OPEP. Quanto deve custar o barril de petróleo?

Apenas um dos países membros da OPEP previu no seu orçamento deste ano uma cotação do petróleo abaixo dos 50 dólares: a Rússia. O nível atual das cotações ameaça o equilíbrio das contas desses países.

Se, para a generalidade dos consumidores o petróleo barato é uma boa notícia, sobretudo na hora de abastecer o carro de combustível, o mesmo não se pode dizer em relação aos países produtores da matéria-prima.

Desde o início do ano passado que as cotações do “ouro negro” insistem em manter-se em torno de níveis mínimos de mais de uma década sendo que, em fevereiro deste ano, aconteceu algo que quase parecia impensável. A cotação do petróleo recuou até à casa dos 26 dólares, o que não acontecia há cerca de 13 anos. Apesar de as cotações da matéria-prima serem atualmente quase o dobro face aos mínimos de fevereiro último, os níveis dos 45/46 dólares são claramente insuficientes, tendo em conta os valores inscritos nos orçamentos da generalidade dos países produtores e a relevância das receitas petrolíferas para as suas economias. Num universo de 13 países apenas um contabilizou no orçamento para 2016 uma cotação do “ouro negro” abaixo da fasquia dos 50 dólares por barril: a Rússia. Moscovo considerou como referência para as suas contas anuais um preço de 40 dólares para o barril de petróleo.

Esta realidade representa um risco elevado para o equilíbrio das contas dos países produtores de petróleo. Algo que já é bastante notório na Venezuela, por exemplo. A má gestão económica e a queda dos preços do petróleo, deixaram a Venezuela, país dependente do “ouro negro”, à beira do colapso. Eulogio del Pino, ministro do petróleo venezuelano, foi um dos intervenientes políticos que mais pressão fez no sentido de uma quebra na produção da matéria-prima, depois da reunião da OPEP em dezembro do ano passado e da cimeira do clima em Doha, em abril deste ano. Uma pressão que é fácil de perceber tendo em conta o preço do petróleo que o executivo venezuelano inscreveu no seu orçamento: 121,1 dólares por barril. Este valor é mais do dobro face à atual cotação da matéria-prima.

Preço do petróleo contabilizado no orçamento dos membros da OPEP

 

Contudo há um país da OPEP que, quando construiu o seu orçamento para este ano, conseguiu ver o petróleo em níveis ainda mais elevados. Foi o que aconteceu com a Líbia. Este país do norte de África considerou, como referência para o equilíbrio das suas contas, os 195,2 dólares para o preço do barril de petróleo. Nem quando a matéria-prima atingiu o pico máximo, em julho de 2008, se assistiu a valores semelhantes. Os 146 dólares foram a cotação mais elevada de sempre. Apesar da importância para este país conseguir ver a cotação do petróleo a níveis mais elevados face aos atuais, segundo a Bloomberg, é difícil vislumbrar a Líbia a aceitar congelar a sua produção, tendo em conta o aumento de 70% registado desde agosto, devido à recuperação dos campos de produção e à reabertura dos portos de exportação pela primeira vez em dois anos.

Num universo de 13 países apenas um contabilizou no orçamento para 2016 uma cotação do “ouro negro” abaixo da fasquia dos 50 dólares por barril: a Rússia. Moscovo considerou como referência para as suas contas anuais um preço de 40 dólares para o barril de petróleo.

Entre os países que consideraram cotações mais elevadas para o petróleo, visando um orçamento equilibrado, está também a Nigéria. O país africano tem como referência os 104,5 dólares/barril. De salientar que o maior produtor de petróleo de África vive circunstâncias excecionais que o levam a necessitar de vender todos os barris de petróleo que conseguir, tendo em conta os constantes ataques que as suas infraestruturas de energia têm sofrido.

A Argélia, onde esta quarta-feira se reuniram os membros da OPEP para discutir um travão à produção de petróleo, é outro dos países que mais pressão tem sofrido em resultado do baixo preço do “ouro negro”. A cotação do petróleo inscrita no orçamento da Argélia é de 87,6 dólares/barril, sendo que o ministro argelino da energia já afirmou que os preços da matéria-prima não podem manter-se abaixo da fasquia dos 50 dólares/barril. A Argélia tem desempenhado um papel muito importante no norte de África no combate contra o Estado Islâmico, sendo que o impacto da baixa cotação do petróleo sobre o seu orçamento pode colocar em causa essa luta.

Os restantes países considerados na análise têm como referência, nos seus orçamentos, preços do petróleo abaixo da fasquia dos 100 dólares mas, na maioria dos casos, bastante acima do atual nível. A Arábia Saudita tem como referência os 66,7 dólares, enquanto Angola definiu os 93,1 dólares. Já o Qatar e o Kuwait assumem valores próximos da atual cotação do petróleo: 52,4 e 52,1 dólares.

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