FMI alinha com Centeno e vê Portugal a crescer 3,9% em 2021
O FMI prevê que a economia portuguesa cresça 3,9% em 2021, tal como o Banco de Portugal. A taxa de desemprego deverá subir para os 7,7%.
Com os encontros de Primavera chega esta terça-feira mais um World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional (FMI) em que as previsões para a economia mundial são melhoradas, face à estimativa divulgada em janeiro. Contudo, para Portugal, a última estimativa era de outubro (6,5%) do ano passado e já estava bastante desatualizada. A nova estimativa passa por um crescimento do PIB de 3,9% em 2021, exatamente a mesma previsão do Banco de Portugal.
Esta revisão em baixa é explicada pelo que aconteceu em Portugal desde então: por um lado, o PIB não caiu tanto quanto o esperado em 2020, o que faz com que a variação em 2021 não seja tão expressiva; por outro lado, o segundo confinamento e as novas variantes vieram atrasar a retoma económica, mesmo com o processo de vacinação em curso, condicionando a recuperação do PIB. O Governo também já admitiu que a economia vai crescer menos do que os 5,4% que tinha estimado no Orçamento do Estado para 2021.
Curiosamente, apesar da revisão em baixa do PIB, a previsão para a taxa de desemprego mantém-se nos 7,7% em 2021, também igual à do Banco de Portugal. O FMI não explica as suas previsões, mas esta manutenção deverá ser explicada pelo melhor desempenho do mercado de trabalho em 2020 face ao esperado.
Nas previsões relativas a 2022, o Fundo assume políticas invariantes — só conta com as medidas já legisladas — e vê o PIB a crescer 4,8%, atingindo o nível pré-crise (2019). Ou seja, mesmo sem medidas de estímulo económico que possam existir no Orçamento do Estado para 2022, os técnicos em Washington antecipam uma aceleração da retoma da economia portuguesa, o que deverá explicar-se por uma maior recuperação do setor do turismo. À boleia desse crescimento, a taxa de desemprego deve cair para os 7,3%.
A confirmarem-se estas taxas de crescimento, Portugal irá ter uma expansão menor comparativamente com a da Zona Euro em 2021 — o PIB agregado da União Monetária crescerá 4,4%, após cair 6,6% em 2020 –, mas superior em 2022, ano em que os países da área do euro deverão crescer 3,8%, o que compara com 4,8% em Portugal. Já o mercado de trabalho continuará melhor em Portugal tanto em 2020, como em 2021 e 2022, de acordo com as previsões do FMI.
Espanha, por exemplo, irá crescer 6,4% em 2021 e 4,7% em 2022, mas o PIB espanhol caiu 11% em 2020 por causa da pandemia, quase mais quatro pontos percentuais do que Portugal. No caso da Alemanha, o FMI prevê que cresça 3,6% em 2021 e 3,4% em 2022, após uma queda de 4,9% em 2020. Apesar destes crescimentos serem expressivos em termos históricos, principalmente nas duas últimas décadas, os números mostram que os países europeus ficam aquém das outras grandes economias.
É o caso dos EUA onde o reforço dos estímulos orçamentais levou a revisões em alta por parte do FMI: o PIB norte-americano vai crescer 6,4% em 2021 e 3,5% em 2022, após uma queda de apenas 3,5% em 2020. Esta melhoria da previsão nos Estados Unidos bastou para que o crescimento do PIB mundial fosse também revisto em alta para os 6% em 2021 e 4,4% em 2022, depois de uma queda de 3,3% em 2020.
Gita Gopinath, economista-chefe do FMI, escreve no relatório que é expectável que, no médio prazo, o impacto da pandemia na economia mundial seja inferior ao da crise financeira. Contudo, os danos serão mais desiguais tanto entre países como dentro dos mesmos, entre setores e franjas da população. Gopinath antecipa um impacto maior nos países mais pobres e em desenvolvimento, o que contrasta com a crise anterior em que as economias avançadas foram as mais afetadas.
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