Ainda há entre 600 e 800 portugueses retidos no Brasil. Latam e Azul podem fazer voos de repatriamento
À semelhança da TAP que vai fazer um terceiro voo de repatriamento de portugueses, as companhias brasileiras Latam e Azul estão autorizadas a organizar voos de repatriamento nas mesmas condições.
Ainda estão retidos no Brasil entre 600 e 800 portugueses devido à suspensão das ligações aéreas, incluindo 100 em situação prioritária, o que justificou um terceiro voo de repatriamento da TAP. Neste sentido, as companhias aéreas brasileiras Latam e Azul estão autorizadas a organizar voos de repatriamento nas mesmas condições em que a companhia área portuguesa está a fazer, disse esta sexta-feira à Lusa a secretária de Estado das comunidades portuguesas.
“São 600, 700 ou 800 portugueses” que ainda estão retidos naquele país, disse Berta Nunes, em entrevista à Lusa, salientando que este é um número variável, tal como “a categoria de prioritários também é dinâmica e pode, dentro de alguns dias, integrar mais pessoas”.
No segundo voo TAP, que chegou na quinta-feira à noite a Lisboa, vindo da cidade brasileira de São Paulo, os cidadãos em situação prioritária eram “191, mais do que no primeiro voo”, onde vinham 100 pessoas naquela categoria.
“Entretanto, as pessoas ficam em situações mais precárias”, adiantou a governante sobre os voos de repatriamento entre o Brasil e Portugal, num momento em que as ligações aéreas entre os dois países continuam suspensas.
“Estamos a falar de situações de saúde (…) estamos também a falar de pessoas que, estando retidas durante bastante tempo, podem começar a ficar em situações difíceis do ponto de vista económico”, acrescentou.
O próximo voo sairá de Lisboa com destino a São Paulo no dia 15 e regressa no dia 16, último dia em que vigora o despacho que suspende as ligações aéreas. Caso haja uma prorrogação da medida por mais 15 dias, será reavaliada a situação para ver se se justifica um novo voo, referiu Berta Nunes.
“Começámos a verificar é que muitas pessoas estavam a vir [do Brasil para Portugal] fazendo escala noutros países. E não estava claro que deviam fazer a quarentena, embora fosse óbvio”, referiu.
Quanto ao preço para quem não tenha passagem da TAP, é igual ao praticado no primeiro voo, ou seja, de 890 euros. As condições foram iguais, assegurou.
Companhias brasileiras têm autorização para voos de repatriamento
As companhias brasileiras Latam e Azul estão autorizadas a organizar voos de repatriamento nas mesmas condições em que a TAP está a fazer. “Sabemos que há brasileiros que estão retidos em Portugal e têm bilhetes de companhias aéreas brasileiras, nomeadamente da Azul e da Latam, e nós já sinalizámos às autoridades e às próprias companhias que podem organizar voos nas mesmas condições da TAP”, afirmou Berta Nunes, em entrevista à Lusa.
“Da mesma forma que as autoridades brasileiras autorizaram a TAP a operar [para o Brasil] nós também o faremos em relação às companhias brasileiras que queiram realizar esses voos” entre os dois países, acrescentou a secretária de Estado.
Quanto às condições, “são as mesmas” que se aplicam para os voos da TAP, assegurou. No entanto, disse, até ao momento o Governo português não teve “nenhum pedido de autorização”.
Os dois voos de repatriamento realizados pela TAP entre o Brasil e Portugal, o último dos quais regressou a Lisboa na quinta-feira à noite cheio de passageiros portugueses, mas também de estrangeiros residentes em Portugal que estavam retidos naquele país, “foram lotados” nos dois sentidos “e lotaram rapidamente”, referiu.
“Nestes voos de repatriamento também podem vir [do Brasil para Portugal] pessoas brasileiras, e muitas delas são brasileiras, mas que tenham residência em Portugal e precisem de vir. E (…) estão a vir do Brasil para cá, algumas até nas categorias de prioritárias”, indicou.
Questionada sobre se houve algum pedido de repatriamento de cidadãos brasileiros em situação de vulnerabilidade em Portugal, Berta Nunes respondeu que o Governo contactou a Embaixada brasileira “dizendo que os brasileiros que quisessem regressar ao Brasil podiam aproveitar estes voos”, mas que não recebeu “nenhum pedido de apoio direto”.
Porém referiu que “a comunidade brasileira em Portugal, tendo autorização de residência, como tem a grande maioria certamente, (…) pode recorrer aos apoios que existem para qualquer imigrante”.
“Temos apoios para todos os imigrantes que estão em situação de carência, na área da saúde e na área social”, destacou.
O Brasil anunciou na quinta-feira um terceiro voo comercial extraordinário entre Lisboa e São Paulo (Guarulhos), operado pela TAP e previsto para 15 de março, visando o repatriamento de cidadãos brasileiros retidos em território português.
Trata-se do voo da TAP que deverá trazer de regresso a Lisboa, no dia 16, mais 298 portugueses retidos naquele país.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil referiu que 519 brasileiros já conseguiram regressar ao país nos dois voos anteriores, realizados pela TAP em 26 de fevereiro e 10 de março.
Governo apela para que portugueses só façam viagens essenciais
A secretária de Estado das comunidades portuguesas apelou esta sexta-feira e aos portugueses para que só façam viagens mesmo essenciais e que cumpram, no final destas, a quarentena obrigatória.
“Queria reforçar essa questão, continuamos a aconselhar a fazerem apenas viagens essenciais. Isso é mesmo muito importante. Esta recomendação para os portugueses fazerem apenas viagens essenciais para o Brasil ou até mesmo para outros países mantém-se”, afirmou Berta Nunes.
Em entrevista à Lusa a propósito dos voos de repatriamento de portugueses e brasileiros que se encontram retidos no Brasil ou em Portugal por causa da suspensão das ligações aéreas entre os dois países, medida tomada pelo Governo português para conter a pandemia de Covid-19, a secretária de Estado sublinhou que “a situação continua incerta e instável”.
“Temos países que hoje estão bem e depois começam a piorar“, alertou, e quando isso acontece são tomadas “decisões unilaterais e as pessoas ficam retidas”.
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