Costa Pinto indicado para chairman do banco da Fundação Oriente

Nome do economista está já em avaliação no supervisor para substituir Carlos Monjardino no conselho de administração do BPG. João Costa Pinto é o primeiro a ser ouvido no inquérito ao Novo Banco.

Carlos Monjardino vai ceder lugar de presidente do conselho de administração do BPG a João Costa Pinto.

João Costa Pinto vai substituir Carlos Monjardino no cargo de presidente do conselho de administração do Banco Português de Gestão (PBG), detido pela Fundação Oriente, apurou o ECO.

O nome do ex-presidente da comissão de auditoria do Banco de Portugal foi aprovado na assembleia geral do banco realizada no final do ano passado, sendo que Costa Pinto, que é vice-presidente da Fundação Oriente, encontra-se agora a aguardar pela avaliação do supervisor, no âmbito do processo fit & proper (adequação e avaliação), para iniciar as funções de chairman na instituição financeira. Já a comissão executiva do BPG não sofrerá alterações, mantendo-se Raul Simões Marques como CEO. Contactada, a Fundação Oriente, que detém 94,25% do banco, não respondeu até à publicação deste artigo.

Costa Pinto foi designado presidente do conselho de administração para cumprir um mandato até 2023, mas assumirá funções numa lógica de transição até à conclusão do processo de venda do banco ao grupo árabe IIB Bahrain Holdings.

Antes de assumir o cargo, porém, Costa Pinto vai passar pelo Parlamento, onde foi chamado no âmbito da comissão de inquérito ao Novo Banco. A audição está agendada para a próxima semana e é aguardada com enorme expectativa. Foi o economista quem elaborou, em 2015, o chamado Relatório da Comissão de Avaliação das Decisões e atuação do Banco de Portugal na Supervisão do BES, com a ajuda da Boston Consulting Group.

O relatório é considerado pelos deputados como uma peça central para perceber a atuação do ex-governador Carlos Costa no caso do banco resolvido em 2014. Por várias vezes o Parlamento tentou aceder ao documento. Recebeu-o agora, mas com o carimbo “confidencial”, o que significa que os deputados da comissão de inquérito poderão consultar o relatório, mas terão de guardar a informação para si.

O próprio Costa Pinto já admitiu ao ECO que a comissão que elaborou o relatório detetou falhas na supervisão do BES, inclusivamente antes do tempo de Carlos Costa. “Não foram tomadas as medidas que deviam ter sido tomadas”, disse em entrevista ao ECO. Costa Pinto disse ainda que a comissão não fez uma classificação das falhas – se foram graves ou não, o que para um governador do Banco de Portugal poderia implicar a exoneração do cargo — detetadas.

30 milhões injetados no banco

O BPG também está em fase de mudanças entre os acionistas. O banco encontra-se em processo de venda ao grupo árabe, sendo que a operação continua em análise no Banco de Portugal/Banco Central Europeu quase dois anos depois da primeira notícia sobre o tema. A pandemia também ajudou a arrastar este processo.

Antecipando essa mudança, o BPG tem feito um esforço substancial para “limpar” o seu balanço de ativos problemáticos. Nos últimos três anos, os acionistas já injetaram cerca de 29 milhões de euros no capital da instituição através de vários aumentos de capital. O último reforço de capital aconteceu no início deste ano: mais 2,75 milhões de euros injetados no banco.

O BPG havia fechado 2018 com um rácio de NPL de 65,4%. O nível de empréstimos problemáticos baixou, entretanto, para 37,5% do total de crédito em 2019. Esta limpeza tem um custo e daí que o banco tenha acumulado prejuízos de 23 milhões de euros entre 2018 e 2019 e realizados os aumentos de capital. Não são ainda conhecidos resultados de 2020.

Além da Fundação Oriente, o BPG tem ainda como acionistas a Fundação Stanley Ho (0,54%) e a STDP (2,5%), entre outros investidores detentores de 2,71% do capital.

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