Pestana compra Madeira Palácio por 45 milhões. Vai transformá-lo em apartamentos e construir um novo hotel

A maior cadeia hoteleira nacional é oficialmente dona do abandonado Madeira Palácio, no Funchal. Vai transformá-lo em apartamentos e construir um novo hotel.

Parado há cerca de uma década, o Hotel Madeira Palácio já tem novo dono. O Grupo Pestana fechou na passada sexta-feira a compra do imóvel com o BCP, tendo desembolsado 45 milhões de euros, revelou ao ECO José Theotónio, CEO da cadeia hoteleira, tal como tinha adiantado anteriormente. O objetivo da cadeia hoteleira é transformar o hotel em apartamentos para vender, mas também construir um novo lado junto ao Pestana Bay.

Foi posto à venda pelo BCP no final do ano passado e, em abril deste ano, já o Grupo Pestana estava na parte de due diligence com o banco. “Fizemos uma proposta, eles [BCP] fizeram uma contraproposta e nós aceitámos”, disse na altura José Theotónio, revelando que em cima da mesa estavam cerca de 45 milhões de euros. O negócio acabou mesmo fechado por esse valor de 45 milhões de euros, adiantou ao ECO o CEO do Grupo Pestana.

O Madeira Palácio tem três componentes e é assim que se distribuem os objetivos do Pestana neste negócio. “Uma parte é o bloco habitacional, que está pronto e que vamos começar a vender”, explica José Theotónio. Outra parte é o hotel em si, que vai ser transformado em apartamentos, também para vender. “Vamos começar a vender as frações imobiliárias e a fazer o projeto para converter o antigo hotel em residencial”, diz ao ECO.

A terceira componente, que será a mais demorada, explicou, passa pela construção de um hotel nos terrenos que fazem deste lote. “Queremos fazer um hotel Pestana para juntar ao Pestana Bay”, revelou o CEO.

O Madeira Palácio é composto por quatro lotes: o hotel propriamente dito, uma zona de apartamentos, um terreno para construção ao lado do Pestana Bay e um lote com habitações em regime de colonia, como explicou em abril ao ECO José Theotónio. “É um regime que só existe na Madeira. As casas estão habitadas e os colonos têm direito de preferência. Se exercerem esse direito, podem comprá-las e pagar diretamente ao banco”. Este foi um dos fatores que influenciou o valor final do negócio.

Hotel Madeira Palácio, no Funchal. Da Lignum, ao Grupo Enotel, passando pelo BCP e acabando nas mãos do Grupo Pestana.Paulo Camacho/Funchal Daily Photo

Este investimento já estava previsto. E acontece depois de o Grupo Pestana ter apresentado prejuízos de 32 milhões de euros em 2020, naquele que foi o primeiro resultado líquido anual negativo em 40 anos. A contribuir para este desempenho esteve, como seria de esperar, a pandemia, que penalizou o negócio de hotéis, fazendo as receitas caírem mais de 75%, num ano em que o turismo esteve em mínimos.

De insolvências a projetos chumbados, hotel acaba nas mãos da banca

Antes de cair nas mãos da banca, o Madeira Palácio passou por várias mãos. Inicialmente pertenceu à Lignum – Investimentos Turísticos da Madeira, controlada pelo Grupo Fibeira. Em 1972, foi inaugurado sob a marca Hilton e, um tempo depois — quando a marca abandonou a Madeira –, passou a ser gerido pelo grupo que operava o Estoril Palácio e o Hotel Lisboa Penta, de acordo com o site Brasilturis.

Em 2001, foi totalmente remodelado, tornando-se no hotel mais luxuoso da Madeira, mas fechou portas em 2007. Em 2014, a Lignum tinha mais de 137 milhões de euros acumulados em dívidas e o BCP (maior credor) requereu a insolvência da empresa nesse ano. Quatro anos depois, em 2018, o hotel foi comprado pelo Grupo Enotel, do empresário Estêvão Neves, por 40 milhões de euros, segundo avançou a RTP nesse ano. Na altura, o objetivo daquele que é um dos mais conhecidos grupos da Madeira era transformá-lo no “Enotel Madeira Palácio”, tendo as obras chegado mesmo a arrancar.

Em 2020, o Enotel deu entrada com um projeto de licenciamento para aumentar em 46% o projeto. Mas, de acordo com o Jornal da Madeira, o projeto acabou por cair por terra depois de o BCP ter rejeitado as condições propostas. Entretanto, em dezembro do ano passado, o Madeira Palácio foi colocado novamente no mercado por mais de 60 milhões de euros, segundo o Diário de Notícias da Madeira. E é aqui que entra o Grupo Pestana.

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