Pestana oferece 45 milhões ao BCP para transformar Madeira Palácio em habitação
Parado há 10 anos, o Hotel Madeira Palácio está atualmente nas mãos do BCP. Grupo Pestana oferece 45 milhões de euros pelo imóvel, mas quer transformá-lo em habitação.
Parado há mais de uma década, o Hotel Madeira Palácio está perto de ganhar uma nova vida. Atualmente nas mãos do BCP, esta unidade hoteleira no Funchal recebeu uma proposta de cerca de 45 milhões de euros do Grupo Pestana. Já houve planos para ali construir um mega hotel de luxo, mas os objetivos da cadeia de Dionísio Pestana passam por transformar todo o imóvel em habitação.
Já esteve nas mãos de privados, mas voltou para a banca. O Hotel Madeira Palácio, com vista para o oceano, está no mercado desde o verão do ano passado e tudo indica que ganhe um novo dono em breve. O Jornal da Madeira avançou este fim de semana que o Grupo Pestana estava em conversações com o BCP (atual proprietário) para adquirir esta unidade hoteleira. Ao ECO, o CEO da cadeia hoteleira, José Theotónio, confirmou o interesse no imóvel, adiantando ainda que em cima da mesa estava uma proposta de cerca de 45 milhões de euros.
“Estamos num período de due diligence. Fizemos uma proposta, eles [BCP] fizeram uma contraproposta e nós aceitámos”, disse o responsável ao ECO, referindo que o valor final do negócio ainda não está fechado. “Vai depender das condições de financiamento” e ainda da possibilidade de exercício de direito de preferência por parte dos moradores de um dos lotes, onde existem habitações.
A hotelaria está fraca e em 2020 conseguimos alguns bons resultados na parte imobiliária. O nosso interesse é exatamente esse: a componente imobiliária.
Este interesse do Grupo Pestana não se explica pela componente hoteleira, mas sim pela componente habitacional. “A hotelaria está fraca e em 2020 conseguimos alguns bons resultados na parte imobiliária. O nosso interesse é exatamente esse: a componente imobiliária”, disse José Theotónio, acrescentando que o objetivo é transformar toda a unidade hoteleira em habitações. “Assim que for comprado, queremos começar imediatamente a vender”, notou, referindo que uma parte do empreendimento está pronta, enquanto outra parte requer algumas obras.
O Madeira Palácio é composto por quatro lotes: o hotel propriamente dito, uma zona de apartamentos, um terreno para construção ao lado do Pestana Bay e um lote com habitações em regime de colonia, como explicou ao ECO José Theotónio. “É um regime que só existe na Madeira. As casas estão habitadas e os colonos têm direito de preferência. Se exercerem esse direito, podem comprá-las e pagar diretamente ao banco”. Este é um dos fatores que pode influenciar no valor final do negócio.
O imóvel pertencia à empresa Lignum – Investimentos Turísticos da Madeira, controlada pelo Grupo Fibeira. Em 1972, o hotel foi inaugurado sob a marca Hilton, que deixou a Madeira na década de 80, passando este a ser gerido pelo grupo que operava o Estoril Palácio e o Hotel Lisboa Penta, de acordo com o site Brasilturis. Em 2001, o hotel foi totalmente remodelado, tornando-se no mais luxuoso da Madeira. Mas fechou portas em 2007. Em 2014, a Lignum tinha mais de 137 milhões de euros acumulados em dívidas, tendo o BCP (maior credor) requerido a insolvência da empresa nesse ano.
Grupo Enotel esteve perto de construir hotel de luxo
O Madeira Palácio foi comprado em 2018 pelo Grupo Enotel, do empresário Estêvão Neves, por 40 milhões de euros, segundo avançou a RTP nesse ano. Na altura, o objetivo daquele que é um dos mais conhecidos grupos da Madeira era transformá-lo no “Enotel Madeira Palácio”, tendo as obras chegado mesmo a arrancar em 2018. As previsões apontavam para que no verão de 2020 tudo ficasse concluído.
No ano passado, o Enotel deu entrada com um projeto de licenciamento para aumentar em 46% o projeto, passando este a ter 318 unidades de alojamento, num total de 728 camas, refere o Funchal Notícias. Pendente ficou a ideia de construir uma unidade hoteleira independente com 80 unidades de alojamento e 160 camas. Na altura, segundo a diretora de planeamento do Grupo Enotel, o investimento seria de 237,5 milhões de euros.
De acordo com o Jornal da Madeira, esse projeto acabou por cair por terra, depois de o BCP ter rejeitado as condições propostas pelo Grupo Enotel. Entretanto, em dezembro do ano passado, o Madeira Palácio foi colocado novamente no mercado por mais de 60 milhões de euros, segundo o Diário de Notícias da Madeira. E é aqui que entra o Grupo Pestana.
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