A Bolsa de Viagens arranca esta sexta-feira, na FIL, em Lisboa, e vai durar até domingo. Oferece "promoções exclusivas" para quem quer marcar férias este ano.
Portugal recebe anualmente a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), o maior evento de promoção turística do país, que junta na FIL cerca de 70 mil pessoas. No ano passado, com a pandemia, não houve BTL, e este ano também não. Mas a organização, a Fundação AIP, decidiu criar uma alternativa, juntando no mesmo espaço uma série de operadores turísticos e portugueses à procura de marcar férias.
A Bolsa de Viagens arranca, assim, esta sexta-feira e prolonga-se até domingo, num evento que tem entrada gratuita. Em entrevista ao ECO, o diretor-geral adjunto da Lisboa Feiras, Congressos e Eventos, pertencente à Fundação AIP, adianta que haverá “promoções exclusivas”, num ano em que se pretende enaltecer Portugal enquanto destino turístico. Para 2022 as certezas do regresso da BTL são maiores, num ano em que Pedro Braga acredita que haverá “um explodir do setor novamente” e uma BTL seguramente maior.
A BTL foi adiada, mas vai acontecer a Bolsa de Viagens. Qual é a diferença?
Infelizmente, pelo segundo ano consecutivo, tivemos de adiar a BTL, o maior evento de promoção do turismo em Portugal. Mas, obviamente, essa decisão prendeu-se essencialmente com duas razões. A primeira tem a ver com as sérias restrições de tráfego internacional que continua a haver e que, portanto, prejudicariam toda a componente internacional da BTL. A segunda razão, obviamente, tem a ver com o plano de desconfinamento que foi apresentado pelo Governo e que apenas veio permitir a realização deste tipo de eventos numa altura do calendário que não era compatível com um evento como a BTL.
Então qual é a grande diferença? Desde logo é preciso contextualizar as coisas e perceber que a Bolsa de Viagens pretende atingir o mesmo objetivo: contribuir para o desenvolvimento do turismo nacional, sendo que, obviamente, no atual contexto, vamos ter uma Bolsa de Viagens com características muito distintas. Sobretudo porque se foca, essencialmente, na venda direta ao consumidor final, essencialmente o turista português. É aquele que entendemos que terá melhores condições este ano de usufruir de todas as diferentes opções de importantíssima qualidade que o nosso país tem e que vão, de alguma forma, contribuir para um acelerador da retoma deste setor, que tão fustigado tem sido nos últimos 15 meses.
Se o propósito é o mesmo, podemos assumir que a Bolsa de Viagens é uma “mini BTL”?
Eu não gostava de fazer uma comparação. Obviamente que, se virmos em termos de dimensão, é substancialmente mais pequena. Longe de nós querermos comparar a Bolsa de Viagens com a BTL. Agora, pretende é, face às circunstâncias que temos, responder num determinado tempo e num determinado quadro, em termos de contribuinte ativo para a promoção do turismo nacional, com uma resposta imediata.
Tivemos de promover este evento num curto espaço de tempo — foi cerca de um mês. E sabemos que o mercado neste setor está, obviamente, impactado do ponto de vista económico, que coloca muitíssimas limitações na hora de as empresas decidirem participar neste evento. E foi muito surpreendente, apesar de todo este contexto de dificuldade, a resposta muito positiva que tivemos, tanto por parte de muitos municípios como de muitas empresas.
Contrariamente ao que acontece numa BTL (…) [os municípios] estão, de alguma forma, a fazer de business angels dos operadores, a trazê-los à feira e a dar-lhes condições de retomarem, de alguma forma, a sua atividade.
Dito de outra forma, os municípios perceberam que tinham uma responsabilidade de ajudar a contribuir para desenvolver e recuperar as economias locais, nomeadamente quando estamos a falar do contexto do turismo. Portanto, contrariamente ao que acontece numa BTL, em que vêm fazer uma promoção mais institucional dos seus próprios concelhos, neste evento perceberam que fazia sentido trazer a oferta turística que têm nos seus territórios. Estão a trazer unidades hoteleiras, empresas de animação, operadores turísticas, etc. Portanto, estão, de alguma forma, a fazer de business angels desses operadores, a trazê-los à feira e a dar-lhes condições de retomarem, de alguma forma, a sua atividade, numa altura em que as tesourarias destas empresas estão absolutamente alteradas.
E consciente disso, a Fundação AIP decidiu prescindir, basicamente, do portefólio de preços que está subjacente aos serviços que nós desenvolvemos, e fazer um evento com características diferentes: desde logo não há bilhética, ou seja, a entrada é livre, de forma a incentivar o público em geral a regressar com segurança e a retomar a confiança de perceberam que brevemente, já este verão, vão poder desfrutar em segurança de uma panóplia de destinos, sobretudo nacionais.
Entre os expositores mais conhecidos estão o Grupo Pestana, Vila Galé, Nau e Top Atlântico. Ficaram de fora muitos dos que costumam marcar presença. Porquê?
Nós tentamos ser sempre o mais abrangentes possível e fizemos contactos com a maioria dos operadores e empresas do mercado. Nas cadeias de hotéis temos, como referiu, o Grupo Pestana, o Grupo Vila Galé e o Grupo Nau, mas também o Hotel Luna, e depois temos um conjunto de unidades hoteleiras que vêm integradas nas participações dos municípios.
Sábado é o dia mais esperado para receber pessoas. Quantas pessoas é que se esperam na Bolsa de Viagens?
O nosso pré registo permite perceber que o sábado é, realmente, o dia que está a ter mais adesão e está quase esgotado. A sexta-feira também está com uma procura muito forte e eu tenho a certeza que se tivermos de fechar as inscrições de sexta-feira e do sábado, tenho a certeza que o domingo vai ficar praticamente esgotado. Temos um plano de contingência e segurança que nos permite ter cerca de 3.400 pessoas ao mesmo tempo dentro do espaço.
Num ano normal a BTL recebe quantas pessoas?
Numa edição normal entre cerca de 69 mil a 70 mil pessoas, mas são públicos um bocadinho distintos. Os primeiros dias da BTL estão reservados a profissionais, o público começa a vir a partir de sexta-feira à tarde e a venda ao público acontece mais no sábado e no domingo. O que vamos fazer é ter essa componente que se realiza na BTL ao sábado e ao domingo na Bolsa de Viagens e realizá-la durante sexta-feira, sábado e domingo. Obviamente numa escala mais pequena que a da BTL, mas ainda assim vamos ter uma oferta muito diversificada, onde os consumidores vão poder encontrar alternativas muito válidas para aquilo que eventualmente estão a procurar para as suas férias.
O foco são, sobretudo, os portugueses, mas e em termos de destinos? O foco é Portugal ou também há opções no estrangeiro?
As restrições de tráfego internacional que há pouco referi também se repercutem ao nível dos expositores. Não é fácil hoje contar com um grande número de expositores internacionais. Mas conseguimos contar com a presença de São Tomé e Príncipe, em bom rigor, porque têm uma representação no nosso país. Estão cá instalados e, portanto, em termos de presença internacional, São Tomé e Príncipe é o destino internacional que temos confirmado e depois temos, através dos operadores, um conjunto de outras ofertas para destinos mais longínquos, mas que não tem a ver com uma presença institucional direta desses destinos na feira, como costuma acontecer na BTL.
Há muitas pessoas que preferem uma opção de destino de maior proximidade porque, obviamente, se sentem mais seguras e acham que o processo é menos complicado.
Há muitas pessoas que esperam pela BTL, neste caso pela Bolsa de Viagens, para marcar as férias ou muitas vão por curiosidade e acabam por reservar no evento?
Nestas coisas é inevitável que as duas coisas andem de mãos dadas. Mas aquilo que percebemos é que todos nós já estamos muito desejosos de poder voltar — não de forma imediata ao normal que conhecíamos antes desta pandemia –, mas que sejam restabelecidas as condições mínimas para viajar, seja para mais perto ou para mais longe. Mas eu acho que está no subconsciente das pessoas que viajar na essência tem de ser um momento de desfrutar e relaxar. Portanto, considero que no subconsciente de muitos portugueses está a inevitabilidade de perceberem que viajar em contexto internacional ainda tem muitas limitações. Há muitas pessoas que preferem uma opção de destino de maior proximidade porque, obviamente, se sentem mais seguras e acham que o processo é menos complicado.
Em termos financeiros, acaba por ser mais vantajoso marcar férias através de uma Bolsa de Viagens ou através dos métodos tradicionais?
Não promovemos destinos em particular nem temos oferta. O que fazemos é promover essa oferta. Mas sei, obviamente, que haverá promoções exclusivas que se vão realizar durante a Bolsa de Viagens e que, em temos muito próximo, vão ser anunciadas pelos operadores. Agora, este é o seu timming e eles é que decidem quando querem colocar essas ofertas. Mas o que eu posso dizer por antecipação é que os operadores vão colocar na Bolsa de Viagens um conjunto de ofertas muito tentadoras e que seguramente vão captar a atenção dos visitantes.
Então podemos esperar preços em conta?
Acho que podemos encontrar seguramente boas oportunidades, em termos de preço, mas também em termos de alternativas àquilo a que muito de nós estamos habituados. Se calhar estamos habituados a considerar destinos diferentes daqueles que agora vão merecer a nossa atenção. E há tantos e com tanta qualidade no nosso país que se calhar às vezes é uma questão de juntar o momento com a oportunidade.
Nós temos uma elevadíssima qualidade na oferta e muitas vezes isso não é assim tão percetível porque, em bom rigor, precisamos muito de promover o nosso turismo internacionalmente e dos turistas internacionais a virem e desfrutarem do destino Portugal. Mas neste momento acho que vamos ter aqui uma nova oportunidade de os portugueses poderem apreciar — se calhar não tão sujeitos à pressão que habitualmente temos, porque Portugal é um destino muito procurado — um conjunto de ofertas no nosso território que, se calhar, não mereciam antes a nossa atenção e agora vão merecer e com frutos a médio e longo prazo.
Qual foi o investimento feito na Bolsa de Viagens?
O investimento não está fechado e, basicamente, tem muito a ver com os custos associados à promoção do evento e à utilização das instalações. Não queria entrar em detalhes sobre os números, posso apenas dizer que do lado da Fundação AIP e no que respeita à participação dos expositores, e ao custo normal que está associado à participação nos nossos eventos e feiras, está a haver um esforço financeiro muito grande.
Tenho a certeza que a BTL de 2022 vai ser em linha com a qualidade que temos demonstrado nos últimos anos. (…) Estou convencido que em termos de dimensão teremos uma BTL provavelmente ainda maior do que a edição de 2019.
O que podemos esperar da BTL em 2022? Será algo mais parecido com 2019 ou ainda será a meio gás?
Vou ter o atrevimento de dizer que espero ter uma BTL em linha com a ambição que conseguimos mostrar em 2019, que foi a edição que consolidou um processo de crescimento que já vinha desde 2015. Mas também me lembro no ano passado, quando tivemos de adiar a BTL, achar que passado um ano iria ocorrer normalmente.
Hoje acho — por razões que nos trazem alguma segurança — que estamos todos muito mais otimistas e temos todos uma luz ao fundo do túnel mais visível e em que acreditamos mais. E isso leva-nos a ter o atrevimento de poder dizer que vamos ter uma edição em 2022 que vai, de alguma forma, ser um explodir do setor novamente. De outra forma, acho que em 2022 vamos ter de fazer todos um grande esforço para continuar a mostrar a qualidade que estava subjacente na oferta turística, mas também vamos ter todos de ter a capacidade de acelerar o passo e recuperar o tempo perdido destes meses todos. Portanto, tenho a certeza que a BTL de 2022 vai ser em linha com a qualidade que temos demonstrado nos últimos anos e que tem servido de montra da oferta turística nacional em termos internacionais e estou convencido que em termos de dimensão teremos uma BTL provavelmente ainda maior do que a edição de 2019.
Quando é que acha que o turismo voltará aos níveis de 2019?
Todos lemos muitas coisas e ouvimos muitas opiniões e certezas que eu acho que nenhum de nós tem. Há aqui um conjunto de fatores que deverão ser determinantes para a rapidez que o setor possa retomar, nomeadamente a componente do setor da aviação. Como todos antecipamos e percebemos, tudo o que se vier a passar em termos de evolução do mercado da aviação é determinante em termos da oferta para poder trazer fluxos de turistas para o nosso país. Não é indiferente o que será a evolução da situação da TAP que, obviamente, desempenha aqui um papel fundamental, mas que neste momento também é uma preocupação. Portanto, temos de perceber como é que tudo se desenvolve e qual é o desfecho de toda esta situação.
Mas quero acreditar que este é um setor resiliente, em que os empresários têm demonstrado uma grande capacidade para superar dificuldades e consolidar processos de crescimento nos últimos anos, e tenho a certeza que havendo mercado e clientes, eles vão ser os primeiros a mostrar em 2022 que o setor está pronto e firmemente determinado em conseguir consolidar o caminho da retoma.
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Bolsa de Viagens quer pôr portugueses a visitar o país com “promoções exclusivas”
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