Altice Europe vê mais “potencial de crescimento” em Portugal
A casa-mãe da dona da Meo está satisfeita com o desempenho da Altice Portugal em 2020 e admite que vê agora mais "potencial de crescimento" na empresa do que via há dois anos.
A administração da Altice Europe está agora mais confiante do “potencial de crescimento” da subsidiária em Portugal, dona da operadora Meo. “Há dois anos, sentíamos que o potencial de França era maior. (…) Mas Portugal tem tido sucesso porque houve uma pandemia, perderam receitas de roaming, mas continuaram a crescer em todos os segmentos”, confessou Dennis Okhuijsen, ex-CFO e atual conselheiro da administração da empresa.
O comentário do gestor foi feito numa apresentação dos resultados anuais aos investidores, no dia em que a Altice Portugal revelou ter alcançado subidas marginais nos principais indicadores financeiros em 2020. As contas foram amparadas pelo aumento da base de clientes e de serviços, pelas vendas de equipamentos (sobretudo telemóveis) e pela recuperação das receitas com conteúdos premium desportivos.
Perante estes indicadores financeiros e operacionais, para Dennis Okhuijsen, o negócio da Altice em Portugal “tem mostrado resiliência durante a crise” e é um “ativo de estabilidade” no grupo. O responsável considerou ainda que, mesmo perante o contexto atual do setor das comunicações eletrónicas, em que se registam quebras expressivas nas receitas de roaming por causa das limitações nas viagens para travar a Covid-19, “a Altice Portugal teve um desempenho muito bom no ano passado”.
Os administradores da Altice Europe foram várias vezes questionados sobre o leilão do 5G que decorre em Portugal. Está em curso a fase principal do leilão de frequências da Anacom, mas os responsáveis da casa-mãe da Altice Portugal não quiseram avançar detalhes. Porém, não se coibiram a tecer duras críticas à atuação da Anacom, o regulador das comunicações em Portugal.
Desde logo, Dennis Okuijsen repetiu o que já tinha afirmado no final do ano passado: “Portugal tem tido um papel de liderança no rollout de tecnologia na Europa, sobretudo no 4G e na construção de fibra, em comparação com a Europa.” Porém, o gestor indicou que isso só foi possível devido ao “enquadramento regulatório favorável” que promoveu a concorrência entre “players sofisticados”. “O regulador está tentar agir contra este ecossistema, que trouxe muitos benefícios para os players e para as pessoas de Portugal. Não estamos contentes com essas ações”, reforçou.
Liderada por João Cadete de Matos, a Anacom tem justificado as medidas que tem tomado com a proteção dos direitos dos consumidores e promoção da concorrência no mercado. O leilão do 5G incluiu uma fase exclusivamente desenhada para “novos entrantes”, uma medida que foi amplamente criticada pelas operadoras já estabelecidas no mercado. As empresas que adquiriram frequências nessa fase do leilão vão ter acesso às redes das operadoras atuais ao abrigo de acordos comerciais de roaming nacional obrigatórios, válidos por dez anos, pelo menos.
A Altice Portugal tem ameaçado parar de investir em Portugal, estimando perdas de 50 milhões de euros em receitas entre 2016 e 2019 com as decisões regulatórias da Anacom. Esta terça-feira, numa mensagem a acompanhar os resultados anuais, Alexandre Fonseca, presidente executivo da empresa, avisou: “Em causa a manutenção dos nossos compromissos com o país na inovação e investimento, os fundamentais investimentos no 5G, a melhoria da qualidade e alcance das nossas redes, ou ainda o âmbito dos serviços disponibilizados às famílias e empresas nacionais.”
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