Na mesa do recrutador: Pedro Guerreiro, da Altamira

Uma semana antes de o Governo ter decidido sobre o confinamento, em março de 2020, já a equipa da Altamira estava em casa.

A mesa de Pedro Guerreiro está vazia no escritório da Altamira, em Lisboa. Todos os colaboradores trabalham a partir de casa durante o confinamento.Hugo Amaral/ECO

O escritório está vazio, assim como a mesa de Pedro Guerreiro. Uma semana antes de o Governo ter decidido sobre o confinamento, em março de 2020, já a equipa da Altamira estava em casa. “Por sermos uma empresa espanhola, já estávamos a lidar com a pandemia no país, antes de ser necessário ficar em casa por cá. Numa sexta-feira pedimos aos colaboradores que podiam ser de risco para ficarem em casa na segunda mas, durante o fim de semana, decidimos pedir a todos para, na semana seguinte, ficarem em teletrabalho”, recorda o diretor de people & culture da empresa em Portugal.

Aos 48 anos e, depois de 20 ligado a um grupo financeiro, Pedro Guerreiro passou para a área de recursos humanos em 2015. Dois anos depois, foi o trabalhador n.º2 da Altamira em Portugal, quando a empresa espanhola, com presença também em Itália, na Grécia e no Chipre, decidiu entrar no mercado nacional.

Na mesa de trabalho nunca faltam o telemóvel, “porque estou sempre à distância de um telefonema”, uma garrafa de chá – que bebe durante todo o dia -, o livro que está a ler (e que aproveita para espreitar à hora do almoço) e, pelo menos, um presente ou lembrança feitos por um dos dois filhos, de 7 e 2 anos. E, ainda que a mesa de recrutador que a Pessoas foi fotografar esteja, de momento, vazia – como todas as do escritório da Altamira em Lisboa e no Porto -, há muito movimento diário na mesa da sala da casa de Pedro Guerreiro. “Passo o dia na mesma chamada, porque é um bocado como estar lado a lado com a pessoa. Ligo, vamos partilhando ecrãs, mostrando o que o outro está a fazer”, explica, sobre o exercício diário de “constante” comunicação e atenção.

Pedro Guerreiro, diretor de recursos humanos da Altamira em Portugal.D.R.

O desafio do último ano tem sido, por isso, manter o contacto com os colaboradores e envolvê-los, desde os últimos meses, em atividades que promovam o equilíbrio entre as dimensões pessoal e profissional. “Não adianta dizer que foi um ano incomum, porque toda a gente sabe isso. (…) Mas uma das coisas que nos preocupa hoje em dia é o work-life balance. Que a mesa da sala de estar seja funcional para aquilo que realmente serve”, sublinha. Por isso, algumas das últimas iniciativas lançadas pela equipa de recursos humanos tem tudo a ver com o tempo… fora do trabalho: um desafio de corrida, que converte os quilómetros em doações a instituições ou workshops de ergonomia e mobilidade são alguns dos exemplos. “Queríamos que as pessoas saíssem de casa, fizessem exercício físico. Estamos a chegar quase aos 1000 quilómetros percorridos”, conta, orgulhoso.

A gerir os 111 trabalhadores da empresa, de casa para casa, Pedro faz questão de, com os devidos cuidados de segurança, receber os novos trabalhadores no escritório. É aí que faz o onboarding em “primeiros dias” de novos colaboradores. “Gosto que as pessoas percebam que, ao lado delas, há alguém a caminhar. As palavras ditas corretamente e, no momento certo, podem mudar o rumo dos acontecimentos”, conclui.

Nota: Sim, esta mesa vazia é sinal de que, ainda que os escritórios estejam fechados e sem pessoas, as pessoas continuam a garantir o dia a dia das empresas. A mesa do recrutador Pedro Guerreiro, da Altamira, foi transferida para a sala da casa do diretor de recursos humanos, que a Pessoas não visitou. 2020 desmaterializou o trabalho, mas não as pessoas.

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