logifruit, que a Mercadona já utiliza na sua logística inversa e que ali serão limpas para que possam voltar ao circuito, promovendo assim a Economia Circular. Com previsão de início de atividade em 2022, o espaço tem 50 mil metros quadrados e resulta de um investimento previsto de cerca de 20 milhões.
Em março de 2020, a Mercadona juntou-se à Smart Waste Portugal para promover a Economia Circular no país, tendo também feito a adesão ao Pacto Português para os Plásticos. Esta plataforma colaborativa pretende fomentar a Economia Circular dos plásticos em Portugal e evitar que estes se transformem em resíduos. No início de 2021, a empresa anunciou a adesão ao Movimento Unidos Contra o Desperdício, que pretende chamar a atenção para o desperdício alimentar.
(Correção: Na versão inicial desta notícia foi escrito que, ao dia de hoje, a meta de redução do plástico nas embalagens na Mercadona não vai além dos 2 a 3%, mas este valor ainda está em processo de quantificação por parte da empresa. Estes erros tiveram origem em informações incorretas fornecidas pela Mercadona ao ECO/Capital Verde. Pelo sucedido pedimos desculpa aos nossos leitores)
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