Custo do trabalho disparou mais de 8% em 2020
O custo do trabalho subiu 8,6%, em 2020, em resultado sobretudo da quebra acentuada das horas trabalhadas, indicam os dados divulgados pelo INE.
Num ano marcado pelo confinamento e, consequentemente, pela quebra das horas trabalhadas, o custo do trabalho aumentou 8,6%. De acordo com os dados divulgados, esta sexta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística, 2020 foi sinónimo de um acréscimo de 9,2% dos custos salariais e de 6,1% dos outros custos. Tudo somado, o custo médio por trabalho subiu 2%, enquanto o número de horas efetivamente trabalhadas por trabalhador caiu 5,8%.
No último trimestre do ano, o custo do trabalho aumento 6,6%, mais 0,6 pontos percentuais do que no trimestre anterior, ao mesmo tempo que as horas de trabalho efetivamente trabalhadas caiu na generalidade das atividades económicas. De notar que, nos últimos meses de 2020, a pandemia agravou-se, o que levou o Governo a apertar as restrições impostas em resposta à Covid-19, fixando nomeadamente um horário de recolher obrigatório que castigou muitos negócios.
No conjunto do ano, o custo do trabalho disparou 8,6%, o que é explicado também pela redução das horas trabalhadas. Isto num ano que ficou marcado pelo confinamento e pela adesão em massa aos regimes de apoio ao emprego, como o lay-off simplificado, que permitem reduzir os horários ou suspender mesmo os contrários garantindo no mínimo dois terços dos salários aos trabalhadores.
O INE detalha que foi registado um aumento de 7,9% do custo do trabalho nas atividade do setor privado (quando em 2019 a subida tinha sido de 1,1%), que compara com o salto de 9,7% nas atividades do setor público. No privado, destaque para os serviços, setor que verificou um aumento dos custos de 8,4%. Já na indústria, a subida foi de 7,8% e na construção (uma das poucas atividades que não esteve confinada em momento algum em 2020) de 3,8%.
E como compara Portugal com os demais países europeus? Os dados disponíveis são referentes ao terceiro trimestre (e não ao conjunto do ano) e indicam que, em média, na União Europeia, o custo do trabalho subiu 1,8%. Portugal registou o terceiro maior salto, entre os Estados-membros, depois da Eslováquia e da República Checa.
Em 2021, o lay-off simplificado, o lay-off tradicional e o apoio à retoma progressiva passaram a assegurar a 100% os salários dos trabalhadores, sendo portanto expectável que os custos do trabalho voltem a subir, pelo menos, no primeiro trimestre, já que o período está a ser marcado por um novo confinamento e consequente onda de adesões a estes regimes de apoio ao emprego. Em janeiro, 54 mil empresas aderiram ao lay-off simplificado e 11 mil ao apoio à retoma progressiva.
(Notícia atualizada às 11h40)
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