Trabalhadores em casa em lay-off fazem disparar custo do trabalho

A queda significativa do número de horas trabalhadas fez disparar os custos dos empregadores com os trabalhadores. Só os custos salariais aumentaram mais de 15%, no segundo trimestre.

Entre abril e junho, o custo do trabalho disparou 13,5% face ao mesmo período de 2019, o que é explicado sobretudo pela forte redução das horas efetivamente trabalhadas resultante da adesão em massa ao lay-off simplificado. De acordo com os dados divulgados, esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os custos salariais registaram um salto de 15,2% em comparação com o segundo trimestre de 2019.

“No segundo trimestre, o Índice de Custo do Trabalho (ICT) aumentou 15,3%. Os custos salariais aumentaram 15,2% e os outros custos do trabalho aumentaram 5,4%“, explica-se na nota divulgada esta quinta-feira. Em comparação, nos primeiros três meses do ano, tinham sido registados saltos de 7,7%, 7,6% e 8,1%, respetivamente, ou seja, verificou-se uma aceleração entre abril e junho, com exceção nos outros custos.

De notar que o ICT é calculado dividindo o custo médio por trabalhador pelo número de horas efetivamente trabalhadas. Daí que, de acordo com o INE, o disparo dos custos do trabalho tenha ficado a dever-se sobretudo à “forte redução” das horas efetivamente trabalhadas por trabalhador. Tal resultou em grande parte da adesão em massa — mais de 100 mil empresas — ao regime de lay-off simplificado, que permite a suspensão dos contratos de trabalho e a redução dos horários. No segundo trimestre, o número de horas trabalhadas caiu, assim, 12,2%. Entre janeiro e março, tinha recuado 3,9%.

As duas principais componentes do ICT são os custos salariais — isto é, salário base, prémios, subsídios regulares e irregulares, horas extraordinárias — e os outros custos, nomeadamente as contribuições sociais pagas pelo patrão, o seguro de acidentes pessoais e as indemnizações por despedimento. A propósito, a isenção total das contribuições sociais prevista no lay-off simplificado ajudou a explicar o facto dos outros custos não terem aumentado tanto quanto, por exemplo, os custos salariais.

Já a evolução dos custos salariais foi explicada pelos aumentos no salário base e no subsídio de férias — o segundo trimestre ficou marcado pela antecipação das férias em muitas empresas — conjugados com o decréscimo acentuado das horas trabalhadas. A indústria foi a exceção e viu os custos salariais caírem.

Na indústria, construção e nos serviços (genericamente o setor privado da economia), registou-se um aumento de 10,3% dos custos do trabalho e de 12,9% dos custos salariais, tendo as horas trabalhadas caído 11,4%. Já no público, o acréscimo dos custos do trabalho foi de 18,7% face ao período homólogo e de 19,1% no que diz respeito aos custos salariais. O número das horas trabalhadas caiu 13,4%, nestas atividade económicas.

(Notícia atualizada às 12h08)

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