Europeus estão a guardar cada vez mais dinheiro “debaixo” do colchão
Estudo do Banco Central Europeu mostra que entre 27,5% e 50% do montante associado às notas em circulação na Zona Euro em 2019 foi mantido como reserva, em casa, pelos cidadãos do euro.
Nos últimos anos, o número de notas de euro em circulação tem vindo constantemente a aumentar. Porém, a sua utilização em transações tem vindo a diminuir. Um relatório divulgado recentemente pelo Banco Central Europeu (BCE) mostra que isso poderá dever-se ao facto de os europeus estarem a manter maiores reservas de dinheiro guardadas em casa.
O relatório, assinado pelo economista do BCE Alejandro Zamora-Pérez, relata que estamos perante um “paradoxo”. Se, por um lado, “o número de notas de euro em circulação tem aumentado desde 2007“, estudos recentes mostram que a percentagem de transações com recurso a dinheiro efetivo tem vindo a diminuir nos países que utilizam o Euro. Isto porque essas transações são cada vez mais digitais.
Como pode isso ser explicado? Para Zamora-Pérez, um aumento no valor das poupanças em numerário detidas pelos cidadãos da Zona Euro pode ser uma das principais respostas para esta realidade. Em 2019, entre 27,5% a 50% do montante associado às notas em circulação nestes países foi mantido como “reserva” pelos cidadãos fora das instituições bancárias.
O “aumento da incerteza”, o “envelhecimento da população” e o “ambiente de baixos juros” são apresentados, pelo economista, como motivos que estão por detrás desta tendência para uma maior poupança em numerário. O relatório dá a conhecer que, em média, cada adulto residente nos países que constituem a Zona Euro guarda consigo entre 1.270 e 2.310 euros, nas suas habitações, por exemplo.
Outros estudos do BCE têm também vindo a olhar para esta questão das reservas de dinheiro detidas pelos cidadãos dos países da Zona Euro, com o referido artigo a apresentar-nos alguns dos resultados que deles surgiram. Nomeadamente que, em 2019, cerca de uma em cada três pessoas (34%) assumia manter poupanças em numerário nas suas casas. Em determinados países, essa percentagem conseguiu chegar até aos 50%.
Por outro lado, a grande maioria dos residentes nesses países que admitiu guardar parte das suas poupanças em casa disse que as quantias que mantinham eram “relativamente pequenas”. Efetivamente, 75% dos questionados deram a conhecer que a poupança referida não ultrapassava os 500 euros.
Pandemia fez crescer os montantes em circulação
Como vimos já, o relatório assinado por Alejandro Zamora-Pérez relata que, desde 2007, o número de notas em circulação na Zona Euro tem vindo a aumentar. Essa foi uma tendência que se acentuou ainda mais no ano em que a pandemia de Covid-19 surgiu, com esta a ter tido consequências ao nível dos montantes em circulação.
Efetivamente, no final de 2019, o montante das notas em circulação era de 1.293 mil milhões de euros. Um ano depois, o indicador ficou fixado nos 1.435 mil milhões de euros. Um aumento de 11% face ao ano anterior, percentagem que fica bem acima do crescimento anual médio de 5% registado nos últimos 10 anos.
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