Investimento na implementação do 5G ascenderá a 2,3 mil milhões de euros em Portugal até 2027
Estimativas da Boston Consulting Group apontam que o investimento na implementação do 5G em Portugal deverá ascender 2,3 mil milhões de euros até 2027. Na Europa será de 150 mil milhões de euros.
O investimento na implementação do 5G em Portugal deverá ascender 2,3 mil milhões de euros até 2027, sendo que na Europa será de 150 mil milhões de euros, de acordo com as estimativas da Boston Consulting Group (BCG).
O estudo recente “Connectivity & Beyond” da BCG mostra que a tecnologia 5G (quinta geração) sozinha “pode gerar um impacto anual de 113 mil milhões de euros no PIB [Produto Interno Bruto] e 2,4 milhões de novos empregos em 2025″ na Europa.
“Temos a estimativa de 150 mil milhões de euros de investimento para fazer o roll out’ [implementação] do 5G [na Europa], desse montante, em Portugal, a nossa estimativa é de cerca 2,3 mil milhões de euros no período 2020-2027″, disse à Lusa o sócio da BCG Portugal José Ferreira.
No total, o investimento estimado na Europa é de 300 mil milhões de euros no 5G: 150 mil milhões de euros para o desenvolvimento da infraestrutura e um adicional de 150 mil milhões de euros para atualizar a infraestrutura fixa para velocidades de gigabits. “Fornecer uma cobertura ubíqua que seja resiliente e segura requer grandes investimentos financeiros”, salienta o estudo da BCG.
O 5G “vai criar um conjunto de novas oportunidades que antes eram impraticáveis e é isso que vai potenciar a criação de emprego e de novos modelos de negócio”, acrescentou José Ferreira.
Em termos de criação de empregos em Portugal, as previsões, segundo um estudo da União Europeia de 2016, é de 127 mil.
“Há países que relativamente ao 5G estão mais avançados porque já terminaram os seus leilões e os players já estão a fazer a implementação das redes, coisa que em Portugal não acontece”, já que o leilão ainda decorre, acrescentou o responsável.
Na sua opinião, o leilão em Portugal “há de continuar porque o regulador” desenhou-o “de uma forma que potencia que demore bastante tempo”, prosseguiu. No entanto, José Ferreira acredita que Portugal irá recuperar da desvantagem.
“Não vamos na frente por razões óbvias”, mas “Portugal tem uma vantagem, além de sermos um país relativamente pequeno temos um ecossistema de telecomunicações bastante dinâmico e competitivo“, disse.
“Tenho a forte convicção de que no momento em que seja possível vai haver uma partida mais acelerada no 5G” em Portugal, “temos uma infraestrutura bastante sólida”, o mercado português “tem níveis de cobertura FTTH [fibra] e de 4G acima da média”, salientou.
O estudo da BCG alerta que “os operadores vão investir para um bem maior, mas os retornos financeiros para empresas individuais não são necessariamente atraentes” e “isso não pode ser ignorado” pelos decisores.
Os desafios que o setor das telecomunicações enfrenta não é novo, nem exclusivo da Europa, recorda a BCG, mas a situação tem vindo a piorar, “especialmente à luz” de um setor “enfraquecido e fragmentado”.
Em termos globais, a indústria de telecomunicações produziu um retorno médio anual para os acionistas “de apenas 6% entre 2015 e 2019, ocupando o 28.º lugar de 33 indústrias” acompanhadas pela Boston Consulting Group. Por outro lado, o setor de tecnologia, que inclui jogadores na Internet que utilizam a infraestrutura de telecomunicações, ficou em terceiro.
Paralelamente, a Europa enfrenta ainda o desafio no que respeita às capacidades digitais dos seus cidadãos. De acordo com a análise da BCG, 42% dos europeus não têm capacidades digitais básicas, 9,5% nunca foi à Internet e mais de metade das empresas (57%) enfrenta dificuldades em contratar profissionais na área tecnológica.
Além disso, existe uma enorme disparidade entre países em termos de capacidades digitais. “O problema da Europa é que cada país tem uma dinâmica particular”, considerou o sócio da BCG Portugal.
No que respeita à capacitação digital na Europa, “deveria haver uma orientação clara, tal como fazemos para a regulação bancária”, defendeu José Ferreira.
“Porque é que não temos regulação que obrigue os Estados-membros a capacitar a sua população de uma determinada maneira, um conjunto de ‘skills’ [competências] que sejam definidas de uma forma igual para todos”, de modo a “haver economias de escala”, questionou.
De acordo com o estudo, mais de 40% das pessoas sem capacidades digitais estão desempregadas. “Em 2022, 42% das capacidades consideradas essenciais para executar trabalhos existentes” serão diferentes das atuais.
“Os legisladores e a indústria de telecomunicações há muito debateram o papel adequado e as regras que regulam” as empresas do setor na Europa e, enquanto isso, as tecnológicas avançam, grandes empresas armadas com novas tecnologias e startups com modelos de negócio disruptivos desafiam indústrias” há muito estabelecidas e os consumidores abraçam novas formas de fazer as coisas, aponta.
A pandemia de Covid-19 obrigou a uma “redefinição global” na vida de todos e os Estados Unidos e a China continuam “a fazer rápidos progressos” em tecnologias avançadas como inteligência artificial ou computação quântica.
“A Europa precisa de melhorar o seu jogo, tem o ‘know-how’ e os recursos”, mas os governos europeus “não podem enfrentar os desafios sem o apoio e a ajuda do setor privado”, defende o estudo.
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