Banco de Portugal diz que lay-off protegeu emprego da forte queda da economia

No ano passado, as medidas de apoio ao emprego, como o lay-off simplificado, contribuíram para a contenção da descida do emprego (-2%), de acordo com o Banco de Portugal.

O Banco de Portugal estima que “o impacto da pandemia foi muito diferenciado em termos setoriais, mas as medidas de salvaguarda do emprego contribuíram para conter a sua redução em 2%”, um valor que corresponde a “menos de um terço da queda de 6,4% do VAB”. Esta estimativa consta do boletim económico de maio divulgado esta quarta-feira pelo banco central.

Isto é, a queda do emprego foi bem inferior à da quebra registada na economia, uma relação quebrada pela existência de medidas como o lay-off simplificado em que o Estado apoiou significativamente a manutenção dos postos de trabalho. Além disso, as empresas que recorreram a este apoio não podiam despedir esses trabalhadores nos meses seguintes.

“No entanto, observou-se uma diminuição sem precedentes no número de horas efetivamente trabalhadas (9,2%), que se traduziu num aumento da produtividade aparente por hora trabalhada”, acrescentam os economistas do Banco de Portugal. Tal é explicado pelas medidas restritivas implementadas pelo Governo para combater a pandemia, com o fecho de vários setores ou a redução da atividade.

Sobre o mercado de trabalho em 2020, na apresentação do boletim económico de maio, Mário Centeno disse que este foi um “fenómeno” por se ter conseguido reter o emprego com maior antiguidade, o que contrasta com o que aconteceu em 2013 em que houve uma “destruição muito significativa de postos de trabalho com essa característica”. Contudo, no caso dos contratos mais recentes (inferiores a 12 meses), a destruição de emprego foi “muito próxima” à da crise anterior.

“Em 2020 o emprego foi retido nas empresas à custa de um esforço muito significativo das empresas, do Estado e obviamente dos trabalhadores”, afirmou, dando de seguida uma recomendação para o Governo: “Não parece fazer sentido promover uma reafetação de emprego entre setores numa altura em que a economia está a recuperar“, disse.

Mais: “o mercado de trabalho conseguiu pagar mais salários em 2020 do que em 2019”, disse, referindo que nenhum economista, nem o próprio Banco de Portugal, anteciparia esta evolução no início da crise pandémica. “Está no momento de interiorizar o esforço que isto significou para o Estado, para as empresas. O lay-off simplificado não é um almoço grátis. Se não percebermos esse esforço e esse investimento não vamos conseguir perceber como é que a economia portuguesa vai conseguir sair do período difícil que se encontra“, disse na conferência de imprensa.

Mas há um desemprego contido que vai revelar-se agora? Para Centeno esta “não é uma análise muito profunda”. O governador do Banco de Portugal admitiu que haverá um regresso de desempregados à procura de emprego por causa da retirada das restrições relacionadas com a pandemia, sinalizando que a previsão do BdP aponta para um aumento da taxa de desemprego em 2021. Contudo, afastou um descalabro no mercado de trabalho português.

(Notícia atualizada às 12h47 com mais informação)

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