Com a Janssen, UE passará a ter quatro vacinas. Portugal espera receber 4,5 milhões da vacina de dose única este ano

O regulador europeu deverá dar "luz verde" à vacina da Janssen, farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, contra a Covid-19. A confirmar-se será a primeira vacina de dose única aprovada na UE.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) deverá aprovar esta quinta-feira a vacina da Janssen-Cilag, farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, contra a Covid-19. A confirmar-se, como se prevê, esta vai ser a quarta vacina a receber “luz verde” por parte do regulador europeu, estando previsto que Portugal receba 4,5 milhões de doses. E se uma das grandes diferenças vacina face às já aprovadas é o facto de ser de toma única, há também diferenças no processo de armazenamento.

Aprovada há pouco mais de uma semana do outro lado do Atlântico, mais precisamente nos Estados Unidos, esta vacina foi criada através de um método de desenvolvimento de vacinas criado em Israel há uma década, usando um adenovírus chamado A26. E é também, por isso, uma vacina de vetor viral. Além disso, ao contrário das três vacinas já aprovadas pelo regulador europeu — Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca –, cuja imunização requer a toma de duas doses de vacinas, a vacina da Janssen é de dose única, o que pode ser uma peça fundamental, numa altura em que se continuam a verificar atrasos na entregas das vacinas.

Mas as diferenças não se ficam por aqui. Ao contrário da vacina da Pfizer que requer que seja mantida a uma temperatura entre 70 a 75 graus negativos e da Moderna que pode ser armazenada durante 30 dias à temperatura de um frigorífico doméstico, entre dois a oito graus, mas que num prazo superior deve ser guardada num congelador a 20 graus negativos, a vacina do grupo Johnson & Jonhson pode ser armazenada durante três meses num frigorífico normal, pelo que o seu uso e distribuição é mais prático do que as vacinas que utilizam mRNA.

Em contrapartida, a vacina do grupo Johnson & Johnson revelou uma eficácia relativamente inferior às da Pfizer e Moderna — cuja eficácia varia entre 95% e 94%, respetivamente –,bem como da AstraZeneca (média de 70%, mas que pode chegar aos 90%, seguindo um método específico). Segundo os mais recentes estudos comunicados por esta farmacêutica, a vacina da Janssen demonstrou taxa de 85% nos casos mais graves da doença. Importa sublinhar que o índice de eficácia global aponta a capacidade da vacina de proteger em todos os casos, sejam eles infetados com sintomas leves, moderados ou graves, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que para uma vacina ser aprovada tem de ter pelo menos 50% de eficácia.

Numa altura em que as variantes ganham terreno um pouco por todo o mundo, um estudo da Food and Drug Administration (o regulador do medicamento dos EUA) revelou que a vacina da Janssen se mostrou eficaz contra a variante britânica e brasileira. Também num outro estudo realizado na África do Sul, apontava que esta vacina tinha taxa de eficácia de 64% na prevenção de doenças moderadas a graves, segundo a Reuters.

A EMA já avaliou os dados de qualidade e de estudos laboratoriais que analisaram como esta vacina desencadeia a produção de anticorpos e células imunitárias que têm como alvo o Sars-CoV-2 (o vírus que causa a Covid-19), bem como de segurança clínica. Fica assim a faltar a análise de dados adicionais sobre a eficácia e segurança, cujo parecer será conhecido esta quinta-feira.

A ser favorável, o passo seguinte é a Comissão Europeia aprovar a vacina para que esta comece a ser disponibilizada nos estados-membros da UE. Não obstante, Ursula von der Leyen já adiantou que está tudo a postos para autorizar o imunizante logo que a EMA dê o parecer científico positivo, pelo que é expectável que comece a ser disponibilizada a todos os estados-membros a partir de abril.

No âmbito do contrato realizado com a Comissão Europeia, estão previstas 200 milhões de doses da vacina da Jassen para a Europa este ano, com a opção de compra de mais 200 milhões. Quanto a Portugal, a previsão é que as primeiras 1,25 milhões de vacinas da empresa norte-americana cheguem já no segundo trimestre deste ano, sendo que se estima que Portugal receba um total de 4,5 milhões de doses desta vacina ainda este ano, conforme avançado pelo Presidente do Infarmed.

Não obstante, importa salientar que esta é a previsão atual, pelo que as quantidades ainda poderão ser ajustadas. Segundo a Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês), a Johnson & Johnson informou, na semana passada, a UE que está a enfrentar problemas de abastecimento que podem dificultar os planos para entregar 55 milhões de doses da sua vacina contra a Covid-19 ao bloco comunitário no segundo trimestre do ano. Fonte da UE acrescentou que a empresa afirmou que não é impossível cumprir a meta, mas mostrou cautela, numa altura em que o bloco comunitário está debaixo de fogo, devido aos atrasos das vacinas. Para pressionar as farmacêuticas e garantir que os cidadãos europeus têm acesso às vacinas, a Comissão Europeia criou um mecanismo de autorização de exportação de vacinas para a Covid-19.

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