BEI quer “ajudar promotores a investir” no hidrogénio português

"Desde o início da pandemia já emitimos 21,4 mil milhões de euros em sustainable awareness bonds", disse Mourinho Félix no webinar “Investment, digitalization and green financing: The Portuguese case"

O vice-presidente do Banco Europeu de Investimento, Ricardo Mourinho Félix, voltou a dar garantias que vai estar ao lado de Portugal para pôr em prática as suas ambições na produção em larga escala e exportação de hidrogénio verde para o norte da Europa.

“Já financiámos 2 mil milhões de euros de projetos de hidrogénio desde 2010, apoiámos infraestruturas e inovação. Estamos preparados para ajudar os promotores a implementar as suas estratégias de investimento em Portugal”, garantiu Mourinho Félix no encerramento do webinar “Investment, digitalization and green financing: The Portuguese case”, organizado esta segunda-feira pelo Banco de Portugal em conjunto com o Banco Europeu de Investimento.

Caracterizando o BEI como o banco climático da UE e o maior financiador para projetos ambientais e sustentáveis, o seu vice-presidente deu conta que as atividades de financiamento estão alinhadas com as metas do Acordo de Paris e que 50% do financiamento será alocado à ação climática e sustentabilidade até 2025.

Queremos mobilizar 1 bilião de euros para investimentos em ação climática na próxima década. Para atingir este objetivo o BEI vai apoiar iniciativas de larga escala que vão contribuir para a descarbonização da economia, tais como o desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogénio verde. Portugal já mostrou vontade política de fazer parte desta cadeia de valor”, disse Mourinho Félix, sublinhando que os investimentos do BEI serão feitos através de green bonds e também de sustainable awareness bonds.

“Desde o início da pandemia já emitimos 21,4 mil milhões de euros em sustainable awareness bonds”, acrescentou.

Sobre Portugal, Mourinho Félix diz que o papel do BEI no país atingiu em 2020 os níveis mais elevados desde a crise da dívida soberana, tendo a Península Ibérica sido uma das regiões mais afetadas pela pandemia de Covid-19. Nos últimos anos, o BEI lançou lançou várias iniciativas de equity em Portugal e está agora “preparado para lançar mais” e para apoiar a recuperação através de instrumentos de partilha de risco e garantia.

Na conferência também marcaram presença empresas portuguesas como a CGD e a EDP. Sobre o banco público, Mourinho Félix disse que o BEI trabalha com a com a CGD “para fazer chegar financiamento às empresas portuguesas, para que ultrapassem a crise, invistam, se digitalizem, inovem e participem na transição verde da economia”. “O setor empresarial enfrenta inúmeros desafios, principalmente em Portugal”, disse Mourinho Félix no encerramento do Webinar.

Já a EDP, referiu, é um parceiro chave do BEI para a transição climática na Península Ibérica, bem como num futuro neutro em carbono para Portugal. “Vão trabalhar para aumentar a eficiência energética, para aumentar a incorporação de energia de fontes renováveis. E o BEI vai financiar a inovação e pesquisa na área da produção de hidrogénio verde”, referiu.

Sobre a recuperação da economia em curso, pós-pandemia, Mourinho Félix defende a promoção do investimento na transição verde e digital. “Esta será a chave para uma recuperação económica para Portugal e para a Europa. Não se trata apenas reconstruir a economia, há que acelerar o investimento para construir uma economia mais sustentável. Temos de promover os objetivos do desenvolvimento sustentável. Levar a cabo a transição digital e cumprir as metas do Acordo de Paris”, disse ainda, garantindo que “o BEI está predisposto a financiar esta transição”.

Do lado do Banco de Portugal, a economista Helena Adegas, responsável do Departamento de Mercados, sublinhou no mesmo Weebinar a contribuição dos bancos centrais para investimentos mais verdes e sustentáveis: não só podem ajudar a desenvolver um mercado de green bonds, como podem dar mais clareza ao que é “verde” e ao que é “cinzento ” e “castanho”, podem fornecer dados confiáveis e podem, acima de tudo, dar o exemplo.

Na visão de Helena Adegas, financiar a transição verde da economia é essencial, mas as green bonds podem trazer problemas de greenwashing se forem emitidas por entidades “castanhas”, daí que estejam a surgir cada vez mais as “sustainability linked bonds”, que por seu lado estão ligadas a objetivos. A responsável lembrou o percurso já feito pelo Banco de Portugal nos últimos anos e revelou as apostas para o futuro: desde quando começou a investir em green bonds em 2019/2020; até aos planos para em 2021 investir no fundo verde em euros do Bank for International Settlements; até aos projetos a longo prazo de criar um portefólio dedicado às green bonds e uma carta de investimentos responsáveis.

“Isto é extremamente importante, a nível nacional”, rematou Mourinho Félix.

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