Portugal importa mais químicos à boleia dos testes à Covid-19

Em 2020, as importações caíram 15,2%, a maior queda desde 2010. Mas houve uma categoria de produtos em que as importações subiram: foi a dos químicos por causa dos testes, medicamentos e sabão.

Num ano em que tanto as exportações como as importações tiveram quedas expressivas, houve duas exceções em que as trocas comerciais subiram: as exportações de bens alimentares, tal como o ECO já escreveu, e as importações de químicos. A compra de reagentes para o teste à Covid-19, de medicamentos e de sabão ao exterior, explicados pela pandemia, levou a um aumento das importações dessa categoria.

Das 17 categorias em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divide os produtos importados, 16 registaram fortes quedas, principalmente os veículos e os combustíveis, ambos com uma queda superior a 30% face a 2019. Apenas o grupo de produto dos químicos — que é o quarto maior — subiu (+1,2% face a 2019) com mais 99,1 milhões de euros de importações face ao ano anterior.

Se a queda das restantes importações é explicada pela pandemia, também a subida dos químicos o é. De acordo com os dados mais pormenorizados enviados pelo INE ao ECO, a Covid-19 justifica o aumento de 439 milhões de euros, face a 2019, das importações de reagentes para os testes ao coronavírus (Portugal fez uma média de 738 testes por cada mil pessoas), de medicamentos para tratar os doentes e de sabão para desinfetar as mãos.

Em concreto, os dados detalhados do gabinete de estatística mostram que houve mais importações de “iniciadores de reação, aceleradores de reação e preparações catalíticas” e de “reagentes de diagnóstico ou de laboratório em qualquer suporte e reagentes de diagnóstico ou de laboratório preparados”; de “medicamentos constituídos por produtos misturados ou não misturados” e de “sabões, agentes orgânicos de superfície, preparações para lavagem, preparações lubrificantes”, entre outras preparações para lavagens.

O crescimento das importações desta categoria só não foi mais expressivo porque houve uma queda da compra ao exterior de outras subcategorias como é o caso dos produtos químicos orgânicos (menos 102 milhões de euros face a 2019) e inorgânicos como metais preciosos (menos 70,9 milhões de euros) e óleos essenciais e perfumes (menos 103,5 milhões), por exemplo.

Os números do primeiro trimestre de 2020 divulgados pelo Eurostat no ano passado já mostravam este fenómeno a nível agregado da União Europeia. De acordo com os dados do gabinete europeu de estatísticas, as importações extra-UE estavam a subir nos produtos de esterilização, onde se incluem os desinfetantes, e no equipamento de testes de diagnóstico e nos consumíveis médicos, ainda que nestes dois casos as exportações também fossem expressivas.

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