“A possibilidade de uma extensão de moratórias é reduzida”, avisa Centeno

Mário Centeno disse em entrevista à TVI que "é legítimo" eliminar dúvidas sobre a Constituição. Em relação ao malparado alerta que é “quase inevitável uma subida”.

Numa altura em que o Parlamento aprovou na generalidade o prolongamento das moratórias bancárias por seis meses, o governador do Banco de Portugal alerta que a “possibilidade de uma extensão de moratórias é reduzida, mas essa porta não está fechada”.

Mário Centeno, em entrevista esta quarta-feira à TVI, lembra que Portugal foi dos “primeiros países da Europa a implementar moratórias para o crédito”, mas “está a ser dos últimos a sair”. Destaca que as “consequências de uma moratória que não está enquadrada nas orientações da Autoridade Bancária Europeia têm alguns aspetos gravosos quer para os bancos quer para os clientes dos bancos“.

O governador do Banco de Portugal avisa que “sem as orientações da Autoridade Bancária Europeia, o significado dessas moratórias é negativo para o sistema”.

Portugal tem as moratórias mais longas de duração – 18 meses – até setembro de 2021, lembrou. “São as moratórias mais amplas no seu âmbito e que não foram restritas a nenhuma empresa por dimensão, nem setor, quando em outros países da Europa isso aconteceu”, acrescentou ainda.

Centeno alerta que “malparado vai subir”

O malparado na banca portuguesa voltou a encolher no ano passado. Reduziu-se para 4,9% no final de 2020, atingindo o nível mais baixo em, pelo menos, cinco anos, de acordo com os dados do Banco de Portugal, revelados esta qusrta-feira. Mário Centeno alerta que é “quase inevitável que o malparado vá subir” e que “temos de ter um sistema bancária preparado”. Afirma ainda que “não podemos usar as mesmas regras de bolso que usamos para as outras crises”.

Ainda assim, um malparado de “5% é um número mítico na Europa. É quase para o crédito malparado como os 3% para o saldo orçamental ou os 60% para a dívida. Na Europa estão todos os países numa redução do risco, medida através do rácio de NPL, nos últimos anos muito significativa, mas Portugal foi dos países que teve o melhor desempenho. Passamos de 17% em 2016/2016 para 4,9%”, destaca.

Mas a maior preocupação do ex-ministro das Finanças, agora que a economia portuguesa “está em recuperação”, é a “assimetria entre setores” causada pela pandemia. No caso do turismo, Centeno antecipa uma recuperação muito desfasada. “Não ocorrerá em 2021, só em 2022. E só em 2023 ficará aos níveis de 2019”, prevê.

Sobre a decisão do primeiro-ministro enviar para o Tribunal Constitucional a subida dos apoios sociais, aprovada pelo Parlamento e promulgada pelo Presidente da República, Mário Centeno diz que quando há dúvidas sobre a Constituição “é legítimo que as dúvidas sejam eliminadas”. O governador lembrou, em conclusão, que o “Estado de Direito começa pela Constituição”.

(Notícia atualizada às 22h45)

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