Centro de vacinação de Oeiras já está em funcionamento. Cerca de 300 pessoas do município receberam a primeira dose contra a Covid-19 nesta segunda-feira. O ECO foi ver como funciona o processo.
As portas do novo centro de vacinação de Oeiras instalado no interior do Pavilhão Desportivo Carlos Queiroz, em Carnaxide, já estão abertas. Por volta das 9 horas começaram a chegar as primeiras pessoas com mais de 80 anos que foram contactadas por telefone ou SMS para receberem esta segunda-feira a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
Apesar de o agendamento ter uma hora marcada, alguns utentes chegam ao centro com cerca de uma hora de antecedência. “Vão ter de esperar um pouco”, relata um dos funcionários do centro de vacinação enquanto termina os preparativos para receber os utentes.
Depois de desinfetadas as mãos, todos os que ali chegam são encaminhados para uma primeira sala de espera. “Tem tosse? Esteve em contacto com alguma pessoa infetada com Covid nos últimos dias? Tem doenças crónicas? Já fez radioterapia ou quimioterapia?” Estas são algumas das questões repetidas vezes sem conta por meia dúzia de voluntários com um questionário para tomar nota das especificidades de cada utente.
Feita esta espécie de triagem, poucos minutos passam até os beneficiários serem chamados para o registo eletrónico dos seus dados e as cadeiras que, entretanto, vão ficando vagas são cuidadosamente higienizadas por outro voluntário para a pessoa seguinte. E o procedimento repetir-se-á ao longo do dia.
“Não posso é ver essas coisas. Não gosto de ver a agulha, mete-me aflição!”
No centro de vacinação existem 12 gabinetes onde as vacinas são administradas, o dobro do que havia sido solicitado pelo SNS.
Na sala 5, Maria da Graça Labaredas de 85 anos, nascida em Valpaços, brinca com o apelido. “É Labaredas com B, que é emprestado do meu marido já há 50 anos” diz, à medida que vai arregaçando a manga do seu braço direito.
A administração da vacina demora escassos segundos. “Agora vai ali para uma salinha durante meia hora. Se sentir dores ou comichão chama um dos enfermeiros” alerta a enfermeira Mariana e continua “se mais logo tiver dores no corpo ou doer o braço pode fazer um pouco de gelo e se tiver febre tome um Benuron para se sentir melhor.”
As indicações são iguais para todos os utentes, mas nem todos estão tão à vontade como Maria da Graça. Maria Mabília, de 82 anos está um pouco mais tensa. “Não posso é ver essas coisas. Não gosto de ver a agulha, mete-me aflição!” A enfermeira de serviço tranquiliza-a de modo a aliviar a tensão e relaxar um pouco o braço. Segundos depois, já tinha passado.
Já a Dona Carmelinda de 93 anos parece mais descontraída. “Já vim preparada para isto” diz, enquanto ajeita uma das mangas (curtas) da camisola verde que tem por baixo do casaco. “E qual é o segredo para esse ar tão jovem?”, pergunta a enfermeira Mariana. “Olhe, é trabalhar até poder” diz, entre sorrisos, antes de sair em direção à sala de recobro, uns metros mais à frente. É nesta sala que todos os utentes vacinados vão permanecer durante meia hora, monitorizados pelos voluntários e enfermeiros de serviço.
Ao peito, como todos os utentes e sem exceção, a Dona Carmelinda leva um autocolante com o nome e a hora da administração da vacina. Se nos próximos trinta minutos não houver sintomas secundários a assinalar, pode ir para casa. A segunda dose da vacina está agendada para o próximo dia 8 de março.
Esta segunda-feira o centro administrou cerca de 300 vacinas a idosos com mais de 80 anos, que se juntam às 102 vacinas administradas no dia 10 de fevereiro, o dia em que o centro entrou em funcionamento. Numa primeira fase está prevista a vacinação de cerca de 20 mil pessoas do município de Oeiras com 80 ou mais anos ou 50 anos com patologias associadas.
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Em Oeiras é vacinar “até poder”. O medo das agulhas fica à porta
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