Receitas caem, mas menores custos ajudam lucros da Impresa

A Impresa viu os lucros em 2020 crescerem mais de 43%. Receitas com publicidade caíram, mas corte nos custos ajudou às contas. Receitas com chamadas de valor acrescentado tiveram maior crescimento.

Os lucros da Impresa subiram 43,2% em 2020 e fixaram-se em 11,22 milhões de euros, mas as receitas de publicidade do grupo de media recuaram significativamente. No entanto, a empresa conseguiu uma poupança de 6 milhões com redução de despesas.

Num ano fortemente condicionado pela pandemia, os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) subiram 23,9%, para 31,11 milhões de euros. O EBITDA do negócio de televisão cresceu 12,9%, alavancado nas chamadas de valor acrescentado, enquanto o EBITDA do negócio de publishing cresceu de 274,7 mil euros em 2019 para mais de 3 milhões de euros em 2020.

Os resultados foram pressionados por uma quebra de 2,1% nas receitas totais, para 178,09 milhões de euros. Mas os custos operacionais contraíram-se em 6,2%, fixando-se em 146,98 milhões, ajudando às contas da empresa.

Concursos na TV amparam queda das receitas

De acordo com o relatório e contas da empresa, as principais rubricas de receita encolheram no ano. No caso da televisão, verificou-se uma queda de 2%, para 152,17 milhões de euros. Já a área de publishing viu os rendimentos recuarem 3,8%, para 23,27 milhões.

Analisando por fontes de receita, os rendimentos com a venda de publicidade caíram 6,1%, para 178,09 milhões de euros, num ano em que muitas marcas apertaram os cordões à bolsa, reduzindo os orçamentos de marketing. A subscrição de canais da Impresa recuou 4%, para 32,9 milhões.

Porém, em sentido inverso, a rubrica de receita “IVR”, que representa as chamadas de valor acrescentado em concursos da SIC, engordou 43,7% num ano em que os portugueses passaram mais tempo em casa, colados à televisão. Estes concursos renderam à Impresa 16,2 milhões de euros em 2020, mas poderão ter os dias contados. Seguindo um pedido feito pela Provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, o secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres, constituiu um grupo de trabalho que está a rever o regime dos concursos e passatempos.

Em cima da mesa está a proibição dos concursos de chamadas telefónicas para números começados por 760 e 761, uma medida que já foi criticada pela SIC, mas também pela TVI. Os dois canais generalistas consideram que a proibição “teria um forte impacto” nas televisões e levaria a uma “queda significativa” das receitas fiscais para o Estado.

Variação anual das receitas da Impresa por origem:

Fonte: Relatório e contas de 2020

Da televisão para o publishing, a Impresa viu as receitas de circulação subirem 9,5% em 2020, para 10,62 milhões de euros. A contribuir para este resultado positivo estiveram “os proveitos relativos à subscrição digital do Expresso, os quais aumentaram em 42%, em termos homólogos”.

Quanto à venda do semanário em papel, as receitas “cresceram 3,6%”. O grupo de media fundado pelo ex-primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão salienta que esta rubrica não crescia desde 2006, sendo que cada edição está a vender uma média de 99 mil exemplares.

Foi graças aos valores atingidos pela SIC e o Expresso que a Impresa conseguiu melhorar os seus resultados operacionais e líquidos.

Francisco Pedro Balsemão

Presidente executivo da Impresa

2021 será de “rigoroso controlo de custos”

O grupo reduziu os custos operacionais em 2020 e promete manter um “rigoroso controlo” em 2021, de forma a continuar a melhorar a “margem operacional” e a reduzir o endividamento. A Impresa registava um passivo de 152,84 milhões de euros a 31 de dezembro de 2020, uma redução de 8,1% face a um ano antes.

Citado em comunicado, Francisco Pedro Balsemão, presidente executivo da Impresa, afirma que o grupo, em 2021, “procurará consolidar as lideranças da SIC e do Expresso e prosseguirá os objetivos definidos no âmbito do seu Plano Estratégico para o triénio 2020-2022, focada na produção de mais e melhores conteúdos, em várias plataformas, e procurando atingir novas e maiores audiências”.

“A pandemia sublinhou a importância da informação credível e do entretimento de qualidade. O Expresso e a SIC, bem como a SIC Notícias, bateram recordes de audiência e de circulação, e desempenharam, como continuam a desempenhar, um papel particularmente relevante junto dos portugueses, pelo seu rigor, profissionalismo e independência, o que permitiu que reforçassem a liderança nos seus segmentos”, afirma Francisco Pedro Balsemão, citado em comunicado.

O gestor defende ainda que “foi graças aos valores atingidos pela SIC e o Expresso que a Impresa conseguiu melhorar os seus resultados operacionais e líquidos, tendo a empresa mantido também o foco na redução de custos, que compensou a queda nas receitas publicitárias”. “Deve ser igualmente realçado o esforço referente à diminuição da nossa dívida, tendo sido alcançado o valor mais baixo em 15 anos”, remata também, na referida nota.

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