Malparado da banca portuguesa baixa dos 5% no final de 2020

Dados do Banco de Portugal revelam que os bancos voltaram a reduzir o peso do malparado no total dos empréstimos. Rácio baixou da fasquia dos 5%.

O malparado na banca portuguesa voltou a encolher no ano passado. Reduziu-se para menos de 5% no final de 2020, atingindo o nível mais baixo em, pelo menos, cinco anos, de acordo com os dados do Banco de Portugal.

“No 4.º trimestre, o rácio de empréstimos não produtivos (NPL na sigla inglesa) diminuiu 0,4 pontos percentuais, para 4,9%, refletindo a diminuição dos NPL (-7%) e o aumento dos empréstimos (1,7%)“, refere o relatório sobre o sistema bancário português.

“No final do trimestre, o rácio de NPL das sociedades não financeiras cifrou-se em 9,6% (-0,9 pontos percentuais)”, diz o Banco de Portugal, salientado que no caso dos particulares este rácio “situou-se em 3,4% (-0,1 pp)”. “Em ambos os casos a redução do rácio resultou sobretudo da diminuição do numerador (NPL)”, remata.

Esta queda do rácio de malparado, para o nível mais baixo desde, pelo menos, 2016, acompanha a tendência registada nos restantes bancos da Zona Euro. “O rácio de malparado caiu em 20 pontos base, para 2,6%” no total dos bancos da Zona Euro, referiu a EBA.

Apesar desta evolução positiva em 2020, há alguns sinais de alerta por causa das moratórias. Os créditos em “Stage 2”, que podem vir a gerar problemas para os bancos, passaram a representar 9,1% do total dos empréstimos da banca do euro no final ano passado, um aumento de 110 pontos base face ao trimestre anterior. Entre os créditos em moratória, estes empréstimos com mais risco representam já 26,4%, uma percentagem acima da de 20,1% que se registava nas moratórias que entretanto já expiraram.

Em Portugal, de acordo com dados da EBA, os créditos em “Stage 2” rondavam os 11,6% do total dos empréstimos da banca nacional, enquanto os em “Stage 3” chegavam a 5,7%. Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, revelou no Parlamento que entre os créditos em moratória, 20% está no “Stage 2” e 6% são considerados de elevado risco, estando no “Stage 3”.

Provisões castigam resultados. Rentabilidade “perto de zero”

“O rácio de cobertura dos NPL por imparidades diminuiu 0,5 pp, para 55,4%, condicionado pela evolução no segmento das SNF, onde a diminuição das imparidades acumuladas foi superior à dos NPL“, refere o Banco de Portugal. Ou seja, mais de metade do malparado está já reconhecido como perda nas contas, sendo que os bancos estão também a realizar avultadas provisões para um potencial aumento do incumprimento devido às moratórias.

As provisões só por causa da Covid-19 dispararam em 2020, superando a fasquia dos mil milhões de euros, o que acabou por penalizar as contas dos bancos. Considerando os cinco maiores bancos, o ano passado foi de prejuízos, muito por culpa do Novo Banco que perdeu 1.300 milhões de euros.

A maioria dos bancos do sistema apresentou resultados positivos, mas com quebras acentuadas face ao ano anterior devido às provisões, mas também ao contexto de juros baixos. Assim, “em 2020, a rendibilidade do ativo (ROA) e a rendibilidade do capital próprio (ROE) diminuíram para valores próximos de zero, situando-se em 0,04% (-0,4 pp face a 2019) e 0,5% (-4,4 pp face a 2019), respetivamente”, nota o Banco de Portugal.

Bancos mais sólidos. Rácios aumentam

O fim das moratórias tem sido apontado como sendo problemático para os bancos, temendo-se um aumento do incumprimento por parte de famílias e empresas que pode penalizar a solvabilidade do setor. Contudo, por agora, as instituições financeiras nacionais mostram-se sólidas.

“No 4.º trimestre de 2020, os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) aumentaram ambos 0,6 pontos percentuais, situando-se em 18,1% e 15,4%, respetivamente”, diz o supervisor do setor. “O aumento dos fundos próprios totais e principais de nível 1 contribuíram, em 0,5 pontos percentuais em ambos os casos, para o aumento dos rácios, enquanto a ligeira diminuição dos ativos ponderados pelo risco contribuiu em 0,1 pontos percentuais”.

(Notícia atualizada às 12h36 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Malparado da banca portuguesa baixa dos 5% no final de 2020

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião