Pólo Tecnológico português aposta no desenvolvimento de aplicações e estudo sobre satélites
Entre os projetos que o CEiiA tem em curso, destaca-se "o Link4S ('Link for Sustainability'), dirigido à sustentabilidade" e que começou em junho do ano passado, aponta Tago Rebelo.
O CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento está a trabalhar no 5G em duas linhas, o desenvolvimento de aplicações para a nova tecnologia e o estudo, ainda numa fase “embrionária”, da complementaridade da rede com os satélites.
“O que é que de facto o 5G vai mudar nas nossas vidas, quais são as aplicações, quais são as soluções tecnológicas” que vai permitir que surjam, quer na mobilidade, quer nos contextos das cidades”, entre outros, explica o diretor de desenvolvimento, Tiago Rebelo, em entrevista à Lusa.
Numa segunda linha, “um bocadinho diferente”, o CEiiA trabalha na “complementaridade das redes 5G terrestres com aquilo que são as redes 5G através de satélite”, para, “no fundo, maximizar a cobertura” das redes móveis de quinta geração, “em particular em áreas remotas ou no Atlântico”.
No final de 2019 e princípio de 2020, o Centro lançou, juntamente a operadora NOS e a Câmara Municipal de Matosinhos, uma “zona livre tecnológica” em Matosinhos, que permite “fazer alguns testes de tecnologias”, aponta Tiago Rebelo.
Entre os projetos que o CEiiA tem em curso, destaca “um grande programa mobilizador nacional” – o Link4S (‘Link for Sustainability’), dirigido à sustentabilidade -, que começou em junho do ano passado e é coordenado também pela NOS.
Trata-se de um projeto em que o CEiiA “é um ‘player’ tecnológico muito relevante, em particular em duas vertentes”: no desenvolvimento de soluções IoT (‘Internet of Everything’ ou Internet das Coisas), para conectar os objetos (‘transponders’ que vão estar nos carros, bicicletas, entre outros objetos), e de plataformas que gerem esses objetos.
“Da própria forma como os objetos vão estar integrados”, é necessário existirem plataformas tecnológicas “onde eles possam existir”, ser controlados e monitorizados, assim como criar negócios sobre eles, explica.
“É provavelmente um dos projetos mais importantes em Portugal. Tem um conjunto de desafios muito associados à conectividade voltada para sustentabilidade, porque as aplicações são muito ‘nesta onda’ da descarbonização, da mobilidade sustentável, muito voltadas para a cidade, para os cidadãos e para a sua qualidade de vida”, aponta.
Já no que respeita ao Espaço, “juntamente com outro grupo de parceiros em Portugal, em particular com a Agência Portugal Espaço”, o CEiiA está a fazer “estudos das aplicações de satélite para áreas não convencionais”, nomeadamente as redes 5G a partir do satélite.
“É uma das grandes áreas nos programas europeus e mundiais. Hoje, quando se fala de comunicações via satélite, fala-se necessariamente da criação de redes 5G via satélite, que são complementares às redes que existem na Terra”, explica.
O estudo ainda está numa “fase muito embrionária” sobre que tipo de constelações, que tipo de satélites, poderiam servir um conjunto de aplicações.
Por exemplo, que tipo de satélites podem vir “a ser desenvolvidos, produzidos e lançados a partir de Portugal”.
No passado, os satélites eram “projetos de muitos milhões de euros desenvolvidos na NASA e naqueles grandes ‘players’, mas atualmente podem ser “do tamanho de uma caixa de sapatos” e países como Portugal “podem ter também alguma ambição no sentido de lançar satélites”.
Satélites deste tipo “estão numa órbita baixa”, a 600/700 quilómetros de altitude, com um tempo de vida útil de um a dois anos, findo o qual desintegram-se “por completo”, não tendo impacto para o ambiente, nem para sustentabilidade espacial.
O CEiiA está também está a estudar aplicações associadas à observação terrestre, a partir da tecnologia satélite.
“Portugal tem uma zona económica exclusiva no oceano que é das maiores do mundo, tem uma plataforma continental estendida também no oceano que é das maiores do mundo, (e) a forma como controlamos, vigiamos e monitorizamos, à data de hoje, é bastante ineficiente“, daí a importância de o fazer com tecnologia satélite, explica Tiago Rebelo.
Outra das aplicações é dar comunicação aos objetos que se movem no Atlântico sob jurisdição portuguesa, não só da parte dos navios, como também de meios de observação autónomos.
“Se tivesse que adivinhar, diria que provavelmente é mais simples colocar um veículo autónomo no mar, numa primeira fase, do que fazê-lo em terra”.
A baixa latência, a banda larga e a resiliência “são as características que tornam a rede 5G muito apetecível”, aponta.
“A minha rede tem de ser resiliente, no sentido em que, por exemplo, uma das grandes aplicações de que se fala em todo o mundo é aquele caso típico do cirurgião que está em Nova Iorque e que através das redes 5G está a operar alguém em África. Aquilo que vem sempre à mente – um braço robótico – o 5G é capaz e poderá vir a ser capaz disto”, diz.
Este tipo de aplicações será utilizada “a médio/longo prazo”, mas “para acontecer de facto”, o 5G tem de ter “grande largura de banda, baixa latência, mas também grande resiliência”, que garante que a rede não falha.
No curto prazo, “aquilo que as pessoas vão sentir vai ser sobretudo associado às suas vidas”, na lógica dos ‘smartphones’, na introdução de novos serviços.
“É a lógica dos objetos conectados, desde o frigorífico, passando pelo microondas, pelo carro, pelo carregador elétrico que eu vou utilizar numa cidade”.
A logística conectada é outra das aplicações que “vai ser revolucionária”, considera, apontando por exemplo “saber onde é que uma encomenda estará em todos os momentos desse ciclo logístico” ou a distribuição aérea com veículos autónomos, em que a Amazon é pioneira.
“Acredito é que aquelas aplicações que só podem ser montadas no 5G vão surgir nos próximos nove, 12, 18 meses e muito ligadas a aplicações críticas em que a comunicação, em tempo real, não pode falhar”, remata.
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