Economia dispara com desconfinamento, mas comparação é com primeiro confinamento

Na terceira semana de março, a primeira do desconfinamento, a atividade económica disparou. Mas há um motivo: este período já compara com o primeiro confinamento em que a economia colapsou.

O indicador diário de atividade económica do Banco de Portugal aponta para uma recuperação expressiva da economia portuguesa na terceira semana de março, a primeira semana de desconfinamento. Contudo, há problemas de comparação uma vez que o período homólogo é marcado pela chegada da pandemia a Portugal e o primeiro confinamento decretado pelo estado de emergência, o que dificulta a comparabilidade.

“Na terceira semana de março, o indicador diário de atividade económica (DEI) apresentou uma variação homóloga muito superior à da semana anterior”, revela o Banco de Portugal esta quinta-feira, explicando logo de seguida que “o facto de o período de base corresponder ao início do primeiro estado de emergência de 2020, onde se observou uma forte deterioração dos indicadores, justifica esta evolução homóloga muito acentuada“.

Ou seja, a comparação homóloga já é feita com o período do primeiro confinamento em que a queda da atividade económica foi abrupta.

Atividade económica estabilizou na segunda semana de março

Ainda assim, o banco central admite também o efeito do processo de desconfinamento iniciado na semana passada: “Refira-se ainda que a terceira semana de março foi marcada pelo início do atual desconfinamento“, nota.

Estes dados sugerem que o DEI deverá começar a registar uma variação positiva (crescimento da economia me vez de contração) uma vez que o nível de atividade económica homólogo é ainda mais baixo do que o registado neste momento, de acordo com a expectativa da maioria dos economistas. Tal contrasta com as últimas semanas em que o indicador até tinha piorado, apesar da melhoria dos números da pandemia. É de notar também que a situação epidemiológica começou a deteriorar-se em vários países europeus nas últimas semanas.

Apesar de diário, o DEI é apenas publicado à quinta-feira, com dados até ao domingo anterior. Com efeito, a 21 de março, o último dia para o qual foi apurado o DEI, o crescimento (e não queda, como nas semanas anteriores) homólogo do indicador foi de 8,4%. Quando à média móvel semanal, o último valor é o de 18 de março: uma subida homóloga de 0,2%. Este é o primeiro valor positivo da média móvel semanal do DEI desde março do ano passado.

Com esta melhoria, o gráfico com o histórico do indicador continua a mostrar que esta contração da economia nos primeiros três meses de 2021, provocada pelo segundo confinamento, é mais comparável com a do quarto trimestre do ano passado do que com a do segundo trimestre, período do primeiro confinamento.

Este novo indicador divulgado este ano pelo banco central incorpora diversas séries de informação, como o tráfego de pesados de mercadorias nas autoestradas, o tráfego de correio nos aeroportos nacionais ou as compras efetuadas com cartões bancários. O impacto da pandemia gerou uma maior necessidade de recurso a este tipo de indicadores económicos de divulgação mais frequente, como é o caso do DEI. Isto acontece porque um dos mais relevantes, o Produto Interno Bruto (PIB), é apenas apurado e divulgado trimestralmente.

A próxima divulgação do DEI está marcada para 1 de abril. “Refira-se que os valores do DEI podem ser revistos devido a revisões da informação de base ou à incorporação de nova informação, em particular referente ao tráfego de veículos comerciais pesados e carga e correio desembarcados, que têm um desfasamento de divulgação superior”, ressalva o Banco de Portugal.

(Notícia atualizada às 12h25 com mais informação)

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