Pioneiros das OTRV recebem hoje “cheque” de 750 milhões
38.630 aforradores que investiram 750 milhões de euros na primeira emissão de todas das OTRV vão receber hoje o "cheque" do IGCP.
Lançadas há cinco anos como “uma nova oportunidade para a sua poupança“, as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) vieram abrir a porta da dívida de longo prazo aos pequenos investidores. Atraíram muitos investidores com os juros elevados que ofereciam, captando milhões de euros das poupanças que agora são devolvidas. O prazo chegou ao fim, é hora do reembolso.
A novidade nos produtos de aforro do Estado levou Cristina Casalinho a ser cautelosa no lançamento da primeira operação de financiamento através das OTRV. Começou nos 350 milhões de euros, mas a forte procura fez disparar a colocação para os 750 milhões. E o sucesso destes títulos, perante os tradicionais Certificados de Aforro ou do Tesouro, ficou patente no resultado final da emissão: a procura superou a oferta em 1,62 vezes.
Foram as taxas que atraíram muitos aforradores para as OTRV. Pagavam bem mais que os certificados, oferecendo à data um prémio de 2,2% acima da Euribor a seis meses que, então, era ainda positiva. Uma rentabilidade bruta elevada, que tinha como referência a yield da dívida nos mercados para a mesma maturidade, os cinco anos, com a vantagem de o investimento mínimo ser de apenas 1.000 euros — mas a desvantagem de ter de pagar comissões aos bancos.
Resultado? 38.630 aforradores. Foi este o número de investidores que confiaram parte das suas poupanças ao IGCP, esperando receber juros de seis em seis meses, e, claro, o investimento total no fim do prazo. A maior parte fez investimentos até dez mil euros, mas houve 46 que aplicaram mais de 500 mil euros.
Todo esse dinheiro vai entrar agora na conta destes investidores. Os cinco anos terminaram, sendo que de acordo com o prospeto publicado à data o dia de liquidação é hoje, 19 de maio de 2021.
Da euforia ao esquecimento
O sucesso da primeira emissão de OTRV, que agora chegou ao fim, levou Cristina Casalinho a repetir a dose. De tempos a tempos, além dos restantes produtos, o IGCP passou a realizar operações de financiamento através destes títulos, passando mesmo a serem detalhados os montantes que se previa captar ano após ano nos Orçamentos do Estado.
Foi assim em 2017, em 2018, mas à medida que os juros da dívida portuguesa foram recuando nos mercados, a atratividade das OTRV foi-se esmorecendo. E chegou ao ponto em que o prémio teria de ser tão baixo que com tantas comissões não seria atrativo para os aforradores. Em 2019 ainda esteve prevista uma operação, mas acabou cancelada. E em 2020, com o país com juros negativos também não houve, tendo desaparecido do programa de financiamento para este ano.
A última operação foi realizada em 2018, na altura já com um prazo mais dilatado, de sete anos, contabilizando-se um total de 7.950 milhões de euros obtidos pelo IGCP com este produto.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Pioneiros das OTRV recebem hoje “cheque” de 750 milhões
{{ noCommentsLabel }}