Ricardo Mexia pede que se crie mecanismo “ágil” para notificar resultados de testes à Covid-19
Ricardo Mexia vê com bons olhos que seja incentivada uma maior acessibilidade dos testes, mas alerta que é importante criar "um mecanismo ágil" que permita a qualquer cidadão notificar os resultados.
O Governo autorizou a venda de testes rápidos à Covid-19 em farmácias e parafármácias, no entanto, falta a regulamentação por parte das autoridades de saúde para que estes testes possam ser comercializados. AO ECO, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública vê com bons olhos que seja incentivada uma maior acessibilidade dos testes, mas sublinha que é importante criar “um mecanismo ágil” que permita a qualquer cidadão notificar os resultados dos testes.
A portaria do Ministério da Saúde, que possibilita a utilização de testes rápidos de antigénio (TRAg), por amostras recolhidas através do trato respiratório, o que implica a utilização de uma zaragatoa, entrou em vigor no sábado, mas falta uma circular conjunta do Infarmed e do INSA a definir os critérios necessários para a sua comercialização. Com esta medida “excecional”, o Governo abre a porta à venda de testes rápidos sem supervisão de profissionais de saúde, quer nas farmácias, bem como noutros locais que estão autorizados a vender medicamentos não sujeitos a receita médica. É expectável que a norma seja aprovada até sexta-feira, dando “luz verde” à venda destes testes.
Em declarações ao ECO, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANPSP) saúda a decisão, referindo que “todos os mecanismos que sejam encontrados que aumentem a disponibilidade e a acessibilidade” dos testes “devem ser incentivados”, uma vez que a testagem é fundamental para travar as cadeias de transmissão do vírus.
Não obstante, Ricardo Mexia alerta que deve existir “toda uma mecânica” por detrás desta medida, que deverá passar por disponibilizar o máximo de informação possível aos cidadãos para que possam realizar “de forma mais adequada” estes testes, assim como criar um mecanismo adequado e acessível para que possam notificar os resultados dos testes. “Tem de se encontrar um mecanismo que permita de forma ágil a qualquer cidadão notificar [o resultado de] um teste, seja os positivos seja os negativos”, aponta o médico de saúde pública.
Neste momento, tanto as farmácias como os laboratórios comunicam os resultados dos testes às autoridades nacionais através do sistema nacional de informação de vigilância epidemiológica, o SINAVE. Nesse sentido, Ricardo Mexia considera que se deve encontrar uma solução para que não haja falhas, dando como exemplo a criação de “uma plataforma onde esse registo possa ser feito ou um módulo no SINAVE Lab”. Além disso, considera que é necessário investir nos meios de vigilância epidemiológica para que se possa intervir perante um caso positivo.
O presidente da ANPSP reitera ainda que é importante apostar na testagem em massa, por forma a “que consigamos mais precocemente identificar eventuais problemas”. “Na prática, já ouvimos falar há muitos meses que vai ser aumentada a testagem, mas a evidência não aponta exatamente nesse sentido”, afirma ao ECO.
Neste momento, a Estratégia Nacional de Testagem para a Covid19 delineada pela DGS, na norma nº019/2020, define que devem ser utilizados testes rápidos através de amostras do trato respiratório, ou, em alternativa, testes moleculares PCR por amostras de saliva, ficando assim excluídos os testes rápidos a partir de amostras de saliva. A entidade liderada por Graça Freitas justifica a decisão argumentado que os testes rápidos a partir de amostras de saliva têm menos sensibilidade que os restantes. Ricardo Mexia compreende a decisão, mas considera que se no futuro se provar que estes testes têm a mesma evidência científica que os restantes devem ser utilizados uma vez que não implicam uma técnica tão complexa ao nível da colheita. “Em termos da colheita são mais simples e, portanto, se comprovadamente tiverem uma sensibilidade e uma especificidade que sejam aceitáveis, que sejam comparáveis com os os outros talvez possa fazer sentido“, admite.
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