Maioria dos países da Zona Euro subiu salário mínimo em ano de pandemia
A maioria dos países da Zona Euro decidiu subir o salário mínimo em 2021 mesmo com o impacto da crise pandémica, tal como Portugal. O salário mínimo português foi o quinto que mais aumentou.
Os dados do Eurostat sobre a evolução do salário mínimo permitem concluir que, tal como Portugal, a maioria dos países da Zona Euro decidiu aumentá-lo em ano de pandemia. Dos 15 países da Zona Euro (composta por 19 países) que têm salário mínimo, 12 países decidiram subir o salário mínimo, apesar da crise pandémica. O aumento português é o quinto mais elevado em termos percentuais e o sétimo em valor absoluto.
Esta sexta-feira o gabinete de estatísticas europeu divulgou o valor dos salários mínimos pagos na União Europeia, confirmando que o português está a meio da tabela. Dos 27 Estados-membros da União Europeia, 21 têm fixados salários mínimos nacionais, que variam entre 332 euros na Bulgária e 2.202 euros no Luxemburgo. Portugal está a meio da tabela.
Na comparação entre 2021 e 2020, esta análise opta apenas pelos países da Zona Euro uma vez que, como os dados estão em euros, a evolução do salário mínimo dos outros Estados-membros é influenciada não só pela decisão do respetivo Governo, mas também pela evolução da taxa de câmbio face ao euro. Por exemplo, a moeda da Hungria e a da Roménia desvalorizou face ao euro em 2020 e os dados do Eurostat mostram uma redução do salário mínimo entre 2020 e 2021, ainda que o salário mínimo tenha ficado igual.
Focando a análise na Zona Euro, os dados mostram que há 15 países com salário mínimo — Itália, Chipre, Áustria e Finlândia não têm um salário mínimo nacional, sendo este definido através de negociação setorial. Desses 15 países, três decidiram manter o salário mínimo no mesmo nível: Estónia, Grécia e Espanha. O caso espanhol é especial dado que em 2019 o salário mínimo deu um salto de 858 euros para os 1.050 euros e depois para 1.108 euros no início de 2020, aumentando 250 euros em dois anos. Normalmente, os aumentos dos salários mínimos são mais graduais.
Assim, os dados do Eurostat mostram que 12 países da Zona Euro decidiram aumentar o salário mínimo em 2021, apesar da crise pandémica. Em Portugal, o Governo PS optou por uma subida de 30 euros (a 14 meses), mas foi criticado tanto pelos patrões como pelo PSD. “Criar mais custos às empresas quando elas quase não têm receita não me parece a melhor via”, criticou Rui Rio. Mais tarde, o Executivo socialista decidiu dar uma curta ajuda temporária às empresas, dando um apoio para pagar a TSU adicional que derive do aumento.
O aumento português de 35 euros (a 12 meses) é o sétimo maior em valor absoluto (entre 12 países) e representa uma subida de 4,7%, a quinta maior entre o mesmo universo. As estatísticas europeias mostram que a maior subida percentual pertence à Letónia (16%, 70 euros), seguindo-se a Eslovénia (8,9%, 84 euros), Eslováquia (7,4%, 43 euros) e a Lituânia (5,7%, 35 euros).
Entre os países com um salário mínimo mais elevado, há diferentes aumentos. A Irlanda, por exemplo, optou por um aumento mais expressivo de 4% (67,6 euros) e o Luxemburgo, que tem o maior salário mínimo da UE, subiu 2,8% (60 euros). Já França optou por um pequeno aumento de 1% (15,16 euros), assim como a Alemanha (1,9%, 30 euros) e a Holanda (1,9%, 31,2 euros).
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